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Estado de Minas SPFW

O brilho dos mineiros

Coleções imprime um a identidade brasileira por meio de bordados, rendas regionais, aplicações, crochê e macramê


19/11/2023 04:00 - atualizado 17/11/2023 16:28
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apartamento 03
apartamento 03 (foto: SPFW/divulgação)

 
Marta de Divitiis
Especial para o Feminino
 
A edição número 56 da SPFW – São Paulo Fashion Week, que aconteceu entre os dias 8 e 12 de novembro, no Shopping Iguatemi (durante a manhã e início da tarde) e no Komplexo Tempo (à noite), na capital paulista, reuniu 38 marcas, sendo 4 delas mineiras (Apartamento 03, Ronaldo Silvestre, LED e Mateus Cardoso). Após a maratona de desfiles, podemos apontar que as artes manuais como o crochê, as rendas nordestinas, os bordados mineiros e o tricô imprimiram uma identidade brasileira à moda apresentada.
 
Rocio Canvas
Rocio Canvas (foto: SPFW/divulgação)
 
 
Porém nem tudo foram flores bordadas e aplicadas: o desconforto tomou conta das plateias e profissionais, especialmente no Komplexo Tempo. O calor escaldante que assolou o país e a inexistência de ar-condicionado nas salas de desfile tornou um tormento os momentos de espera entre um desfile e outro. A dificuldade de locomoção entre o Jardim Paulistano, onde fica o Shopping Iguatemi, e a Mooca, onde se localiza o Komplexo Tempo, foi outro fator importante a ser destacado.
Essa edição encerra o Festival SPFW + Origens/Ressignificar, iniciado em maio deste ano, sendo que buscou entrar em contato com as raízes culturais brasileiras com o objetivo de ressignificar e compartilhar conhecimentos.
 
Walério Araújo
Walério Araújo (foto: SPFW/divulgação)
 


Mineiros se destacam

Entre os estreantes, Mateus Cardoso chegou trazendo frescor à alfaiataria. Peças com ombros largos, looks com deslocamento de camisa ou moldes de paletó para a frente do corpo aliados a cortes precisos e bom acabamento elevaram o nível da apresentação.
 
Patricia Viera
Patricia Viera (foto: SPFW/divulgação)
 
 
Luiz Cláudio Silva, da Apartamento 03, brincou com a tonalidade azul, trazendo um pigmento africano para a coleção. “Isso me remeteu à ideia de ancestralidade, olhando tanto para trás como para a frente,” explicou. Na passarela, o azul profundo respingou no branco de peças elaboradas com franjas e volumes plissados, bastante sofisticados e de encher de alegria o olhar.
 
Ronaldo Silvestre colocou na passarela a coleção “É sobre o Brasil”, uma homenagem a Carmen Miranda e seus acessórios gigantes, plataformas imensas. Em destaque, peças de macramé com a reutilização de materiais (com tecidos do cabedal das sandálias Rider) e estampas luxuosas.
Já a LED trouxe a militância LGBTQIA para o desfile, por meio de camisetas e estampas de dizeres de palavras de ordem como “Bicha Power”, além do arco-íris, signo da causa. Looks coloridos, alegres e um tanto irreverentes e atrevidos.


Handmade

O crochê, o macramê e o tricô vieram fortes no estreante João Maraschin, que fez o caminho inverso (sua marca é forte no exterior e só agora ele a trouxe para o Brasil). De acordo com Maraschin, seu trabalho, que tem na sustentabilidade o ponto de partida, é “um casamento entre o artesanato e o design”. Fios de garrafas PET recicladas originaram peças em crochê e tricô. O bordado aparece em peças inteiras, transformando-se em estampas, assim como o macramê que tece vestidos. “As comunidades de artesãos (em Itabira, MG) que trabalham comigo são a força motriz do meu trabalho,” explicou.
 
