Jornal Estado de Minas

Prédio do Imaco vai virar centro cultural em BH


O prédio do Colégio Municipal Imaco, dentro do Parque Municipal Américo Renné Gianetti, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, prepara-se para trocar a educação pela cultura. A edificação, erguida em um dos primeiros lotes da cidade, no qual Aarão Reis e sua comissão fizeram um canteiro para as obras de construção da capital, será transformada em um centro de música, artes plásticas e visuais. Conforme o Decreto 12.869/07, os mais de 2,1 mil alunos vão ser transferidos para o edifício onde funcionava uma escola particular, na Rua Gonçalves Dias, 1.180, no Bairro de Lourdes.

Segundo o presidente da Fundação Municipal de Parques e Jardins, Luiz Gustavo Fortini, a transferência e os novos usos propostos à construção justificam-se pelos transtornos causados durante o turno da noite. “Os problemas mais graves são implicações ambientais e de segurança ligadas ao fato de termos que manter o parque aberto até meia-noite, quando terminam as aulas do noturno. A arquitetura do prédio também não se integra ao parque” , afirma.

A reforma faz parte do programa de revitalização do Centro e vai oferecer à população salas e auditório para aula de educação ambiental e palestras, espaços para eventos, palco para apresentações musicais e teatrais com tratamento acústico apropriado para abrigar os ensaios da Orquestra Sinfônica de Belo Horizonte, além de áreas para exposição de fotos, quadros e outras obras de arte e biblioteca. “Planejamos promover os shows da orquestra no novo centro.

A idéia é centralizar as ações culturais que ocorrem no parque nesse local”, adianta.

O projeto, encomendado ao escritório do arquiteto Gustavo Penna, por dispensa de licitação, deve ser apresentado à cidade no início de dezembro. De acordo com a Gerência de Patrimônio Histórico Urbano de BH, o Parque Municipal é tombado em seu conjunto, mas não o edifício do Imaco.

A proposta de mudança não agradou a todos os alunos, professores e funcionários do colégio. Um manifesto, com mais de 700 assinaturas – um terço da comunidade escolar –, critica a mudança. “A escola foi fundada em 1954 e o ponto é ótimo. Favorece estudantes pobres do corredor Antônio Carlos/Cristiano Machado, que têm de pagar apenas uma passagem para chegar.
Permite também aos alunos se apropriarem de outros espaços públicos, como praças e teatros da área central”, defende a professora de história da instituição há quase 13 anos, Maria da Conceição Veloso.

Para ela, as aulas de biologia, ecologia e história ganham vida no lugar e o fato de o município abrir uma nova instituição de ensino não devia implicar no fechamento de outra. Os estudantes Brenda Isabela Dornelas, Luana Caldeira e William de Almeida, todos de 15 anos, concordam. “Nos afeiçoamos ao local e a decisão foi unilateral”, critica o adolescente. “Não vejo motivo. Meu ônibus só pára na Avenida Alfredo Balena e vou ter que caminhar até a Praça da Liberdade”, reclama Brenda.

O secretário municipal de Educação, Hugo Vocurca, afirma que a mudança faz parte de um projeto para a capital. “Há pessoas contrárias, mas também muitas que aprovam a mudança.
O Imaco tinha problemas de relacionamento com a direção do parque, de violência e depredação. O prédio para onde o colégio vai ser transferido é ótimo”, diz. .