Um dos pioneiros na atividade na capital mineira, Max Miller Ladeira, dono do Restaurante Go Pasta, vai logo avisando que além da disposição de conduzir o próprio negócio sobre rodas, é preciso desenvolver controles afiados para lidar com alimentos que vão deteriorar mais rapidamente, a higiene adequada a uma cozinha exposta a todo momento ao olhos do cliente e a manutenção constante, e inclusive preventiva, do veículo.
“O food truck é um restaurante que anda, mas não tem a mesma autonomia. É preciso ter foco e foco bem definido”, afirma. O Go Pasta surgiu como opção a uma filial da casa que Max Ladeira mantém na Savassi, Zona Sul de BH, e, de fato, deu novo gás ao negócio. O minicaminhão adaptado percorre cinco locais da cidade de segundas a sexta-feira e serve a eventos aos sábados e domingos, sob o comando do próprio dono.
Não há, ainda, legislação regulamentadora da atividade. No Go Pasta são servidos dois tipos de massas frescas fabricadas no próprio carro, em equipamento importado da Itália, e quatro molhos à escolha do consumidor. A cada 1min40, a entrega é de oito pratos. O número de refeições pode chegar a uma centena por dia.
Detalhes Se o custo do negócio costuma ser 70% inferior ao de um restaurante, exige um exercício constante de organização e padronização, sem o apoio do primo estabelecido. “Na rua só se sobrevive vendendo uma comida rápida, generosa e sem firula, mas de boa qualidade e com preço justo (em geral a 20% a 30% menor do que aquele oferecido nas lojas)”, afirma Max Ladeira. Ele observa, ainda, que em pouco tempo depois da fase de abertura e conquista de clientes, o empreendedor precisará montar um local para o preparo inicial das refeições. Os carros têm de ser equipados com freezer, mas é bom lembrar que não há espaço para formar estoque de mercadorias.
O orçamento, dependendo, é claro, da ideia, pode variar de R$ 50 mil a R$ 200 mil na compra e adaptação do veículo. Max Ladeira leva o carro, que é novo, a cada dois meses à revisão, com gastos de R$ 200. São necessárias licenças de órgão da administração municipal de vigilância sanitária, da BHTrans, do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), e, ao final do processo de obtenção, que pode demorar cerca de 30 dias, o alvará do governo municipal. As boas práticas de higiene são um capítulo à parte. “A sua cozinha estará na cara do cliente e a comida deteriora mais rapidamente”, alerta o dono do Go Pasta.
Pipoca gourmet
Se tamanho fosse documento, a assistente financeira Camila Cristina Souza Michel, de 26 anos, nem sequer teria colocado em prática o projeto de renovação de uma das receitas mais simples da culinária, a da pipoca, que ela transformou em ingrediente gourmet num carrinho incrementado já conhecido na Savassi, em BH. Com identidade visual própria, ela e o noivo, Mateus Henrique Rodrigues da Silva, um eletricista de 29, conduzem cada um o seu equipamento, oferecendo a velha conhecida em seis versões inusitadas, incluindo chocolate trufado, canastra com orégano, limão siciliano com pimenta e rapadura com limão e gengibre.
A ideia foi implementada em novembro do ano passado e, agora, a pretensão dos sócios da M&C Foods é chegar ao segmento dos food trucks. “Pesquisamos e desenvolvemos as receitas, nos qualificamos e passamos a trabalhar melhor a divulgação do produto”, afirma Camila Michel. O investimento foi de R$ 5 mil em cada carrinho e nos utensílios. Nos fins de semana, a dupla trabalha em eventos infantis e confraternizações de empresas.