Samuel Resende e Manu Meg
A estreia oficial do Atlético na Arena MRV, ontem, apresentou poucos problemas em relação à parte de infraestrutura. De modo geral, os torcedores tiveram uma experiência agradável, com alguns pontos que precisam ser ajustados para os próximos jogos, mas alguns pontos precisam melhorar para as próximas partidas.
Em um estádio que se denomina o mais tecnológico da América Latina, a internet talvez tenha sido o maior problema antes do início do jogo. Poucos torcedores conseguiram acesso à rede com livre acesso. Em alguns pontos da arquibancada, não era possível conectar nem mesmo o 4G antes de a bola rolar.
A situação foi a mesma na rede destinada aos jornalistas, que ficou fora do ar por um longo tempo e só voltou a funcionar faltando poucos minutos para o jogo começar. Apesar disso, a velocidade atingida foi alta. CEO do estádio e do Atlético, Bruno Muzzi confirmou que uma das provedoras caiu pela grande demanda, mas prometeu avanço neste aspecto.
“É verdade. A gente tá com 60, 70% da internet instalada, ainda faltam alguns pontos. Ontem (sábado) estava funcionando perfeitamente. Hoje quando atingimos 40% [de acesso] uma das provedoras caiu. Vamos descobrir a causa raiz para melhorar para o próximo”, garantiu Muzzi.
Imprensa Uma outra questão que atingiu torcedores e também os jornalistas que cobriram a partida foi a falta de lugares na tribuna de imprensa. Com a alta demanda, houve necessidade de buscar mesas, e havia pouco espaço para aqueles que precisavam digitar no notebook.
A visibilidade dos jornalistas é ligeiramente comprometida. Uma das partes laterais do gramado é vista com dificuldades.
De toda forma, a impressão deixada na primeira experiência oficial na Arena MRV é que, em jogos comuns, o setor de imprensa será capaz de abrigar a demanda dos jornalistas. Cadeiras e mesas são confortáveis. Diferentemente do Mineirão e outros estádios, a imprensa tem acesso às arquibancadas, o que facilita a cobertura.
Trânsito e acesso A maioria dos torcedores não teve problema para acessar o estacionamento e entrar no estádio pelas catracas. O trânsito também não foi dos piores, mas teve picos de grande fluxo em algumas vias. A 2 km de distância da Arena MRV, a Via Expressa já apresentou os efeitos colaterais do primeiro jogo oficial do Galo no novo estádio com um significativo congestionamento.
A equipe de reportagem do No Ataque, site de esporte do Estado de Minas, chegou às imediações do estádio por volta de 13h, pela Via Expressa. Antes mesmo do encontro com o Anel Rodoviário, a movimentação no trecho já era bastante intensa, e a velocidade dos automóveis não passava de 30 km/h, o que também ocorre nas principais vias de acesso do Mineirão, e outros estádios do país, em dias de jogos de mais peso.
Nas vias de acesso mais diretas ao bairro Califórnia, o trânsito era um pouco menos intenso. A chegada ao estádio fluía de maneira tranquila.
Algumas ruas próximas à Arena MRV estavam inteiramente bloqueadas (caso da Rua Oswaldo Cardoso) ou trechos inacessíveis. Os locais eram fluxo de muitas pessoas que optavam por passar a pé nesses locais. Ainda assim, o trânsito fluiu de acordo com uma demanda natural de um jogo em Belo Horizonte. Vale ressaltar, no entanto, que o estádio recebeu apenas 30 mil torcedores, e não a capacidade máxima de 44 mil.
Venda de alimentos precária Outro ponto que precisa, e deve, ser melhorado dentro da Arena MRV é a venda de alimentos e bebidas. Em diversos pontos do estádio foi possível observar longas filas para comprar as fichas. Das duas, uma, ou existiam poucas caixas móveis ou o processo apresentava lentidão.
Apesar disso, os bares aguentaram a demanda até o início do jogo. Outro ponto positivo é que não houve reclamações em relação às condições das comidas, como temperatura e diversificação.
Em relação aos banheiros do novo estádio, a reportagem entrou em diversos deles e não encontrou problemas. Os locais estavam limpos, com espaço de sobra e reposição de papel.
Avaliação de torcedores Andrea Lana, de 48 anos, fez elogios à logística no estádio. A única ressalva foi em relação à quantidade de ‘caixas-móvel’.
“Viemos de táxi, para ver como ia ser no primeiro dia. Foi tranquilo, o acesso também. Alimentação e bebida estão ótimas, mas precisa de mais gente para vender. Na hora de receber está tranquilo. Banheiro excelente. E a internet não consegui entrar”, afirmou.
Já Rodrigo de Lima, 43 anos, foi um pouco mais crítico e também citou a demora na compra de alimentos e bebidas. Além disso, ele falou sobre o fluxo das catracas.