O Ateliê Mão de Mãe mesclou a técnica do crochê, refinada, com aplicação de flores. Saias estilo godê guarda-chuva, túnicas e saias longas mostraram que o artesanato está cada vez mais sofisticado. Outro que faz do crochê seu ponto de partida foi David Lee, com a passarela repleta de cores. Destaque para as tiras de crochê em tressé, formando tops. O crochê e o tricô também apareceram com força no desfile da Sou de Algodão, que trouxe um combo de estilistas trabalhando para o movimento, que busca o incentivo do uso do algodão sustentável.
 
A masculina De Pedro trouxe bordados e patchwork de tecidos em calças e camisas. O designer, neto de costureira e bordadeira, trabalha com Arranjos Produtivos Locais no Nordeste do Brasil, com apoio do Sebrae, trazendo o que antes se via apenas em toalhas de mesa e colchas para a moda, de forma sofisticada e contemporânea. A alagoana Foz trouxe rendas, bordados em canutilhos, além de bordados vazados. Utilizou a renda filé em vestidos, que também apareceram em crochê. As estampas remetiam à arte naif nordestina e foram complementadas por franjas de cerâmica. Marina Bitu apresentou vestidos em pétalas de tecidos e fuxico vazados; aplicação de penas e elementos de cerâmica.
 
Cores, estampas e brilhos
 
Como reflexo da vontade de se expressar mais, de frequentar festas, de celebrar a vida, depois de três anos em que a solidão e o isolamento se fizeram presente, assim como a vivência das guerras e suas tragédias cotidianas, a moda nesta temporada se mostrou em cores vibrantes ou tonalidades pastel. Poucas grifes utilizaram o preto e as cores mais fechadas, tão comuns em estações passadas. A explosão de cores pode ser observada nas estampas da The Paradise e da Foz; nos azuis de Apartamento 03 e Weider Silvério, assim como nas peças masculinas da DePedro. Os brilhos, como se a vida fosse uma eterna busca pela festa, estiveram presentes em bordados elaborados, muitos sobre rendas, dourados, em João Pimenta, no mix de ouro e prata de Walério Araújo, no couro metalizado, trabalhado milimetricamente por Patrícia Vieira. Puderam ser vistos também nos tecidos bordados com canutilhos de Renata Buzzo e, sempre, em Lino Villaventura, em pequenos e preciosos detalhes. A Handred trouxe brilhos pontuais em peças com aplicação de cristais. 
 
Volumes e formas
 
Apesar da vontade de estar na ribalta, nas festas e eventos, o conforto adquirido nos últimos anos não foi abandonado. Assim, formas amplas, geométricas, estilo comfy, mesmo nas peças de alfaiataria, estiveram nas passarelas de Angela Brito, Korshi 01, Rafael Caetano, Helô Rocha e Hist. João Pimenta trabalhou a alfaiataria em zibeline, fazendo dobraduras, numa modelagem sofisticada. Destaque para as três peças que vieram confeccionadas em tecidos obtidos em tear manual. Saias, blusas, vestidos e túnicas, em quase todas as coleções mostradas, tinham o efeito balonê, tão em voga nos anos 1980. Pode ser observado em Apartamento 03, de forma bem luxuosa, com plissado e respingos de cor e franjas; na T.A. Studio e Rocio Canvas. 
 
HITS
 
Peças com bordados, aplicações, rendas, fendas imensas e transparências estratégicas.

Tricô, crochê e macramê em peças inteiras (inclusive nos acessórios como bolsas e sandálias) ou somente em detalhes.

Cores vibrantes: vermelho, azul, amarelo açafrão.

Metalizados: especialmente o dourado e o ouro velho.

Alfaiataria com modelagem ampla.

Calçados com plataformas pequenas, estilo papetes.

Bolsas grandes usadas como clutches.

Franjas detalhando peças, enfeitando acessórios como as clutches e formando o corpo de vestidos, blusas e saias.

As cores que nos remetem à terra, paralelamente ao cru, off white e bege.

As formas confortáveis, mas muito bem estruturadas e modeladas.

Peças que foram criadas para durar várias estações. 
 
 


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