Londres - São 16h de uma quarta-feira no Aeroporto de Heathrow. Acabo de desembarcar para iniciar minha trajetória pelos caminhos percorridos por Jean Charles na capital inglesa. Surge meu primeiro desafio: um frio e intransigente oficial de imigração pela frente. O que será que ele vai perguntar? A dúvida martela a cabeça enquanto espero na fila o momento da entrevista que definirá minha entrada ou não em Londres. Dez entre 10 brasileiros que chegam à cidade para fazer a vida, e não turismo, sentem a mesma insegurança. Quem está disposto a ficar mais de seis meses é obrigado a pedir o visto antes de sair do Brasil, para não correr o risco de perder a viagem. É preciso enviar informações, como endereço de estada, propósito da viagem e, mais importante, comprovar ter em sua conta pessoal dinheiro suficiente para pagar as contas no período que permanecer na Inglaterra.
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O que você faz em seu país? Quanto tempo vão ficar? Como vão se sustentar ficando 50 dias longe do seu país? Pretende trabalhar aqui? Tem o bilhete de volta para mostrar? Ao final, quando é informado que o filho de Davina trabalha em Londres, o oficial ainda aconselha a mulher a conversar com o rapaz e avisá-lo: “Se ele trabalhar mais horas que o permitido pelo visto, estará extrapolando suas condições. Estará sujeito a multa de 10 mil libras (R$ 28,6 mil) e prisão de dois anos”, afirma, em tom grave, antes de completar: “Responsabilidade de trabalho não se restringe aos empregadores, serve também para os empregados”. O oficial autoriza a entrada das duas no país.
Em média, sete brasileiros são mandados de volta para casa diariamente apenas em Heathrow, de acordo com o levantamento do Home Office, departamento responsável pela política de imigração inglesa. O governo britânico informa que a recusa de autorização para entrada no país atinge em torno de 8% dos pedidos feitos por imigrantes provenientes das Américas. Encerrada a entrevista à mulher, é a minha vez de passar pela sabatina. Dou sorte, o oficial ficou agradecido pela ajuda nos minutos anteriores e, por isso, não entro na estatística de repatriados. Quatro perguntas simples sobre meu emprego e 32 segundos depois eu pego minhas malas, pronto para começar uma nova vida na capital inglesa.
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