No ano do seu cinquentenário, a Arezzo tem muitos motivos para comemorar. Conquistou uma legião de admiradoras, mulheres que se abastecem nos pontos de vendas espalhados por todo o país, e continua contemporânea, conectada ao espírito de seu tempo, o que lhe garante um frescor permanente. A marca-mãe, berço das outras que vieram depois, é um exemplo de empreendedorismo no país, não só no setor de calçados e afins, mas no segmento dos negócios.
A data está sendo celebrada em grande estilo e, entre outras ações, o lançamento do livro “Arezzo 50” é um dos registros mais importantes dessa trajetória. O projeto, capitaneado por Giovanni Bianco, diretor criativo da empresa há mais de 20 anos e referência mundial em direção de arte, reúne mais de 600 páginas de pura expressão de moda Arezzo.
Quem quiser saber mais sobre ela, pode visitar a Galeria Arezzo Oscar Freire, em São Paulo. A primeira loja-conceito será transformada em um espaço de experiências multimídia, que combinam tecnologia com a história, dos anos 1970 até os dias de hoje, com curadoria de Muti Randolph. O espaço ficará aberto ao público para visitação durante o mês de setembro e terá uma agenda de eventos e ativações interativas no período. A navegação também estará disponível para um tour virtual, para os que não tiverem disponibilidade presencial.
Aberta na década de 90, visando dar maior visibilidade para as marcas e fomentar as vendas das outras lojas franqueadas, das lojas próprias e de clientes multimarcas, a flagship teve importante papel nesse sentido.
A hoje cinquentenária Arezzo sempre flertou com a vanguarda, acompanhando os movimentos de moda no Brasil e fora dele, além de estimular o potencial criativo dos estilistas brasileiros. Quando a Phytoervas Fashion Week, embrião da São Paulo Fashion Week, aportou em São Paulo, traduzindo a veia autoral da cena fashion, se tornou a primeira patrocinadora do evento.
É também da década de 1990 a criação do Studio Arezzo, que abrigou novas propostas e profissionais que já estavam no mercado. Alexandre Herchcovitch, Isabela Capeto, Glória Coelho, Reinaldo Lourenço, entre outros, tiveram coleções de calçados desenvolvidas pela marca para seus desfiles, no auge da maior semana de moda da América Latina.
Conservando esse mesmo tom vanguardista, a celebração dos 50 anos é marcada pelo lançamento da campanha Arezzo Next, que se apoia na ideia “Cinco décadas, cinco talentos da moda brasileira” e para o qual foram convidados nomes representativos do momento, como Meninos Reis, Tete Oshima, Laura Cangussu, Normando e Rodrigo Evangelista. Cada um deles reinterpretou modelos ícones de cada década – anos 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010.
Focando em inovação, design, P&D – pesquisa e desenvolvimento – e branding, a Arezzo sempre contou com uma eficiente estratégia de marketing envolvendo a constante presença da marca na mídia especializada por meio da sua vinculação a modelos, artistas, celebridades em destaque no momento. Foi uma das primeiras empresas de moda do país a acreditar nessa fórmula. A estratégia de comunicação integrada e expressiva vai desde a criação de campanhas até o ponto de venda. O resultado surpreende e reforça o poder da imagem de moda criada por ela ao longo de sua trajetória.
Para completar a programação comemorativa, ontem, Alexandre Birman – CEO do grupo – e o pai, Anderson, receberam seu time, parceiros e convidados especiais em uma festa no Copacabana Palace, com pocket show de Ivete Sangalo.
História
A história dos irmãos Anderson e Jefferson Birman é inspiradora e já foi contada repetidas vezes, mas, a cada vez que isso acontece, um novo elemento surpreende na trajetória dos mineiros, que, em 1972, seguindo a vocação empreendedora da família, montaram uma fábrica em Belo Horizonte, na rua Itajubá, 62, bairro Floresta.
A história dos irmãos Anderson e Jefferson Birman é inspiradora e já foi contada repetidas vezes, mas, a cada vez que isso acontece, um novo elemento surpreende na trajetória dos mineiros, que, em 1972, seguindo a vocação empreendedora da família, montaram uma fábrica em Belo Horizonte, na rua Itajubá, 62, bairro Floresta.
O nome da empresa foi escolhido literalmente a dedo. O objetivo era homenagear a Itália pela sua influência na moda e por ser um dos principais polos de design do mundo. Com um mapa do país na mão, apontaram, aleatoriamente, para um ponto – era a cidade de Arezzo, na ensolarada região da Toscana. Gostaram da sonoridade da palavra e batizaram a marca.
Começaram produzindo 50 pares de sapatos masculinos, nos fundos da casa do pai, Henrique Birman, que também fazia parte da sociedade. O primeiro mostruário foi vendido para quatro das principais multimarcas voltadas para esse público no Rio de Janeiro, que, naquele momento, era o principal polo de moda do Brasil. Tempo depois, veio a abertura da loja Gipsy, na Savassi, bairro da moda de Belo Horizonte na década de 1970, para onde canalizaram os calçados.
No princípio, encontraram muitas dificuldades de ordem técnica e com mão de obra, já que a capital mineira não era um polo calçadista. Os fabricantes que existiam estavam vivendo o fim de um ciclo, eram antigos e tradicionais empresários do ramo de Minas Gerais, o que quer dizer que a Arezzo foi a precursora de uma nova geração de sapateiros na cidade.
