O começo da história da Charth não é diferente do de outras tantas marcas brasileiras. Nastácia Schacht começou a desenvolver as roupas em casa. Aos poucos, a equipe cresceu, a produção aumentou e a clientela se espalhou pelo Brasil. Cinco anos depois, a fundadora comemora o amadurecimento do negócio, que agora tem fábrica própria e um mix maior de produtos. Na pandemia, as vendas triplicaram.
O estilo da marca segue o da criadora. Nastácia era funcionária pública e sempre buscou roupas que pudesse usar em qualquer lugar, entre o dia e a noite. “Tinho um estilo de vida muito corrido e queria peças que otimizassem meu tempo. Só de mudar os acessórios, estava pronta para qualquer ocasião.”
Então, desde o início ela desenhou roupas que gostava de vestir. Nastácia é advogada, não tem formação em moda, mas rapidamente conseguiu entender que muitas mulheres se identificavam com a sua proposta e se guiou pela intuição. Assim, chegou a um mix de peças básicas e versáteis que transitam entre vários momentos do dia.
A atemporalidade é outro conceito defendido por Nastácia. O diamante estilizado, símbolo da marca, reforça a ideia de que a roupa é como uma joia, que passa de mãe para filha. “Na Charth, nos propomos a criar peças duráveis e que se comunicam ao longo das coleções. Acho muito legal quando alguém combina peças de épocas diferentes”, complementa.
Algumas criações estão desde o primeiro lançamento, como o moletom com um olho grego todo bordado. A peça tem um corte tradicional, mas chama a atenção pelo trabalho feito a mão em pedraria. O olho grego, como simboliza proteção, virou uma espécie de amuleto da marca. Até hoje, o que for produzido vende. Não sobra nada no estoque.
O couro é uma matéria-prima que se conecta com o DNA da Charth. “Ele remete à atemporalidade que tanto busco. Quero fazer peças para você ter e amar para sempre. Se cuidar com carinho, daqui a 10 anos vão ficar mais bonitas do que quando comprou”, pontua. A preferência é pelo couro leve e macio, que também pode ser usado no verão.
As jaquetas são o carro-chefe da marca. Para quem tem um estilo romântico, a novidade é um modelo cheio de babados. O acabamento nos punhos e na barra com tecido elástico dá um efeito franzido. A jaqueta best-seller, por outro lado, mistura o esportivo com o sofisticado. Tem modelagem bomber, mas é toda em couro envernizado.
Há dois anos, quando abriu a fábrica própria, no Bairro Calafate, Nastácia passou a investir muito em alfaiataria. E não economiza, usa o melhor crepe que existe no mercado. “A alfaiataria simboliza o amadurecimento da marca.” Entre as calças, destaque para a de shape cenoura. O charme está nos botões de madrepérola (tingidos da mesma cor do tecido) posicionados na lateral da barra, ajustando a peça ao corpo. A pantalona com cintura alta é básica, mas muito elegante.
BLAZER As duas calças podem ser usadas com blazer. A marca aposta nesta temporada na modelagem oversized, que aparece tanto no modelo tradicional quanto no mais ousado (com uma abertura nas costas e sem botões de fechamento).
Normalmente, as cores escolhidas por Nastácia são básicas e neutras, entre elas preto, branco e cinza. “Pelo fato de trabalhar com uma cartela de cores coringa, a cliente consegue montar diversos looks com a mesma peça. Basta trocar os acessórios”, comenta. Mas isso não significa monotonia, já que sempre surgem tons diferentes para colorir as peças.
Pode-se dizer que a última coleção é bem colorida. A inspiração vem da pintura renascentista “O nascimento de Vênus”, do italiano Sandro Botticelli, que mostra a deusa saindo do mar em uma concha. A cor tangerina (um laranja bem suave) remete aos cabelos ruivos de Vênus. Nastácia também explorou o azul da água e do céu e o rosa das flores. Ainda tem o pérola, que lembra a concha.
Mesmo com loja física (para atacado e varejo), além das parcerias com multimarcas em todo o Brasil, a Charth sempre foi forte no on-line: 90% do faturamento vem das vendas pelo site. E a pandemia acabou impulsionando o crescimento. Desde então, as vendas triplicaram. “Tínhamos o produto certo, na hora certa, para o cliente certo. Só não crescemos mais porque não tínhamos capacidade produtiva”, conta Nastácia. O plano agora é abrir uma loja em São Paulo para consolidar a marca no varejo.
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