Não tem outra indicação de leitura para o início do ano melhor que “Madre Teresa, Amar e ser amado”, um retrato pessoal de uma das maiores líderes humanitárias do mundo. Trata-se da biografia da Madre Tereza de Calcutá, repleta de fatos, bastidores e particularidades, por meio do relato de quem conviveu de perto com ela. O autor, Jim Towey, a conheceu e companhou entre 1985 e 1997 – os últimos 12 anos da vida dela. Uma relação privilegiada, era advogado e grande amigo da religiosa, e atuou como conselheiro legal das Missionárias da Caridade (MCs). Durante esse período, ele anotou muito em seus diários, estudou, entrevistou parentes e amigos, acumulou os materiais ao longo de 37 anos e conta tudo na biografia lançado no Brasil pela editora Melhoramentos com tradução de Sandra Pina.
Impasses com governos, traições e lutas intermináveis contra a apropriação da imagem e do bom nome da Madre são algumas das questões que o autor compartilha. Mas o mais revelador é conhecer a Madre como Jim a conhecia – não a santa perfeita e intocável que vem à mente das pessoas, mas o ser humano real, que tinha amigos, gostava de chocolate, contava piadas e, eventualmente, se zangava.
Nas páginas de “Madre Teresa: amar e ser amado”, Jim nos presenteia com a história de uma pessoa que ele observou, seguiu e viveu. Uma pessoa que ensinou a ele lições sobre viver e envelhecer, como se aproximar de Deus e como amar e ser amado. O que muda tudo é a humanidade, a doçura, e também a fragilidade, com que Madre Teresa fez o que fazia, tornando sua vida e obra ainda mais notável.
Madre Teresa foi um exemplo de amor, pobreza e obediência ao Pai.
Vejam que lindo um dos trechos do livro: “Olhou-me com dois olhos límpidos e penetrantes. Em seguida, perguntou-me: “Quantas horas reza todos os dias?”. Fiquei surpreso com semelhante pergunta e tentei defender-me, dizendo: “Madre, da senhora eu esperava um incentivo à caridade, um convite a amar mais os pobres. Por que me pergunta quantas horas rezo?”. Madre Teresa tomou minhas mãos e estreitou-as entre as suas, quase para me transmitir o que tinha no coração; depois, confidenciou-me: “Meu filho, sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres. Lembre-se: eu sou apenas uma pobre mulher que reza. Rezando, Deus coloca o Seu amor em meu coração, e assim posso amar os pobres. Rezando!” Nunca mais esqueci esse encontro: o segredo de Madre Teresa está todo aqui. Voltamos a nos ver muitas outras vezes, mas constatei que toda ação e toda decisão de Madre Teresa são maravilhosamente coerentes com essa convicção de fé: “Rezando, Deus coloca o Seu amor em meu coração”.
Alguns ensinamentos de Madre Tereza:
“Se você julga as pessoas, você não tem tempo para amá-las”
“A maior doença do Ocidente hoje não é a lepra nem a tuberculose; é ser indesejado, não ser amado e ser abandonado. Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. Há uma fome de amor e uma fome de Deus.”
“Sejam gentis uns com os outros na sua casa. Sejam gentis com as pessoas. Eu acho que é melhor você errar na bondade do que fazer milagres com falta de bondade. Muitas vezes, uma só palavra, um olhar, um gesto rápido, e as trevas enchem o coração da pessoa que amamos.”
“Um sacrifício, para ser real, tem que custar, tem que doer, tem que nos esvaziar. O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.”
“Quando um pobre morre de fome, não é porque Deus não cuidou dele. É porque nem você nem eu quisemos dar a ele o que ele precisava.”
Fonte: Aleteia