Se depender de Manoel Bernardes, os acessórios serão protagonistas. Desde que assumiu o comando do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias (Sindijoias) de Minas Gerais, o empresário direciona as ações para colocar joias, pedras e bijuterias no centro da moda. Responsável por dar visibilidade ao setor na passarela do Minas Trend, ele anuncia novas frentes para este ano, como a reformulação da escola de joalheria do Senai Modatec.
Há quase três anos no comando do Sindijoias-MG, Bernardes destaca os esforços para garantir uma gestão equilibrada entre todas as áreas. Apesar do nome, o sindicato não contempla apenas empresas que trabalham com joias, mas também bijuterias e gemas (pedras preciosas). “Isso exige jogo de cintura e uma visão mais integrada do segmento. Estamos distribuindo todas as ações e recursos baseados nessa perspectiva”, informa o presidente.
Na área comercial, além de buscar novos mercados, uma das estratégias é apoiar a participação das empresas em feiras nacionais e internacionais. Para o segmento de joias, as vendas se concentram na Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins (Feninjer), em São Paulo, que começa amanhã e vai até quinta-feira. O setor de gemas precisa ir mais longe para encontrar compradores e marca presença em Hong Kong e nos Estados Unidos.
A iniciativa de organizar desfiles coletivos no Minas Trend acabou dando visibilidade a todo o setor. “Lutamos o tempo todo para não ser coadjuvantes.” Na última edição, eles inovaram ao fazer a curadoria das marcas de acessórios que participaram da apresentação do estado de Alagoas. Os desfiles já ocorrem há três edições e já está confirmado para a próxima.
Fora da passarela, a ideia é continuar com o propósito de incrementar o salão de negócios do Minas Trend, já consolidado como a maior feira de bijuterias do Brasil. Afinal, o objetivo principal é vender. A ação já mostra resultados concretos, como o aumento de 25 para 80 expositores de todo o Brasil. Como a curadoria não fica limitada a Minas, 55 são de fora, principalmente de São Paulo. Dessa forma, o setor de bijuterias ganhou mais espaço que o de calçados e fica atrás apenas do vestuário.
Em toda edição do Minas Trend, o sindicato reserva espaço para que novos talentos exponham os seus produtos. Com eles, sempre vêm novidades, sejam materiais ou formas. “É muito importante rejuvenescer a imagem do salão, por isso ele tem que ser um pouco disruptivo. O comprador nem sempre se interessa pela novidade, mas precisa ter a ideia de inovação para comprar”, aponta. Existe um projeto de oferecer treinamento para preparar esses novatos para as feiras.
Sobre exportação, o presidente do Sindijoias-MG diz o volume ainda é pouco significativo. Isso se justifica pela dificuldade das empresas para se estruturar para dar um passo tão largo. “Para exportar, você tem que falar de marca, fornecedores estáveis, controle de qualidade e as empresas se deparam todos os dias com problemas mais urgentes”, analisa
.COMPETITIVIDADE Desde que assumiu a gestão, Bernardes tem investido mais em capacitação. “É uma questão de competitividade.
A aposta em inovação é uma forma de vencer o maior desafio do setor, segundo Bernardes, que é conseguir competir com os importados (muitos, inclusive, são contrabandeados). “Só vamos ganhar pela diferenciação, e não pelo preço. O produto da China vai ser sempre mais barato, por isso temos que investir em design. É um trabalho de persistência”, analisa.
O programa de capacitação também prevê cursos oferecidos em parceria com o Sebrae em diversas áreas, entre elas análise financeira, comunicação e vendas, assim como consultorias in loco. O presidente do sindicato ainda destaca o Projeto Identidade, de três anos de duração, que ajudou empresas de joias e bijuterias a desenvolver produtos. A expectativa é lançar mais uma edição, desta vez para o segmento de gemas, que é totalmente voltado para o mercado externo.