O Atlético inicia hoje uma nova era em sua história quando a bola rolar à tarde no primeiro jogo oficial da Arena MRV, a nova casa do Galo. O adversário será o Santos, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Anunciada como a "arena mais tecnológica do Brasil", o patrimônio supera R$ 1 bilhão de investimentos, e que deve proporcionar cerca de R$ 150 milhões brutos por ano de receitas ao clube. Com capacidade de 46 mil torcedores nos jogos e até 66 mil pessoas em shows, o estádio passou testes, entre eles o "Jogo de Estrelas", para 20 mil torcedores. Em setembro, dois shows estão já confirmados: dia 6, com a dupla sertaneja Jorge & Mateus, e no dia 9, com a banda norte-americana Maroon 5 e abertura da banda mineira Jota Quest.
EXPECTATIVAS Afundado em dívidas, o clube se transformou recentemente em SAF - Sociedade Anônima do Futebol, com repasse de 75% delas para a Galo Holding, composta pelos chamados "4 Erres", grupo de investidores formado pelos empresários atleticanos Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Rafael Salvador. Por isso, a inauguração do novo estádio traz esperança de que o impacto financeiro muda a vida do clube. Só com bilheteria em jogos, o Atlético pretende faturar cerca de R$ 80 milhões a partir de 2024. Com shows e o programa sócio-torcedor, a expectativa sobe para R$150 milhões.
INVESTIMENTO Porém, o custo final da nova casa superou em muito a previsão inicial. O CEO do Atlético e da arena Bruno Muzzi apresentou, em entrevista coletiva, o estudo "a evolução dos custos da Arena MRV", no qual explica que o preço original do projeto saiu de R$ 410 milhões em 2018 para R$ 746 milhões em agosto de 2023. Isso sem contar os R$ 335 milhões das contrapartidas, o que eleva para quase R$ 1,1 bilhão o custo final do empreendimento. A conclusão do estudo apresentado, no entanto, é de que o custo ficou abaixo do esperado. O preço natural, segundo o estudo, deveria ser R$ 774 milhões, considerando a média da inflação para ajustar os R$ 410 milhões em agosto de 2023, além dos R$ 127 milhões das "melhorias do projeto". "Se a gente tiver pegado os R$ 410 milhões na média dos índices - INCC, IGPM e IPCA - para agora, houve um aumento de 50%, chegando a R$ 647 milhões em agosto de 2023, só corrigindo o valor. E se a gente incluir as melhorias de projeto, chegaríamos a R$ 774 milhões", argumenta Muzzi.
RECEITAS Pelas projeções, a previsão é de que o empreendimento esteja pago no final de 2029. Sendo assim, só daqui a sete anos a Arena deverá gerar dinheiro novo para os cofres do clube. Neste período, o faturamento será usado para pagar custo e juros do dinheiro investido na construção da Arena. Entre as importantes fontes de receitas está a comercialização de qualquer produto dentro do estádio, incluindo as propriedades de publicidade. "Sobre bebidas, alimentos e estacionamento, o faturamento é de 18% a 25%", disse Muzzi, observando que as placas de publicidade estão atreladas nas negociações conjuntas da Libra.
NAMING RIGHTS Para impulsionar as receitas será usado os naming rights. O estádio nasceu com nome oficial, mas já vendeu os "sectors naming rights". Nesse processo, o nome de cada setor do estádio (cadeiras inferiores, camarotes e arquibancada superior, entre outros) são rebatizados por novas marcas. "Conseguimos vender os sectors naming rights do estádio. O nível Inter é o nível superior de arquibancada, logo abaixo tem o setor de camarotes e o mais abaixo, mais próximo do campo, mais um nível privilegiado. Isso foi um impacto muito grande, tanto para a obra como para o Atlético", explica Rivelle Nunes, head de comunicação da arena, que ainda salienta a realização de uma série de ativações pelos parceiros.
CALDEIRÃO Para o torcedor, muita tecnologia para proporcionar experiência, inclusão, lazer e conforto. A promessa é entregar a arena mais tecnológica do Brasil, com reconhecimento facial em todas as entradas, iluminação inteligente com led, dois telões de 144 metros quadrados e 100% de conexão à internet com wi-fi de última geração. Por fim, o Atlético espera que sua arena seja um autêntico caldeirão, que proporcione uma sintonia entre torcedores e o time em campo. Para isso, a acústica foi pensada para causar grande impacto nos jogos e nos shows. Afinal, neste momento de oscilação no Campeonato Brasileiro, o que o torcedor atleticano mais quer é ver o time vencer. E nada melhor do que estrear a nova casa com um grande triunfo.