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Estado de Minas 24ª QUERMESSE DA MARY

O melhor do artesanato

Edição do Dia das Mães, além de novos expositores, traz quatro artesãosdo Vale do Jequitinhonha


09/04/2023 04:00

Potes
Potes de Dona Rita


As quermesses da Mary Arantes Figueiredo – ou Mary Design, como muitos ainda a chamam – já se tornaram tradição na cidade. A inquieta empresária e artista começou a fazê-las há alguns anos e de duas edições anuais passou a ter quatro, porque gente criativa não para. E Mary é assim. Decidiu organizar os “encontros” não apenas por datas especiais, mas por áreas de afinidades. E deu supercerto.

O sucesso se deve ao empenho e bom gosto da empresária, que faz uma curadoria primorosa ao escolher quem convidará para participar de cada edição. “Fazer um evento como a Quermesse não significa abrir vagas para expositores se candidatarem, significa pensar no evento como um todo, escolher no mailing qual mix de produtos e expositores é o ideal para que uma edição tão especial como o do Dia das Mães aconteça. A seleção começa com a visita ao ateliê de cada expositor, pois é ali que mora a alma do criador e do produto por ele criado. Ateliê pra mim é santuário da criação, é altar sagrado”, explica Mary. Trabalho bem-feito, produto bom, de qualidade, bonito e diversificado atrai público, que compra e todos saem satisfeitos. A receita é infalível e por isso o sucesso só aumenta.

“Depois de formado esse grupo na cabeça e no coração, convido o expositor para participar, checamos agendas e cada sim é celebrado com alegria, normalmente por ambas as partes. Depois de todos os “sins salabins”, monto o que chamaríamos de “expografia”, qual produto combina com qual, qual é maior e não pode ficar na frente do menor, em qual lugar situá-lo. Uma pessoa precisa de extensão para lâmpada, outro prefere mesa e outro, painel. Conciliar beleza, produtos diferentes e o querer de cada um é tarefa para perder noites de sono”, conta a experiente empresária.

pássaros
Os pássaros de Andrezim

VALLEY TO VALE 

Não bastasse toda essa trama que tece, como curadora do evento, a inquietação de Mary lhe deu uma ideia de trazer, além de expositores do Rio, São Paulo, Tiradentes, Bichinho, outros tão importantes quanto estes: os artesãos do Vale do Jequitinhonha, terra de onde ela nasceu. Queria fazer uma edição só deles, mas ainda não foi desta vez, afinal, a logística é muito complicada. Mesmo assim, conseguiu trazer quatro conterrâneos para a 24ª edição da Quermesse da Mary, que surpreenderá o público.

“Andrea Fiuza Hunt, psicanalista junguiana brasileira que mora há mais de 20 anos em NY, iniciou o projeto da Fundação Filantrópica Valley for Vale (que unirá o vale do Rio Hudson, onde ela mora, ao Vale do Jequitinhonha). Eu, daqui do Brasil, terei a honra de ser a ponte entre os dois vales e farei seleção e curadoria dos produtos que serão exportados e vendidos no site da fundação, cuja intenção é trabalhar com preços justos que serão repassados aos expositores e atender às demandas necessárias à melhoria de vida e trabalho destes artesãos”, relata.

Mary Arantes Figueiredo
Curadora e empresária Mary Arantes Figueiredo (foto: Bárbara Dutra/Divulgação)


Enquanto a fundação segue os trâmites legais nos EUA, Andrea teve a ideia de começar com uma Vakinha e, com o montante nela arrecadado, viabilizar a vinda de quatro artesãos, como convidados da Quermesse: a mestra Dona Rita, ceramista que criou os potes com rostos e sua filha, a também ceramista Valdete Lima Gomes, de Campo Alegre, distrito de Turmalina, o Andrezim (André Cândido Teixeira), do quilombo Vai Lavando, distrito de Berilo, famoso por esculpir pássaros de formato inédito, e sua esposa, Maria Lucia Luiz, bonequeira de marca maior.

Com parte da vida dedicada a arte e artesanato, dar visibilidade a estes mestres, é o que Mary sempre sonhou. Trazê-los significa, tirá-los da invisibilidade. É importante que todos conheçam o rosto de cada um deles. Que eles lhes contem como vivem, como trabalham e as dificuldades que enfrentam para escoar a produção que fazem.

 bonecos
Maria Lúcia se encontrou fazendo bonecos

ANDREZIM 

Natural da comunidade quilombola Vai Lavando, município de Berilo, André Cândido é puro como seu sobrenome. Carrega na alma a leveza e pureza dos seres que esculpe, os pássaros. Na infância via e acompanhava os homens que montavam armadilhas para prender, vender, matar e assar os passarinhos e agora esculpi-los é uma forma de libertá-los, a bandeira hasteada contra a matança e aprisionamento dos pássaros.

