Jornal Estado de Minas

MUNDIAL FEMININO

Segunda chance de título



Sofia Cunha *

A Seleção Brasileira Feminina de futebol inicia, na próxima segunda-feira, a luta pelo inédito título da Copa do Mundo. Pela primeira vez, o comando da equipe, em Mundial, está nas mãos de uma mulher: a sueca Pia Sundhage.





Ex-jogadora de 63 anos, ela nasceu em Ulricehamn, em fevereiro de 1960. Como treinadora, Pia conquistou duas Olimpíadas pelos EUA e chegou à Seleção Brasileira em 2019. O bicampeonato olímpico com as norte-americanas é o maior feito da sueca como treinadora.

A participação dela no cenário do futebol começou como atacante. Pia vestiu as cores de times suecos e da Lazio, da Itália, entre 1978 e 1996. Também atuou pela Seleção de seu país: esteve nas Copas de 1991 e de 1995, e na Olimpíada de Atlanta'1996.

Como jogadora de clubes, Pia venceu o Campeonato Sueco de futebol feminino e a Copa da Suécia quatro vezes. Além disso, foi uma das principais artilheiras da seleção nórdica – marcou 71 gols em 144 jogos.





Pia se aposentou dos gramados em 1996 e, apesar das conquistas, os ‘anos dourados’ dela no futebol foram como treinadora. A carreira na beirada do campo começou como auxiliar, logo após se retirar como jogadora.

O primeiro trabalho como técnica foi em 2003, quando comandou o Boston Breakers, time feminino dos EUA. Depois, passou pelo Kolbotn, da Noruega, e pelo Karlslunds Örebro, da Suécia, antes de chegar a uma seleção.

Já em um selecionado nacional, a primeira experiência de Pia foi na China. Lá, trabalhou como auxiliar técnica da seleção principal em 2007. Um ano depois, chegou ao comando dos Estados Unidos.





Com as estadunidenses, Pia Sundhage teve o melhor desempenho da carreira. Logo na primeira temporada, conquistou a Olimpíada de 2008, em Pequim, na China.

Em 2011, os EUA perderam a final da Copa para o Japão, nos pênaltis. Mesmo assim, a sueca seguiu no comando e, um ano depois, venceu os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, na Inglaterra. Nesse ano, a sueca foi eleita a melhor treinadora pela Fifa.

A segunda conquista olímpica foi a despedida de Pia dos EUA. Ainda em 2012, a treinadora recebeu proposta da Suécia e decidiu comandar a seleção de seu país. Por lá, levou a equipe ao vice-campeonato da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, Pia deixou o cargo após ser eliminada da Eurocopa.

No Brasil

Após dois anos sob o comando da Seleção Sub-16 dos EUA, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a contratação de Pia. Pela primeira vez, uma estrangeira assumia o comando da Seleção Brasileira Feminina.





Ela foi a escolhida para substituir o ex-técnico Vadão, que foi demitido pelo desempenho do Brasil na Copa do Mundo de 2019 – o time foi eliminado pela França, por 2 a 1, nas oitavas de final.

Na Olimpíada de Tóquio, em 2021, o Brasil caiu nas quartas de final para o Canadá, nos pênaltis. Pela terceira vez consecutiva, o país não subiu ao pódio na competição.

Apesar da derrota, Pia Sundhage seguiu na Seleção por causa de todas as mudanças que promoveu no futebol brasileiro. Em julho do ano passado, venceu a Copa América, o primeiro e único título desde que chegou.

Mudanças no time

Neste ano, a Seleção Brasileira obteve resultados importantes que indicam evolução. Pela Finalíssima (uma das iniciativas de intercâmbio firmadas entre Uefa e Conmebol para aproximar as entidades), o Brasil perdeu para a Inglaterra (quarta colocada no ranking da Fifa) nos pênaltis, depois do empate por 1 a 1 no tempo normal. Apesar da derrota nas penalidades, a atuação nos 90 minutos animou os torcedores. Na sequência, o Brasil encarou a Alemanha, segunda no ranking, em amistoso, ganhando por 2 a 1.





A Seleção Brasileira ocupa a oitava posição no ranking da Fifa. Em 2018, antes da chegada da treinadora, era a 10ª colocada.

Dentro de campo, é possível notar organização e, principalmente, renovação. E não só isso. O trabalho de Pia Sundhage é perceptível para além das quatro linhas.

Desde que chegou, ela promoveu mudanças estruturais – exigiu mais mulheres na comissão técnica e na própria CBF, integrou os trabalhos de base da Seleção, além de outros procedimentos rotineiros, como apresentar a importância de psicólogos.

Pia também participa de reuniões que discutem o desenvolvimento do futebol feminino e luta em prol da igualdade de pagamentos.

* Estagiária, sob supervisão da subeditora Kelen Cristina

Enquanto isso...




Premiação questionada

A Copa do Mundo feminina começa nesta quinta-feira, e apesar de as jogadoras já terem avançado em diversos sentidos de igualdade com os homens no esporte, a questão financeira segue sendo um ponto de diferença. A seleção australiana fez uma cobrança à Fifa sobre a premiação destinada às mulheres no Mundial. A ação aconteceu por meio de um vídeo institucional das atletas. A premiação do torneio chega aos R$ 529 milhões, enquanto o disputado no final do ano passado pelos homens, no Catar, rendeu R$ 1,8 bilhão. A informação é da "Sky Sports". Na federação australiana, as jogadoras vão receber os mesmos prêmios do que os homens, que caíram na fase oitavas de final na Copa do Mundo de 2022.