A participação do pai na empresa representava a ponderação e a prudência. Com a saída dele, os irmãos resolveram investir mais e conduzir os negócios com outra visão. Atendendo à solicitação de lojistas, que queriam sapatos femininos, diversificaram a produção e terminaram por direcionar a empresa para esse público.
Passo a passo, foram crescendo, porém o sucesso da marca Arezzo só aconteceu por volta de 1978 com um lançamento exclusivo: uma sandália anabela revestida de juta e com cabedal em atanado. As vendas dispararam e isso fez com que a forma de distribuição dos produtos fosse repensada pelos sócios, centralizando-se em quatro cadeias de lojas: a Andarella, no Rio de Janeiro; a Rosa Amarela, em São Paulo; a Andréia, em Brasília; e a Gipsy, em Belo Horizonte.
Na década de 1980, a Arezzo já estava instalada no bairro Glória, em BH. Em 1986, deu início ao sistema de franquias: a abertura de lojas em grandes centros possibilitou a presença dos seus sapatos e acessórios em todo o território nacional e criou as bases para o fortalecimento desse canal.
Mas os desafios continuaram e a falta de suporte na área industrial levou à verticalização da empresa. A primeira etapa foi a produção de solados, uma decisão muito contestada na época, porque o valor investido em injetoras era muito superior a todo o investimento na fábrica de calçados. A injetora exigiu verticalizar para a maqueteria, matrizaria e fundição. O mesmo ocorreu com as navalhas, pois não havia fabricação desses itens na cidade.
Segundo depoimento de Anderson, quando a produção aumentou, a necessidade de couro de melhor qualidade cresceu e os curtumes na capital mineira ou estavam desativados ou não produziam em grande escala ou não ofereciam qualidade, o que levou a Arezzo a participar do mercado de couro salgado, adquirindo a matéria-prima e mandando fazer o acabamento. A essa altura, já se trabalhava também em um sistema integrado com fornecedores na área de formas e palmilhas e havia uma fábrica de matéria-prima para solados, onde eram desenvolvidos componentes termoplásticos.
No Sul Nesse momento, percebeu-se que a empresa poderia ser mais competitiva inserida no cluster calçadista do Rio Grande do Sul, uma vez que a logística em BH tinha se tornado complicada. Quando a indústria do bairro Glória foi finalmente fechada, a produção era de 1,5 milhão de pares de sapatos por ano e contava com 2 mil funcionários. Para orgulho dos sócios, na condução do processo de fechamento não houve uma ação trabalhista sequer.
Em 1997, aconteceu a migração para o Vale dos Sinos. Dois anos após, a Arezzo estava instalada em Campo Bom, concentrando o trabalho no polo calçadista gaúcho, o que significou que a decisão tomada foi acertada pela possibilidade de atuar com eficiência na distribuição das marcas, com ganho de sinergia e fomento de atividades na re-gião. O investimento no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Integrado – P&D – tornou-se o maior diferencial do negócio.
A meta “Arezzo rumo a 2154”, que se tornou um mantra, surgiu em 2004. Nesse ano, um grande palestrante internacional abordou a longevidade das empresas, que, na grande maioria, não sobreviviam 200 anos. O desafio de levar a Arezzo à frente por mais 150 anos, a partir daquela data, instigou Anderson Birman, e ele foi implantado na cultura do negócio. Todas as ações e decisões empresariais passaram, então, a caminhar no sentido da sustentabilidade.
Em novembro de 2007, uma parceria estratégica com a Tarpon Investimentos foi vital para que a Arezzo se transformasse em Arezzo&Co e para que, quatro anos depois, fizesse o IPO (Initial Public Offering), se tornando uma companhia aberta com suas ações negociadas sob o ticker ARZZ3 e listada no Novo Mercado da BM&Fbovespa.
No desenrolar da história e como consequência do processo iniciado em 2007, que visava ao contínuo aperfeiçoamento da gestão de marcas e da companhia, Alexandre Birman, o filho de Anderson, que cresceu dentro de uma fábrica de sapatos, aos 18 anos criou sua própria grife, a Schutz, e, em seguida, a Alexandre Birman, e passou de vice-presidente a CEO do grupo, em 2013, em um movimento natural de sucessão.
Durante todo o tempo, esteve preparado para assumir a presidência. Executivo qualificado e capacitado, tanto no setor de negócios quanto no da moda, vem usando seu know-how e larga experiência como empreendedor e design de sapatos para conduzir todo o business.
Atualmente, a Arezzo & Co abriga as marcas Arezzo, Shutz, Ana Capri, Alexandre Birman, Fiever, Alme, Vans, AR&Co – Reserva, Reserva Mini, Oficina, Reserva Ink, Reserva Go, Reversa e Simples –, Croc, ZZ MAll, Baw Clothing, My Shoes, Carol Bassi, distribuídas através de uma rede de lojas próprias, franquias, multimarcas e web commerce em todas os estados do país.
Internacionalmente, a Schutz e a Alexandre Birman têm pontos de vendas na Europa e nos Estados Unidos, além marcar presença em lojas de departamento nesses países.
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