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Estado de Minas Minas Trend 2022

O papel do tempo

Exposição comemorativa dos 15 anos do salão de negócios pode ser conferida, agora, no Mumo


13/11/2022 04:00

Roupa papel
"O papel do tempo" (foto: Minas Trend/divulgação)

 
“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” A frase do escritor russo Tolstoi faz todo o sentido quando se trata de Mary Arantes, responsável pela curadoria da exposição “O papel do tempo”, no Minas Trend. É do reino das suas memórias afetivas, das experiências da infância no interior do Vale do Jequitinhonha, que nascem suas melhores inspirações.
 
E nelas está incluído o pai alfaiate no ofício manual da roupa sob medida: a fita métrica, a confecção do molde, a máquina de costura, o encaixe das peças, a prova criteriosa, a roupa pronta e precisa. Convidada para assinar a mostra comemorativa dos 15 anos do evento, o resultado do trabalho passa pela figura paterna, mas é fruto também de várias reflexões sobre o papel, matéria-prima essencial na construção dos croquis e moldes, sobre o papel do tempo, o papel no tempo, o papel da moda, o papel na moda.
 
Mary teve como parceiro o estilista Luiz Cláudio
Mary teve como parceiro o estilista Luiz Cláudio, da Apartamento 03 (foto: Minas Trend/divulgação)
 
 
Trata-se ainda de uma homenagem a todos que participam da engrenagem de criar roupas, um exército invisível de pessoas que, apesar de toda tecnologia, ainda se munem de técnicas artesanais, modelando, pilotando, costurando, arrematando o que as pessoas vão usar sobre seus corpos.
Com o compromisso de entregar mais do que aquilo que se espera e com a esperança de surpreender em data tão relevante, a estilista mergulhou em um universo de simbologias para fugir do convencionalmente apresentado nas exposições exibidas no Minas Trend: manequins vestidos com as roupas das coleções dos participantes do salão de negócios.
 
Exposição comemorativa
Exposição comemorativa dos 15 anos do salão pode ser conferida, agora, no Mumo (foto: Minas Trend/divulgação)
 
 
“Quando fui chamada para fazer a exposição, pensei que seria impossível sintetizar em um espaço um histórico de marcas que passaram por lá. Algumas delas nem existem mais, outras foram chegando. Foi a partir dos temas que nortearam as edições passadas da feira, que sempre privilegiou questões relevantes ao planeta, como água, oxigênio, sustentabilidade, que cheguei às roupas de papel”, ela conta.
 
O conceito passa também pela relevância da sustentabilidade no mundo contemporâneo, que questiona, inclusive, o excesso de produção de roupas. “Fui do tempo do sob medida aos tempos da padronização que engessaram os corpos em tamanhos P, M, G, refletindo sobre o papel da moda que, atualmente, muda com muita velocidade, originando essa superprodução.”
 
Para realizar o projeto, Mary teve como parceiro o estilista Luiz Cláudio, da Apartamento 03. Filho de costureira, ele também entrou na seara da memória, remetendo-se à época em que ajudava a mãe em seu trabalho, chuleando as peças, fazendo a bainha, pregando botões, com a premonição de que essa profissão poderia salvá-lo e, quem sabe, transformá-lo, um dia, em um grande costureiro.
 
A matéria-prima escolhida foi o papel usado na confecção dos moldes em sua fábrica, o mesmo que vem dentro dos tecidos que são enviados para ser plissados. Partindo daí, ele buscou nas modelagens da alfaiataria, sua grande paixão, a solução para elaborar as peças junto à modelista Noeme Neves. Não tinha ideia, porém, da dificuldade e delicadeza que a tarefa exigiria durante todo o processo. As peças tiveram que ser fechadas nos corpos dos manequins com alfinetes. Golas, bolsos e outros detalhes também foram afixados assim.
 
Os chapéus em forma de cúpulas são trabalho do artesão Ronaldo Lima. Alongados, trabalhados com minitubos de papel, faziam, na concepção de Mary, uma alusão à importância e crescimento do Minas Trend, o maior salão de negócios do Brasil. Os totens altos também sugeriam a mesma simbologia. “Criamos ainda um painel com cerca de 2 mil tirinhas de cadarços de sarjas, material que é muito usado pelas costureiras, com os nomes de marcas que já passaram pelo evento e colocamos uma caneta para que os visitantes pudessem assinar seus nomes, prova de que participaram daquele momento”, ressalta a estilista. 
 
Para completar, uma arara com cabides fazia alusão ao closet imaginário, um ateliê de estilista. “Nele foram dependurados moldes já usados e croquis enviados por essas marcas para comemorar os 15 anos do Minas Trend”. O projeto expográfico ganhou a assinatura da arquiteta Ana Clara Escuciato. 
A boa notícia é que quem não teve oportunidade de conferir a mostra poderá vê-la, agora, no Museu da Moda – MUMO, onde ficará durante um mês. (HA)


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