Jornal Estado de Minas
Moda

Coven cria roupas essenciais



No mundo pós-pandemia, ser criativo é uma necessidade. Ao lançar uma linha exclusiva, a Coven soluciona várias questões relacionadas à nova realidade. A COA chega para dar uso a fios e tecidos parados no estoque e criar roupas que seguem uma proposta mais básica e casual. Ao mesmo tempo, aproxima a marca do público masculino, com peças que vestem mulheres e homens, e ainda abastece os clientes do varejo com novidades o ano inteiro.
 
Logo no início da pandemia, a diretora criativa da Coven, Liliane Rebehy, começou a perceber que tinha praticamente um fornecedor dentro da fábrica (que era o estoque), com muitas matérias-primas de qualidade, algumas que nem consegue mais comprar.
 
Detalhes não convencionais, como cores e estampas - Foto: Breno Mayer/Divulgação 
 
O aproveitamento, ela diz, não se justifica apenas pelo caráter econômico, mas também pela sustentabilidade. “É muito prazeroso conseguir trabalhar algo que está parado e transformá-lo em um produto desejável com matérias-primas nobres.” Como exemplo, a diretora criativa cita fios da época em que a indústria nacional funcionava a todo vapor. Hoje, a grande maioria dos insumos é importada.
 
Liliane usou a mesma lógica de quando vai construir uma coleção. Fez uma curadoria do que tinha no estoque, como se fosse comprar de um fornecedor, considerando os desejos do momento, a cartela de cores e a atmosfera com que queria envolver o público. “Isso mexe ainda mais com a nossa criatividade.
É um exercício de pensar como usar as matérias-primas de outra forma, como misturá-las”, observa.
 
A COA também chega para atender aos desejos de uma roupa mais básica e casual - Foto: Breno Mayer/Divulgação 
 
A COA também chega para atender aos desejos de uma roupa mais básica e casual. “Cada vez mais, buscamos no atacado um produto muito diferenciado, essa tem sido a nossa escolha. Então, não temos na linha principal peças limpas, que sejam mais minimalistas e com menos deta- lhes.” As novidades são para quem busca uma roupa de trabalho, de fim de semana ou quer vestir algo descomplicado.
 
A nova linha acaba complementando o mix de produtos das lojas da Coven. São peças que permitem fazer várias combinações com a coleção principal. “A ideia é que a cliente da marca viva toda a experiência de consumo, em vários momentos da vida, dentro da nossa loja.”
 
Faz parte do DNA da COA ser ainda mais atemporal. Na primeira coleção, a equipe pensou: quais peças são essenciais no armário?. Da resposta a essa pergunta surgiu uma cápsula de tricô, que tem desde blusa de manga curta e regata canelada a short e cardigã.
Liliane também destaca as roupas de linho, como regatas e shorts, que formam um conjunto bem apropriado para o verão.
As estampas também estão presentes. Duas são assinadas pela artista Rafaela Ianni, que trabalha com colagens, e aparecem em uma parca e uma camiseta. A marca ainda estampou um floral bem delicado no algodão e criou peças como saia, camisa e macacão.
 
Mesmo sendo clássicas, as peças ganham detalhes que a tiram do lugar convencional, como as proporções. “As peças ocupam um lugar do clássico dentro do armário, porém são diferentes, modernas, têm assinatura, um cuidado, um detalhe que traz algo único.”
 
O cardigã de tricô se torna moderno quando tem comprimento maior que o esperado. As cores também atualizam o tricô, entre elas um azul vibrante. A jaqueta preta de sarja é básica, mas tem uma discreta numeração estampada nas costas. A camisa foge do comum, com comprimento cropped, abertura nas laterais e cordão de tricô na barra, possibilitando o ajuste na cintura. Também pode ser usada aberta.

MASCULINO A COA também aproxima o público masculino que sempre desejou ser consumidor da Coven.
Não é uma linha sem gênero, Liliane avisa, mas algumas peças vestem homens e mulheres, como as parcas, calças, shorts e regatas. “Temos um público masculino mais moderno. Não é um homem tradicional, é mais fashionista e está ávido por novidades.”
Além dos homens, a diretora criativa da Coven espera que a nova linha atraia um novo público feminino, já que engloba produtos de entrada, com custo mais acessível. “Pode ser que essas mulheres iniciem a compra pela COA, depois vão entendendo a marca e aos poucos se tornam clientes”, analisa.
 
Como a matéria-prima do estoque não é suficiente para a venda no atacado, a marca optou por direcionar a novidade para as lojas próprias. Com isso, a COA fortalece o varejo, canal de vendas que se tornou essencial pós-pandemia. “O mundo está tão veloz que segurar as lojas exclusivas com duas coleções por ano não é suficiente. A COA é uma forma de ter várias pequenas entradas o ano inteiro, fomentando o consumidor ávido por novidades, e complementando o mix de produtos.”
 
O plano é fazer dois grandes lançamentos e entrar com pequenas cápsulas ao longo do ano. As coleções são menores e a quantidade de cada peça também é reduzida, até pela questão da disponibilidade de matéria-prima. Os looks da COA estão disponíveis exclusivamente nas lojas da Coven em Belo Horizonte, São Paulo e no e-commerce. A próxima coleção está prevista para março.
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