Oito anos depois da morte da ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira, cujo corpo foi encontrado num apartamento do Hotel San Francisco Flat, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o suspeito será julgado nesta sexta-feira pelo 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette. O detetive particular Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, de 41 anos, teria asfixiado a ex-namorada por ciúmes e simulado um suicídio. A sessão do júri começa às 13h e será aberta ao público.
O crime foi em agosto de 2000, no hotel da Avenida Álvares Cabral, onde a vítima se hospedou para um encontro com um suposto amante. De acordo com a denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público, Reinaldo conheceu Cristiana em 1996 e namoraram até o ano seguinte. O detetive teria se apresentado à família dela como um juiz criminal, mas, aos poucos, segundo o processo, foi revelando o seu temperamento violento, possessivo, ciumento e dissimulado, motivo que levou Cristiana a abandoná-lo, pois vinha sendo agredida e ameaçada por ele. A vítima chegou a registrar queixa na polícia, mas o caso foi arquivado pelo Juizado Especial de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Conforme o processo, Reinaldo passou a seguir os passos da vítima, vigiando-a o tempo todo. A ex-modelo, diz o processo, passou a se relacionar com “homens de elevado padrão financeiro e posição social”, o que teria alimentado a fúria do acusado.
As primeiras investigações da polícia concluíram que a morte foi um suicídio, mas não convenceram o Ministério Público, que resolver apurar diretamente o caso, acreditando que as diligências requeridas à Polícia Civil não foram devidamente atendidas. Um procedimento administrativo foi instaurado para complementar o inquérito, ouvindo familiares da ex-modelo, funcionários do hotel, empresários e políticos. A conclusão é de que Cristiana foi assassinada entre 4 e 5 de agosto de 2000, em horário não determinado.
Amante
Consta no processo que a ex-modelo se hospedou no hotel no dia 3, com um suposto acompanhante que não foi identificado por funcionários do hotel. No dia seguinte, por volta das 14h, ela pediu para fechar a conta por telefone, mas não desceu, pois teria recebido a visita inesperada do detetive. Depois de matá-la por asfixia e agressão física, diz o processo, o acusado teria tentado “maquiar” o local do crime, para parecer que Cristiana havia se matado, ou incriminar um suposto amante da vítima.
O promotor de Justiça Francisco de Assis Santiago havia pedido o adiamento do júri, mas não foi atendido pelo juiz presidente do 1º Tribunal, Carlos Henrique Perpétuo Braga. A alegação de Santiago é de que duas testemunhas de acusação, que desde a época do crime são atendidas pelo Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita) e estão morando fora de Belo Horizonte, não podem comparecer à sessão desta sexta-feira. A defensora do acusado, Eunice Batista da Rocha Filha, não foi localizada. O júri já foi adiado antes, por questões técnicas e processuais.
Se condenado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e emprego de asfixia como meio cruel, o ex-detetive pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Ele aguarda o julgamento em liberdade.