Rosa, para sempre Rosa
Grife Chanel abre temporada pós-epidemia com coleção leve e colorida
Adeus, Capri. A grife Chanel não pôde realizar na ilha italiana o lançamento de sua coleção croisière no último 7 de maio. O desfile foi cancelado por causa da pandemia mundial e só pôde ser mostrado no último dia 8, com outro título: Balada no Mediterrâneo. O resultado da mudança foram modelos menores, mais leves, e apenas 50, em lugar dos 70 que são habitualmente propostos. Virginie Viard, a criadora que substitui Karl Lagerfeld depois de sua morte, em fevereiro do ano passado, imaginou uma coleção “pensada em peças Chanel fáceis de serem colocadas em uma mala. Como um maiô bordado, uma saia de musseline, um par de espadrilhas”. Todos os modelos foram criados depois da crise provocada pelo coronavírus. Ela explicou também que os modelos foram idealizados através de videoconferência, porque era necessário manter a “máquina” em funcionamento, diminuindo a apreensão dos fornecedores e artesãos. “Não sabemos como nossa atividade vai ser retomada, não sabemos muita coisa, apenas corremos contra a catástrofe”.
Um pouco de história
O lançamento foi mais do que importante, porque o mundo dos estilistas de alta-costura de Paris continuam lembrando a figura Gabrielle, Coco Chanel ou simplesmente Mademoiselle, como ficou conhecida uma moça pobre, que faleceu em fevereiro de 1971, no Hotel Ritz, onde morava. Ela era tão pobre que foi trabalhar como doméstica em um orfanato religioso, Obazine, para poder ter onde morar e estudar. De lá foi levada para um educandário em Moulins, onde as moças de boa família aprendiam a cuidar de uma casa. Fazia o mesmo, para pagar o estudo. Seu apelido, Coco, surgiu quando começou a cantar em um café, Qui a vu Coco dans l'Trocadero. Conheceu ali um jovem oficial, Etienne Balsan, que a levou a morar em um castelo. Encantava os frequentadores com a simplicidade de suas roupas. Foi então para Paris com um socialite da alta roda, Boy Chapel, quando então começou a trabalhar como modista. Comprava chapéus nas Galerias Lafayette, que costumizava e vendia.
Começou com apenas cinco – depois não tinha mãos a medir. Ao passar uma temporada em Deauville, decidiu abrir uma butique. Foi uma verdadeira intuição, porque por causa da guerra as mulheres ricas e chiques estavam também lá em busca de roupas novas, novidades.
A partir dai não parou mais, usava tecidos pouco comuns na época, como o jérsei, que era barato, o tweed, que conheceu na Inglaterra e se transformou em uma de suas marcas re- gistradas. Musseline e renda apareceram em suas criações para a noite. Depois, uma viagem à Rússia, onde lançou sua linha de bijuterias, com muitas pérolas e pedras coloridas.
Tempos depois, elas se transformaram em joias preciosas, que aparecem de vez em quando em fantásticas exposições em Paris. Tentando esconder sua origem humilde, Chanel conseguiu, por sua personalidade e inteligência, tornar-se uma figura de grande destaque mundial, cercada sempre por certo mistério. Destruía ícones, não suportava igualdades. Sua marca reviveu depois de sua morte, quando passou para as mãos de Lagerfelg, que, como ela, só acreditava em novidades. Ele não seguia a tendência Chanel, e depois que morreu, o estilo criado pela icônica Mademoiselle sumiu de vez das passarelas.
TENDÊNCIAS LANÇADAS
Tons de rosa bebê fazem parceria com o branco total na coleção. O preto também aparece, em peças bem esportivas, como pantalonas e casaquinhos mais curtos, compostos por top listado em preto e branco, sutiãs bordados compondo o chique esportivo, pespontos contrastantes, jeans em pantalonas de barras amplas e apoiado em detalhes de algodão estampado, superposição de peças, ternos clássicos ou com casacos longos, com cintura marcada por faixas do mesmo tecido, sobreposição de peças, musseline em vestidos mais curtos, bem leves, muitas bermudas compondo casacos ou boleros, muita barriga de fora, muitos temas bem verão – e roupas para serem usadas junto ao mar. O tweed continua firme, com leves brilhos ou totalmente foscos, principalmente nas peças brancas.
Filosofia Chanel
>> Sou contra uma moda que não dure. É meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora só porque é primavera.
>> Nunca processei ninguém por cópia, mas também jamais afirmei que gosto de ser copiada.
>> Manequim é como um relógio. Um relógio mostra a hora: a manequim deve mostrar o vestido que veste.
>> A moda, como a arquitetura, é uma questão de proporções.
>> Acostumamo-nos à feiura, nunca à negligência.