Ele está em praticamente todos os armários. Veste diferentes corpos e idades. Consegue se adaptar a qualquer rotina. Além da beleza, entrega conforto e desempenho. A Cedro Têxtil convidou seis pessoas comuns, que pegam ônibus, trabalham o dia inteiro e cuidam da casa, para mostrar na campanha da segunda parte da Coleção Reflexos como o jeans é democrático e versátil. “A nossa missão vai além de vender tecido, vestimos pessoas”, destaca o estilista Eduardo Paixão.
Em vez de modelos profissionais, a Cedro selecionou três homens e três mulheres comuns, mas com histórias extraordinárias, para protagonizar a nova campanha. Segundo Eduardo, o desejo era homenagear mineiros que não são famosos e nem estão em cargos importantes, mas que vão à luta, fazem a economia girar e contribuem para mudanças sociais.
“A história é sempre contada através de um indivíduo – rei, imperador, general, figuras que se tornam únicas, mas aqui queremos contar a história através de pessoas que não aparecem nos livros”, destaca o estilista. Essas seis pessoas representam qualidades marcantes que são comuns a muitos brasileiros anônimos: luta, vaidade, paixão, perseverança, resiliência e otimismo.
Marcela Rosa, de 54 anos, vem de uma família que respira arte. Bailarina do Grupo Primeiro Ato, ela aprende com a dança contemporânea a reconhecer e lidar com os limites do corpo e da vida. Já Ivone Carvalhais, de 53, é a tradução da palavra lutadora, dentro e fora do ringue. Quando ficou desempregada, aprendeu a fazer bolos e se reinventou na pandemia. Além de confeiteira, luta boxe nas horas vagas.
A história de superação da cantora e modelo trans Lua Sanja, de 29, é inspiradora. Ela precisou batalhar para estudar e se formar em dois cursos superiores (jornalismo e publicidade). Depois, uniu forças para realizar o sonho de gravar sua primeira música. Nascido e criado no Alto Vera Cruz, Waleson Rosa, de 35, aprendeu sobre autoestima com o pai e se inspirou no ofício da mãe para ser quem é hoje. Barbeiro e cabeleireiro, considera a vaidade um ato de amor-próprio.
O artista Kdu dos Anjos, de 31, é o fundador do Centro Cultural Lá da Favelinha, no Aglomerado da Serra. A busca por justiça social vem de família e é impulsionada pela indignação com a fome de comida, arte e educação. Completa a lista o arquiteto e paisagista Chico Mascarenhas, de 30, que é apaixonado pelo que faz. Para ele, a paixão é transformadora e uma semente para um mundo melhor.
Nesta coleção, a Cedro se volta para uma necessidade crescente no mercado, que é por tecidos com o máximo de efeito power e largura estendida para atender aos tamanhos maiores. Isso significa vestir mais pessoas com peças que esticam e não deformam ao longo do dia. “Quanto mais a roupa estica, maior o conforto e a mobilidade. A sensação é até de não estar usando nada”, explica.
Com a ajuda da tecnologia, eles desenvolveram tecidos com 60% de power e 1,57m de largura. “Há 15 anos, quando começamos a trabalhar com superelasticidade, tínhamos artigos com 60% de power, mas não conseguíamos ir além de 1,40m de largura”, compara. “Hoje chegamos ao equilíbrio entre oferecer conforto ao consumidor e facilitar a vida do confeccionista, que pode fazer cortes plus size.”
Outra novidade é um novo tom de azul para o jeans, descrito pelo estilista como “mais brilhante, iluminado e elétrico”. Segundo ele, lembra o azul Klein, criado pelo artista francês Yves Klein no ano de 1960. Eduardo enxerga como tendência as lavagens bem claras.
De modelagem, a aposta são os clássicos. “Percebemos que o mercado quer peças que podem ser usadas mais vezes e por mais tempo, justamente porque não estamos num momento de consumo desenfreado de moda”, pondera. Jaqueta, camisa, blazer, calça cargo (com bolsos utilitários nas laterais) e calça skinny (que não sai mais de moda) são os principais exemplos.
CALÇA MOM Mas a equipe não deixa de lançar tendências, entre elas a calça mom (mãe em inglês). É como se a filha usasse o jeans da mãe, que tem alguns números a mais e um design retrô. Eduardo diz que é uma versão menos radical da calça boyfriend. “Diferentemente da boyfriend, a mom jeans obedece à anatomia feminina, é mais estreita, tem quadril arredondado e cintura no lugar, só que um pouco mais solta.” O modelo agrada a quem quer o conforto de uma peça mais larga, mas sem exagero.
De maiô a roupa de festa, Eduardo sempre gosta de mostrar usos inusitados do jeans. Para a cantora Lua Sanja, ele criou um vestido glamouroso e ousado, digno de diva da música. Com uma enorme fenda e decote de um ombro só, fica mais colado ao corpo. O estilista também inova ao desenhar um colete de alfaiataria no jeans, que poderia muito bem estar na noite.
O vestido da bailarina Marcela Rosa surpreende pela leveza e fluidez. Usando um tecido de camisaria, Eduardo conseguiu que ele acompanhasse os movimentos de dança. “A peça entra como coadjuvante do corpo, é para valorizar a dança.” A praticidade de se vestir peça única está evidenciada no macacão do artista Kdu dos Anjos, que não esconde ser uma junção de camisa e calça. As interferências de resina, que criam um efeito envernizado, remetem à cultura da rua.
A empreendedora Ivone Carvalhais veste uma calça com muito power. A escolha tem uma razão: mostrar que ela pode usar peças que valorizam o seu corpo e, ao mesmo tempo, deem conforto para se movimentar, seja na cozinha ou no ringue. Já a calça superskinny do barbeiro e cabeleireiro Waleson Rosa, além de entregar conforto, funciona como um elemento de estilo.
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