“É a terceira vez que venho. O que eu estou sentindo é a mesma dificuldade dos outros dias. Demora na compra, na própria entrega do alimento e da bebida. A logística está ruim. O sabor está bom, mas pode melhorar. Banheiro excelente. Internet horrível. O acesso, eu vim de carro tranquilamente, estacionamento tranquilo, mas o fluxo nas catracas pode melhorar”, disse.
“Flanelinhas” fazem a festa
Muitos dos cerca de 30 mil torcedores que compareceram ontem à Arena MRV estacionaram seus veículos nos arredores do novo estádio do Atlético. Os “flanelinhas”, claro, marcaram presença, cobrando de R$ 20 a R$ 30 pelas vagas nas ruas adjacentes ao estádio. Aqueles que buscavam estacionamentos “informais”, também próximos ao local do jogo, tiveram que desembolsar cerca de R$ 50.
Os preços encareceram, e muito, a presença de atleticanos no primeiro jogo oficial da Arena MRV. De toda forma, a prioridade da maioria dos torcedores que conversaram com a reportagem era chegar rapidamente ao estádio.
Um dos “flanelinhas” que cobravam R$ 50 denominou o local de “Estacionamento da Massa”. Algumas áreas de estacionamento estavam localizadas a cerca de 1,5km do estádio. Outras, a 2km.
Ou seja, os torcedores que optaram por estacionar os carros nesses estabelecimentos ainda precisaram andar pelo menos de 15 a 20 minutos. O curioso é que a Arena MRV cobra R$ 40 por carro no estacionamento próprio. São 2.300 vagas disponíveis.
A maioria dos torcedores no futebol brasileiro gosta daquela ‘resenha’ ao redor do estádio antes dos jogos. E ontem não foi diferente Fora do estádio, é possível dizer que os valores tiveram grande variação de preços de um comércio a outro, incluindo os food trucks. As opções também eram variadas, de espetinhos até espaguete, além de cervejas de várias marcas e refrigerantes.
Os pratos mais bem servidos custavam entre R$ 15 e R$ 20. Já as bebidas ficaram entre R$ 7 e R$ 10. Ou seja, os torcedores que consumiram fora do estádio gastaram ao menos R$ 25.
Os preços médios dos alimentos praticados no entorno da Arena MRV são os seguintes: cachorro-quente (R$ 9 a R$ 10), feijão-tropeiro (R$ 15 a R$ 20), pão com pernil (R$ 13), macarrão na chapa (R$ 15), espaguete (R$ 20), Espetinho (R$ 8). Já as bebidas, latão de cerveja (R$ 7 a R$ 10) e águas, sucos e refrigerantes (R$ 5 a R$ 7)
A torcida pôde contar com algumas opções nos bares. Hambúrgueres e pizzas custam de R$ 16 a R$ 32, enquanto petiscos como fritas, pão de queijo e coxinhas vão de R$ 16 a R$ 28. Em relação às bebidas, os atleticanos tiveram que desembolsar de R$ 8 a R$ 12 para obter refrigerantes ou cervejas.
Famoso tropeiro Uma das comidas mais típicas de Minas Gerais, o tropeiro, como era de se esperar, também está presente na Arena MRV e muitos torcedores do Atlético puderam ontem, pela primeira vez, experimentar a iguaria no estádio do Galo.
A reportagem escutou diferentes avaliações entre os atleticanos. Alguns acharam o “prato” muito bom, enquanto outros apontaram defeitos. Dois senhores gostaram muito da refeição. “Está ótimo, muito bom, uma beleza. Só a atendente que não está muito rápida (risos)”, disse Raimundo Gonçalves, de 67 anos. “Tropeiro é bom, dá para suprir a ‘fome da população’. Nada a reclamar”, brincou Luis Batista, de 71 anos.
Por outro lado, teve torcedor insatisfeito. “É bom, mas o do Mineirão é melhor. A quantidade é ok, mas o arroz está um pouco empapado e o ovo seco”, afirmou um deles. Alguns atleticanos também criticaram alguns pratos “com muito arroz e pouco feijão” e “feijão um pouco velho”. O feijão tropeiro da Arena MRV custa R$ 26 e é comercializado no bar da Dona Alice.
Acessibilidade aprovada
O cadeirante Ronaldo Bur (cadeirante) aprovou a experiência de assistir ao primeiro jogo oficial da Arena MRV no espaço reservado a pessoas com deficiência física. “O sonho de todo mundo é ter uma casa nova. Ou seja, quando você casa, você quer uma casa. E o Atlético é um casamento, uma paixão eterna. Casa perfeita, ainda mais com a vitória. Tudo perfeito. O clima de festa me lembrou 2021. Indescritível. A parte viária, o Elevado da Massa, tem que fazer alguns reparos, porque tem umas brechas, e isso é perigoso. A acessibilidade é perfeita. Muitas coisas foram aprendidas com erros do Independência e do Mineirão.”