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Estado de Minas

Capela de Santana vai voltar 40 depois

Peças de capela do século 18, desmontada há quase quatro décadas, retornam a Mariana e serão usadas num novo templo. Em Juiz de Fora, bispo pede anulação de tombamentos


postado em 09/02/2008 07:32 / atualizado em 24/07/2018 15:45

(foto: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais/Divulgação)
(foto: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais/Divulgação)

Quase 40 anos depois de ser desmontada e transferida para Belo Horizonte, a Capela de Santana, construída em 1712, vai retornar à histórica Mariana, na Região Central de Minas. A decisão foi tomada, na semana passada, em reunião na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, na capital, com participação de todas as instituições envolvidas na devolução desse tesouro barroco. Pelo acordo, intermediado pelo coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico/MG, Marcos Paulo de Souza Miranda, a Prefeitura de Mariana assumiu o compromisso de reconstruir o templo católico no seu local de origem, o Bairro Gogô, a quatro quilômetros do Centro.

“Estamos recuperando uma parte do nosso acervo. Muita gente nem sabia da existência dessa capela”, diz o diretor do patrimônio da Arquidiocese de Mariana, cônego João Francisco Ribeiro, que esteve no encontro ao lado do vice-prefeito Roque Camêllo e de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da empresa Mendes Júnior, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas). Para Marcos Paulo, houve “boa vontade de todas as partes, numa solução consensual, com aprovação também do arcebispo de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e acompanhamento de todo o processo pelo Iphan”.

A expectativa é de que a Prefeitura de Mariana faça a transferência das peças até o fim do mês, providenciando um local seguro para armazenar o acervo. Em três meses, será apresentado ao Iphan o projeto de reconstrução e cronograma de obras. "Daremos o apoio logístico e material para transporte, acondicionamento dos objetos e recomposição da capela no mesmo local, aproveitando as fundações existentes. Para isso, contaremos com a orientação do Iphan e da arquidiocese. Segunda-feira, uma transportadora será contratada para fazer o serviço”, diz Camêllo, lembrando que “esses objetos estão impregnados da alma do local e guardam um simbolismo muito grande para aqueles que até hoje não se conformam com a retirada da capela”.

Considerando o acordo uma vitória, o prefeito Celso Cota adianta que sua equipe vai se reunir com a comunidade de Gogô, a quatro quilômetros do Centro, para informar sobre todos os detalhes referentes à recomposição da capela. As peças, guardadas desde 1999 num galpão da UFMG, no câmpus da Pampulha, em BH, vão ser colocadas nas proximidades do morro onde ficava a capela. A imagem da padroeira deverá continuar no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, sendo levada uma réplica para o altar, por questões de segurança.

Fora do ninho

 

Em 2004, o Estado de Minas fez uma série de reportagens contando a história da capela, desde que ela foi retirada de Mariana, mostrando ainda o sentimento dos moradores de Gogô pela perda do patrimônio. Mesmo sem essa referência do século 18, a comunidade celebra, a cada 24 de julho, a festa de Santana, sobre os alicerces de pedra que restaram. “Estamos muito satisfeitos. Muita gente nem acreditava que a capela voltaria. Retirá-la foi como deixar um passarinho fora do ninho”, compara o encanador Salvador Alves de Freitas, de 56 anos, morador de Gogô e integrante de uma comissão que luta há uma década pela reintegração de seu patrimônio. Como o acesso ao morro era difícil, conta Salvador, foi aberta, na época, uma estrada para transportar as peças.

Remontada, no início da década de 1970, na sede da empresa Mendes Júnior, no Bairro Estoril, Região Oeste de BH, a capela foi doada, em 1999, para a UFMG, quando a empresa fechou. Por se tratar de uma instituição laica, a universidade repassou o material à PUC Minas, que, por sua vez, não chegou a reconstruí-lo. De acordo com a chefe de serviços gerais da UFMG, Eliane Ferreira, os objetos ocupam uma área de 200 metros quadrados do galpão, estando bem embalados e numerados, além de terem passado por um processo de descupinização.

Antiga área de mineração, o povoado de Gogô já se chamou curiosamente Vamos-Vamos. No entanto, no século 19, os ingleses que operavam a Mina de Santana não conseguiam falar corretamente o nome, optando pela tradução em inglês (o verbo go significa ir). Daí, ficou a dupla denominação.


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