Jornal Estado de Minas
ESTILO

Proposta inusitada


Elas já estavam cansadas de acessórios descartáveis, mas não queriam fazer altos investimentos em produtos feitos para durar. Soma-se a isso a dificuldade de encontrar peças modernas e com personalidade. Em vez de continuar buscando no mercado, duas mineiras resolveram criar seus próprios desenhos. Paula Bernardes e Paola Paz são as fundadoras da Jamming. A marca, que tem como assinatura o design lúdico, desenvolve joias de prata atuais, duráveis e com preços mais acessíveis.

Foi o mundo dos vinhos que aproximou Paula e Paola. Paula é sommelière e dona de uma importadora de vinhos. Conheceu Paola, que tinha um bar de vinhos, através de uma amiga em comum. As duas ficaram sócias nesse negócio e, com o tempo, descobriram outros interesses que coincidiam.

Paula vem de uma família que sempre trabalhou com joias.
Seu avó é o fundador da Manoel Bernardes. Mas ela quis seguir um caminho diferente. “Sempre tive vontade de criar joias mais acessíveis e no meu estilo, que é mais moderno e descolado.” Quando conheceu Paola, Paula já tinha feito um curso de design de joias e buscava uma sócia para levar adiante a ideia de ter uma marca própria.

Paola é biomédica especializada em genética de vírus e direcionou sua carreira para a pesquisa acadêmica. Até que surgiu a oportunidade de abrir o bar de vinhos, depois a joalheria. “Nunca me imaginei fazendo joias, mas estava muito disposta a empreender e reencontrar a minha veia criativa, que tinha ficado adormecida”, comenta a filha de artista plástica, que sempre foi muito estimulada pelas artes.

Lançada há dois anos, a marca chega para romper barreiras. De cara, insiste na ideia de que prata é um metal tão nobre quanto o ouro. Todas as peças são produzidas em prata de lei, a mais pura que existe – as douradas contam com uma espessa camada de ouro 18 quilates.
Assim, dá para trabalhar com preços mais acessíveis, sem perder a qualidade.

“Essa geração está muito mais disposta a investir em experiências do que em joias muito caras, pensando em passar para seus filhos e netos”, justifica Paola.

As sócias também querem mostrar que joias não precisam seguir um estilo clássico para que sejam atemporais. A marca inova ao explorar um design lúdico, com a intenção de levar mais graça, diversão e leveza ao dia a dia das mulheres. “O que mais ouvimos é que as peças são inusitadas. As pessoas não esperam encontrar o que fazemos na joalheria”, comenta Paula.

Jamming é uma expressão jamaicana que significa curtir, desfrutar e celebrar. E é exatamente essa vibe que elas levam para a marca e com a qual querem envolver as clientes. “As peças representam a forma como enxergamos o mundo e esse imaginário é bem forte no nosso trabalho. Isso nos leva a criar peças diferentes e que geram um encantamento”, explica Paula.

A escolha do nome acabou levando a marca a criar sua primeira coleção sobre a Jamaica. Como são muito ligadas à natureza, Paula e Paola estudaram sobre a fauna, a flora e as paisagens e chegaram ao doctor bird, espécie de beija-flor que é o símbolo do país.
O pássaro dá forma a um delicado brinco, que até hoje está entre os mais vendidos.

Depois veio o brinco Arraia, que reproduz com admirável realismo as curvas desta espécie aquática. “A arraia nos encantou por ser muito elegante, tanto pela forma como nada quanto pelos desenhos na sua pele”, descreve Paula. O metal tem textura que se assemelha ao couro do animal e dois topázios, um de cada lado, criam pontos de brilho.

Outra peça que chama a atenção pelo inusitado é o brinco Fishbone, que tem o formato de uma espinha de peixe. A cabeça, de metal, tem uma pequena safira que faz as vezes do olho. Cinco pérolas barrocas conectadas por uma corrente formam o esqueleto. O interessante é que, como as pedras têm formas indefinidas, uma peça será sempre diferente da outra.
- Foto:
CORAIS 
Ainda inspiradas pela vida marinha, as sócias lançaram uma linha com brinco, anel e colar que recria as ramificações dos corais. Para desenvolver o brinco Shell, elas se basearam em uma concha, com todos os seus frisos, exibindo uma pérola bem no meio.

A flora está representada por dois brincos: o Samambaia, que emoldura a orelha com um ramo da planta, e o Aflorar, que combina duas flores de tamanhos diferentes, sendo que a maior tem reluzentes cristais de rocha no seu miolo. A menor é removível, o que possibilita várias formas de uso.

A marca também ficou conhecida pelo colar Globo, que se destaca por ser uma joia interativa. Você escolhe onde cravar diamantes no pingente esférico, com o mapa-múndi em alto-relevo, para mostrar países que de alguma forma marcaram a sua história. “A ideia é materializar memórias de vida mundo afora, então infinitas histórias podem ser contadas: o lugar onde nasceu, lua de mel, casamento, intercâmbio e viagens transformadoras”, aponta Paola.

O que move Paula e Paola, além da vontade de criar peças de qualidade e acessíveis, é não fazer mais do mesmo.
“Quando estamos desenvolvendo as peças, não ficamos alheias às tendências, mas buscamos autenticidade e originalidade, porque sabemos que as clientes estão buscando algo diferente”, pontua Paula. Elas querem mostrar que os acessórios podem ser protagonistas em um look.

A Jamming começou como uma joalheria totalmente on-line, mas hoje já tem loja em Belo Horizonte e em São Paulo. Segundo as sócias, os pontos físicos complementam a experiência de compra, já que a cliente conhece mais do universo da marca e tem a oportunidade de experimentar todas as peças.
.