Jornal Estado de Minas
Arte final

Crianças 'rebaixam' o poder de decisão de compra das famílias


 
O ano começou com um desafio que não é novidade no meio publicitário. Melhorar a comunicação das marcas com a geração Alpha pode ser determinante para a sobrevivência de algumas empresas de segmentos específicos. A geração Alpha é composta por nascidos a partir de 2010, um contingente que não para de crescer e deve chegar aos 2 bilhões de pessoas no mundo até 2025. E se antes os criadores de conteúdos só pensavam em como aproximar as marcas dos "consumidores do futuro", eis que se deparam com nova realidade que se parece com slogan de campanha publicitária: o futuro já chegou. 
 
Essa geração não se limita mais a escolher brinquedos no Dia das Crianças ou no Natal. Elas já são capazes de influenciar na decisão de compra dos mais variados produtos ou serviços no ambiente familiar. São crianças que chegaram ao mundo já conectadas, o que se constata no estudo publicado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O levantamento aponta que aproximadamente 61% das crianças da geração Alpha já possuem aparelho eletrônico próprio e 32% interagem diretamente com o YouTube e por outras redes sociais. 

INVESTIMENTOS FINACEIROS Bombardeados de estímulos e com tamanha autonomia não é difícil perceber que esse público, imerso nas tecnologias e valorizando temas como diversidade, inclusão, sustentabilidade e igualdade, tem mudado consideravelmente as características dos consumidores mirins e assumido um protagonismo cada vez mais maior no consumo familiar. Em alguns segmentos essa influência é mais visível.
Estudos mostram que 65% dos pais assumem influência dos filhos no momento da decisão sobre viagens; 70% dos pais admitem que os filhos influenciam sobre como será as refeições. A influência chega até mesmo em decisões de investimento e serviços financeiros, admitida por 70% dos pais entrevistados na pesquisa.

INFLUÊNCIA GERAL Já o estudo "Crianças brasileiras", realizado pelo IBGE, em parceria com a Dotz e com dados obtidos pelo Instituto Locomotiva, reforçam o poder de influência das crianças já conhecidos de outras épocas. Porém, surpreendente com índices cada vez maiores: 88% dos pais admitem influência dos filhos no processo de compras em shoppings e supermercados; 87% na decisão de compras nas lojas de brinquedo; 79% no momento da compra de frutas, legumes e verduras em sacolões, feiras e hortifrútis. 

NOVA ORDEM Daí a necessidade de as empresas se adaptarem rapidamente para redirecionar sua comunicação infantil, o que será um grande negócio. Não à toa que grandes marcas vêm investindo em públicos cada vez mais jovens, contratando influenciadores infanto-juvenis e oferecendo inúmeras oportunidades e atrativos em busca de conversão de vendas. Uma tarefa nada fácil, pois é preciso usar argumentos que possam ser compreendidas pelos adultos e bem atrativas para as crianças.
 
Levando-se em consideração que a população de 0 a 12 anos representa mais de 38 milhões - e aumenta para 53 milhões quando incluídos jovens de 13 a 18 anos, trata-se de uma fatia de possíveis consumidores muito relevante para ser ignorada. Portanto, já passou da hora de pensar em criança apenas como consumidores de brinquedos e produtos e serviços infantis. Está cada vez mais claro que, nos tempos atuais, o comando - pelo menos de =compra - já não vem mais de cima. 
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