(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TODOS GANHAM

Arquiteta e designer criam espaço colaborativo para joalheiros

Fernanda Salomão e Luíza Hermeto, sócias do Criadouro, conectam pessoas, incentivam a troca de informações e facilitam o acesso a ferramentas e fornecedores


16/10/2022 04:00 - atualizado 17/10/2022 09:21

Fernanda Salomao e Luiza Hermeto criadouro
Fernanda Salomão e Luíza Hermeto compartilham a paixão pela joalheria e a vontade de conectar profissionais do setor (foto: Filipe Abras/Divulgação)
Um mais um são muitos. Com esse pensamento, Fernanda Salomão e Luíza Hermeto estão revolucionando o mercado de joias em Belo Horizonte. As amigas e sócias são fundadoras do Criadouro, espaço colaborativo de joalheria que nasceu para derrubar barreiras. Na contramão do que é habitualmente praticado, elas conectam pessoas, incentivam a troca de informações e facilitam o acesso a ferramentas e fornecedores. Assim, ajudam o setor como um todo a crescer.
 
Fernanda é arquiteta, mas sempre sonhou em trabalhar com joias. Aos 15 anos, desenhou as peças que queria ganhar de aniversário. Fez curso de ourivesaria e desenho na Itália e, quando se mudou para o Rio de Janeiro, decidiu recomeçar a vida com a marca de joias CasaNanda. De volta a BH, matriculou-se em uma pós-graduação para conhecer pessoas e descobrir fornecedores.
 
E foi o que aconteceu. Lá ela conheceu Luíza, que sempre se interessou por trabalhos manuais. Quando criança, fazia bijuterias de miçangas para vender na escola. Formada em design gráfico, trabalhava com vídeo, mas nunca achava que estava no caminho certo. Até que uma pessoa indicou um curso de joias e ela se reconectou com um passado feliz, criando a marca Hermética.
 
As amigas compartilhavam a paixão pela joalheria e também as dificuldades de navegar por um mercado “fechado”. Era muito difícil, por exemplo, encontrar bons fornecedores, pois ninguém dava informações de bandeja.

aluguel banca ourives criadouro
Um dos serviços é o aluguel das bancas de ourives para quem não tem uma oficina própria (foto: Amanda De Nardi/Divulgação )

“As pessoas ficam ressabiadas de indicar prestador de serviço com medo de perder a pessoa. A gente pensa o contrário. Se tem um cravador que trabalha muito bem, ele pode trabalhar pra todo mundo e todo mundo cresce junto”, comenta Fernanda.
 
Inicialmente, elas montaram uma oficina para produzir as próprias peças. Mas aí outros profissionais começaram a bater na porta para pedir todo tipo de ajuda. Onde compro corrente de qualidade? Como faço para executar essa peça? Posso usar o espaço?

Naquele momento caiu a ficha: não eram só elas que passavam por perrengues. Havia demanda por um espaço colaborativo de joalheria.
 
O Criadouro nasceu há quatro anos com o propósito de fortalecer o setor de joias. Hoje, mais de 100 profissionais fazem parte da rede, desde autônomos até os que produzem em larga escala.

“Temos o dono de uma empresa com muitos anos de mercado que é como um professor, tem resposta para tudo e para todos, está sempre contribuindo com ideias e soluções técnicas. Ao mesmo tempo, temos recém-formados que estão começando a construir uma marca”, conta Fernanda.
 
aulas criadouro
O espaço funciona como escola, com aulas que vão de ourivesaria básica a novas técnicas (foto: Filipe Abras/Divulgação )
 
Conectados em um grupo de WhatsApp, esses profissionais trocam todo tipo de informação, diariamente. Um ajuda o outro e o mercado, em geral, se fortalece. Um dos integrantes é ourives e está lançando sua marca própria.

“Ficamos felizes de ver o resultado desse trabalho, de promover a abertura da joalheria, ver bons talentos acontecendo, profissionais crescendo, o mercado aquecido, e isso é bom para todo mundo. O sol nasce para todos”, aponta Fernanda.
 
O espaço também funciona como escola, com aulas de desenho, ourivesaria básica, esmaltação a fogo, entre outras. As sócias estão sempre em busca de temas diferentes, que levem a pensar a joalheria “fora da caixa”. Tanto que lá se fala em joalheria experimental.

“O que mais me encanta na joalheria são as infinitas possibilidades, nunca tem fim. Você pode pegar uma peça simples e subverter, encontrar soluções criativas. É para experimentar mesmo”, diz Luíza.
 
Para quem está começando, elas oferecem consultoria: ensinam o pensar do joalheiro e caminhos para desenvolver um trabalho com assinatura.

Para todos

Os cursos não são só para profissionais, não. Em quatro horas, você, mesmo sem nenhuma experiência, pode aprender a fazer a sua própria joia. “Queremos mostrar que, para fazer joia, você não precisa ter certa habilidade manual, não precisa ser criativo ou ser voltado para o artesanal. Joalheria pode ser para todos”, pontua Fernanda.

cortex hermetica luiza hermeto
Resultado de um trabalho autoral e artístico, a peça Córtex, da Hermética, forma-se a partir da junção de recortes de uma ressonância magnética (foto: Bárbara Lissa/Divulgação)

Já passaram por lá de adolescentes a idosos. Muitas pessoas que nem se imaginavam joalheiras descobrem um talento e um novo ofício.
 
Outro serviço é o aluguel das bancas de ourives para quem não tem uma oficina própria. Essas pessoas são chamadas de sócios-criadores. Além de ter acesso a ferramentas e máquinas, eles podem trocar ideias, informações e tirar dúvidas com quem estiver por perto, incluindo Fernanda e Luíza. “Contem com a gente para tudo o que tiver a ver com joalheria”, avisam.
 
Como estão em um espaço colaborativo, todos aprendem. Luíza gosta de contar como é rica a troca tanto com os alunos quanto com os professores, como o ourives Antônio Viana, de 85 anos, que tem peças expostas no Vaticano.

“É impossível descrever tudo o que aprendemos com ele. São lições que levamos para a vida toda”, destaca a joalheira, que se coloca o tempo todo no lugar de aprendiz.
 
Até porque elas continuam a criar para as suas marcas. No caso de Luíza, o nome Hermética vem do seu sobrenome e depois se conecta com as leis herméticas, que regem o universo. Por isso, as peças carregam princípios como ritmo, vibração e opostos.
 
pingente quiabo casananda fernanda salomao
Na coleção Quinatus, a CasaNanda transforma o ato de comer em joalheria (foto: Pedro Campos Prates/Divulgação)
 
A Córtex é resultado de um trabalho autoral e, por que não, artístico. “Ela se forma a partir da junção de recortes de uma ressonância magnética.” No fim, é como se fosse um cérebro reconstruído. Pode ser usada como colar ou adorno para a cabeça.
 
Com a marca CasaNanda, Fernanda cria joias que contem uma história e tenham significado. Inspirada pela gastronomia, ela desenvolveu a coleção Quinatus, que transforma o ato de comer em joalheria. As peças colocam em evidência quiabos de metal com “sementes” de pérolas.

“Assim como a comida alimenta o corpo, entendo que a joia nutre a alma e o espírito”, compara.

Serviço

Rua Fernandes Tourinho, 500 - sala 601, Savassi 
(31) 99116-8168 
Informações no site


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)