Manter um lugar significativo na história da moda nacional não é comum. As marcas surgem, criam, são disputadas e acabam desaparecendo sem deixar rastro, não como acontece em Paris, por exemplo, onde as etiquetas perduram até depois do falecimento de seus criadores. Em Minas, que já foi um centro criador respeitado em todo o país, com o Grupo Mineiro de Moda, por exemplo, pouca coisa restou. Muitos dos estilistas abandonaram a profissão, alguns poucos trabalham em outras especialidades ligadas à moda e os que vêm surgindo nos últimos não conseguem manter a marca fora do estado. Possivelmente, o problema pode ter resultado da pouca demanda do consumo ou da alta dos preços; o certo é que a dificuldade é bem presente em todas as qualificações do estilo, os mais populares ou os mais sofisticados.
Em São Paulo, a situação é melhor e de lá partem grifes que fazem sucesso em outras regiões. Uma dessas marcas, que vende muito, mas é pouco divulgada, é a Mixed. Criada em 1990 por Riccy Souza Aranha, a proposta da marca é trabalhar no segmento luxuoso e sofisticado da moda feminina. O perfil da mulher Mixed é contemporâneo, estilosa e sofisticada em qualquer momento e em qualquer circunstância, uma mulher que começa o dia chique durante a manhã e continuará chique até a noite. E além de todos esses aspectos que fazem da marca única, ela busca estar sempre reconhecida pela qualidade de cada peça e é exclusivamente fabricada no Brasil.
A semente da moda, tanto no quesito de criar como produzir as peças, já foi plantada desde muito cedo na família da estilista, que a partir de muito pequena já acompanhava seu pai junto com os irmãos na fábrica da família, além de ter trabalhado como modelo para a marca desde muito cedo. Convidada para participar de um grande evento que está sendo organizado, Riccy não aceitou, preferiu tocar seu projeto. Assim vem fazendo, e a curiosidade é que recebeu do pai a proposta de que, se ela colocasse Nossa Senhora de Guadalupe como sócia, tomaria conta da empresa.
Instigada, ela aceitou a proposta. Com isso, ela gosta de contar que em todos os momentos de correria da empresa e quando era necessário viajar a negócios, pedia a intercessão da santa para que cuidasse de tudo e por incrível que pareça a equipe respeitava esse pedido, e sempre tudo dava certo.
Parece que essa “sociedade” dá mais do que certo, porque a Mixed tem lojas próprias em várias regiões do país e de BH, onde já está sendo comercializada a coleção para o inverno 2022, que acaba de ser lançada. Para divulgar de forma bem diferencial a nova proposta, a marca está com a coleção fotografada com Shirley Mallmann, a precursora supermodelo, em Nova York. Mallmann foi a primeira top model brasileira a integrar o circuito de alta-moda internacional. Gaúcha, com 44 anos, a modelo fotografou a coleção Mixed em lugares famosos, como o Central Park, a Times Square e o Radio City Music Hall.
Descoberta enquanto trabalhava em uma fábrica de sapatos em Lajeado, no Rio Grande do Sul, ela construiu desde então uma carreira meteórica: figurou em rankings das tops mais importantes do planeta, coleciona trabalhos para grifes poderosas – como Alexander McQueen, John Galliano, Valentino, Yves Saint Laurent, Dior, Chanel, Dolce & Gabbana, Louis Vuitton e Prada, entre outras infindáveis –, além de ter estrelado capas e editoriais das principais publicações de moda e beleza do mundo. Shirley foi imortalizada como a modelo do primeiro perfume de Jean Paul Gaultier, Classique, cujo frasco foi inspirado em sua silhueta. Atualmente, Shirley mora nos Estados Unidos com o marido, Zaiya Latt, e os filhos Axil e Ziggy.