Quando questionado quando começou a esculpir pássaros André responde: “Eu já via eles nas matas, quando criança, nas formas das árvores quando do desmatamento feito, via nelas animais e pássaros. Quando criança aprendi a esculpir para fazer meus próprios brinquedos, já que não tínhamos dinheiro pra comprar. Meu sonho era ter um ateliê no meio da mata, ter um recanto de paz, ar puro e respeitar os animais. Como cresci lutando contra o desmatamento, pedi a Deus que da mata Ele me desse um retorno para eu sobreviver, e está aí, o artesanato”, conta. Sobre como nasce a escultura de cada um, André fala: “A própria madeira já define a silhueta, o destino de ser pássaro, o caminho a ser esculpido. Eles nascem da torção dos galhos, do pedaço de um cipó”.

DONA RITA 

Poteira mais famosa do Vale do Jequitinhonha, quiçá do Brasil,  nasceu em 1952 em Campo Buriti e hoje mora em Campo Alegre, distrito de Turmalina, MG. Aprendeu a fazer cerâmica ainda criança, por volta dos 12 anos com sua mãe, a também ceramista, Paulina Gomes de Souza. Começou fazendo pequenos objetos, como botijas, pratos e potes. No início fazia mais cerâmica utilitária, o estímulo apara fazer peças decorativas ou com formas diferenciadas, veio nos anos 1970, através dos agentes da Codevale. E passou a fazer jarros de flor, canecas, potes com alça, bonecas e o Mané Gostoso. A grande virada veio com a ideia que ela teve de fazer potes com traços humanos, mudança esta que ela mesma no início, estranhou, mas que foram muito bem recebidas pelos clientes.

VALDETE GOMES 

é filha de Dona Rita e estará na Quermesse com uma de suas filhas, representando também sua mãe. Valdete Lima Gomes, ceramista e uma de suas filhas, estará  nesta próxima Quermesse da Mary e além do trabalho próprio, representará sua mãe, Dona Rita com seus potes mágicos.

“Desde pequena vejo minha mãe trabalhar com o barro. O barro sempre era o sustento da família. Tenho três filhas, Sabrina, de 21 anos, Patrícia, de 17 e Camila, de 15, e todas fazem artesanato. É uma tradição de geração, de avó, para pai e para filhos. Faço botija e gosto muito de fazer peças com rosto, vasos com rosto, vaso de plantar de boca, que chama o vaso beijo. Ao contrário da minha mãe, eu sempre pinto alguma coisa, as bocas, os olhos, sobrancelha e brincos. Faço um pouco de cada, mas as preferidas são essas. Também faço peças utilitárias e decorativas. Amo trabalhar com artesanato. De coração”, diz.

MARIA LUCIA

 “Minha mãe era tecelã e me ensinou a fiar as linha, ela tecia cobertores lindos. A gente colhia o algodão, ela fiava e produzia as coberta para vender. Ficou doente por 16 anos e eu cuidei dela. Depois disso, o material de tecer e no tear, apodreceu tudo. Eu não cuidei. Como eu não tinha mais o material para fazer o que eu sabia, mexer com as linha, fui procurando uma forma de fazer alguma coisa que eu gostasse. Foi aí que comecei a fazer boneca. Nada me incentivou, eu fazia com todo carinho a bonequinha, enfeitava ela, nunca esperava que ia vender elas”, diz com seu jeito simples.

Uma vez, André, seu marido – o artesão que esculpe pássaros veio para Belo Horizonte para uma feira e trouxe algumas bonecas para vender. Voltou e entregou R$ 120 para Maria Lúcia e foi um grande incentivo. Recebeu algumas encomendas, veio a pandemia e ela não parou mais.

“Tenho artrite e não é todo dia que eu consigo fazer bonecas, porque dói. Fazer bonecas tem me ajudado muito porque eu ajudo no sustento da casa, fico feliz demais, me emociono. O dia que eu termino uma boneca, eu mesmo olho pra ela, várias vezes, de tão feliz”, conclui.

QUEM VEM 

A seleção desta edição está mais que preciosa, com 37 marcas de diversos setores, como a artista Juliana Bollini, nascida em Buenos Aires, que faz esculturas em papier-mâche; a marca paulista Saboaria Brasil, que estreia no evento com seus cosméticos naturais e artesanais; a professora e joalheira Lívia Canuto, do Rio; a novíssima oli.O, marca infantil de BH.

Ainda no quesito roupas, estarão presentes, os pijamas da Maria Barbosa, as roupas da carioca Obra Ipanema e a fabulosa Plural. Sem falar dos bordados realistas de insetos da Cássia Matilda; da pâtisserie da Sá Maria; da nova coleção de tapetes da Madame Frufru, inspirados em Mondrian; das mudas empencadas de blueberries da Mirtilos Moreira; das folhinhas minúsculas dos orgânicos da Horta viva Microverdes.

Vai faltar falar de muita gente, mas pense que teremos doces premiados, importados de Bichinho, cerveja, café e comidinhas, além de cerâmicas, joias em acrílico, roupas, os autômatos e a arte de Agnaldo Pinho e muito mais.

Serviço
• Mary Arantes / (31) 99213-0878
• @quermessedamary/ @coisasdamary
• 24ª Quermesse da Mary
• Dias 14 e 15, das 10h às 19h
• Dia 16, das 10h às 17h
• Rua Ivaí 25, Serra, BH
• Evento pet friendly
• Entrada franca


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