Nos anos 1980, as mulheres deram o grito de independência e o que já vinha se delineando, ao longo do tempo, transformou-se em realidade. Foi nessa época que elas entenderam que a liberdade passava pelo bolso e saíram, definitivamente, da esfera doméstica para enfrentar o mercado de trabalho, assumindo responsabilidades e postos de trabalho importantes nas empresas ou criando seus próprios negócios.
O período coincide também com o advento da indústria da confecção em Minas Gerais e com o início da profissionalização do setor da moda, não só na capital mineira, mas também no interior do estado.
Dona Ilva Castro foi uma dessas mulheres que se arriscou no empreendedorismo e a Skunk, localizada em Juiz de Fora, é fruto da sua coragem e dedicação. Fazendo jus à tradição da cidade, que ficou famosa pelas indústrias especializadas em malha, começou o trabalho usando a matéria-prima, uma produção simples com blusas e camisas bordadas e pintadas à mão, que ela mesma inventava.
Até sua morte, há dois anos, esteve presente em todos os setores, seja no chão de fábrica, seja na curadoria das matérias-primas têxteis. “Tinha muito bom gosto e olhar apurado. Quando estávamos escolhendo os tecidos, a Liliane, sua filha e nossa diretora criativa, a chamava. Ela tocava tudo e, entre as várias opções, a palavra final era dela”, lembra o estilista Antônio Diniz, que tem uma relação profissional com a Skunk há 15 anos, entre saídas e retornos.
“O que me move a retornar sempre é o respeito e a confiança que encontro no ambiente de trabalho. A Liliane puxou a mãe, revolucionou a marca. Tem também uma visão empresarial e comercial, um olho de águia e faz escolhas assertivas. Trouxe os melhores fornecedores do mercado e isso, para quem cria moda, é muito importante”, pontua.
Dona Ilva teve tempo suficiente para ver a sua ideia germinar e crescer muito mais do que poderia imaginar: a Skunk se tornou referência no pool das confecções mineiras. “Quando meu pai faleceu, ela ficou desanimada, e cogitou fechar o negócio, mas a convenci que tínhamos de continuar”, conta Liliane, que assumiu a coordenação do estilo. O momento significou uma guinada de direção, uma mudança na proposta e estética e uma ampliação de espaço no mercado.
Como em toda empresa familiar, cada membro é responsável por uma função: as irmãs Silvana e Rossana são, respectivamente, diretoras comerciais nas áreas de atacado e de varejo. E o marido de Liliane, Luciana, é o diretor financeiro. Para completar, três netas de dona Ilva participam do time de estilo. Se dá certo? Sim, é a resposta geral, porque todos miram no propósito e nas metas a cumprir.
Durante algum tempo, a marca esteve presente no Minas Trend testando o segmento de pedidos. “Chegamos à conclusão de que a nossa vocação é mesmo a pronta-entrega e resolvemos concentrar nesse nicho e na parte do varejo”, explica Liliane.
Hoje, a Skunk abriga 150 funcionários e dá empregos indiretos para toda uma cadeia produtiva. Possui showrooms em São Paulo e em Belo Horizonte, no bairro Gutierrez, representantes em algumas cidades de São Paulo, três lojas de varejo em Juiz de Fora e uma no Rio de Janeiro, além do e-commerce. Os segmentos de tricô, sarja e jeans, que sempre integram as coleções, são feitos por meio de private label.
Ciclos A coleção Ciclos, voltada para o verão, é composta por 200 peças, e foi lançada na semana passada com resultados surpreendentes. Segundo Liliane, ela superou a meta de todas as coleções anteriores à pandemia. “O destaque foi uma curadoria cuidadosa de tecidos exclusivos e importados aliados a uma produção de alta qualidade e durabilidade”, acredita.
Cada um dos estilistas da família Castro tem uma explicação para tamanha aceitação. “A modelagem impecável é um dos pontos fortes, com peças pensadas e desenvolvidas para valorizar o corpo feminino, proporcionando um caimento perfeito e confortável. A marca investiu em testes para garantir que suas clientes se sintam confiantes e elegantes ao vestir suas roupas”, explica Mariana.
“A alfaiataria diferenciada é um dos destaques”, segundo Marcela. “Apostamos em cores, detalhes e acabamentos precisos, trazendo um toque de sofisticação e elegância para as peças. A atenção com esses detalhes é evidente em cada costura e acabamento, mostrando o cuidado e dedicação da marca em entregar um produto qualificado”, garante.
Para Tatiana, “a proposta clean e atemporal da coleção é perfeita para mulheres que buscam um estilo sofisticado e versátil. Os tons neutros predominam, trazendo uma sensação de leveza e frescor para os looks de verão. Esses tons são atemporais, permitindo que tudo seja usado em diferentes ocasiões e combinadas com facilidade”, observa.
Já Antônio Diniz, acredita que “o handmade, os bordados feitos à mão com habilidade e dedicação, são os diferenciais da temporada de verão.
Outro ponto a favor da Skunk é a preocupação com a pauta da sustentabilidade. Existe um compromisso com o consumo consciente, com a produção ética e responsável, utilizando materiais com essa qualificação sempre que possível.
“Utilizamos em nossa fábrica a energia solar, que é uma fonte renovável e limpa e acreditamos que é possível aliar moda com consciência ambiental”, acrescenta Tatiana. A sustentabilidade social também está presente por meio do trabalho handmade, já citado, que traz um toque especial e único para cada coleção.