Sinal verde para o combate à poluição sonora no Bairro Lourdes, na Região Centro-Sul de BH, um dos mais tradicionais da cidade. O prefeito Marcio Lacerda autorizou a Associação dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou) a testar a instalação de toldos com isolamento acústico em três bares ou restaurantes que usam mesas e cadeiras nas calçadas depois das 23h. A experiência será posta à prova pelos vizinhos dos estabelecimentos, que vão avaliar se o ruído continuará sendo motivo para perder o sono ou se, com a nova cobertura, será possível voltar a dormir tranquilamente.
Nesta quinta-feira, representantes da associação se reúnem com a Gerência de Regulação Urbana da Regional Centro-Sul para traçar as diretrizes do estudo. E, mesmo sem ter passado pelo crivo da população, a iniciativa já se transformou no Projeto de Lei 1196/2010, que começou a tramitar esta semana na Câmara Municipal.
De acordo com o gerente de Regulação Urbana da regional, William Nogueira, serão avaliadas desde a viabilidade técnica até a legislação municipal. Importada da Europa pela entidade do bairro, a ideia dos toldos, feitos de policarbonato – material plástico altamente resistente e que impede a propagação do som –, conta com a aprovação tanto de moradores quanto dos empresários. Vários empreedimentos se candidataram ao posto de cobaias e se dispuseram a experimentar a tecnologia.
Entre os principais interessados estão o Braca Botequim, Tizé, Bar do Lopes e a mais nova casa do bairro, a Choperia Albano’s. O proprietário do Braca, Lito Mascarenhas, pondera que a maioria das mesas do bar ficam nas calçadas e o toldo de policarbonato seria grande aliado para evitar incômodos com vizinhos. "Queremos ser o primeiro estabelecimento a usar essa tecnologia. Já temos, no cardápio, uma orientação para que os clientes falem mais baixo. Nosso toldo atual também tem um sistema que abafa o som. Só nele, gastei 50% do investimento total no bar", afirma, destacando o novo perfil que o bairro ganhou nos últimos anos. "Lourdes virou um bairro gastronômicos, como o Leblon, no Rio, e a Vila Madalena, em São Paulo."
Mas junto com o charme dos restaurantes e bares sofisticados, os moradores passaram a conviver com o aumento significativo do barulho. "Hoje o maior problema do bairro é a poluição sonora. Há dez anos, havia apenas nove bares, atualmente são 70", afirma o presidente da Amalou, Jeferson Rios. Ele explica que o toldo, retrátil, ficará preso à marquise dos bares. Depois das 23h, horário limite para que mesas e cadeiras fiquem nas calçadas, basta acionar sistema manual ou elétrico para as cortinas de policarbonato descerem até o chão. Além de impedir a propagação do som, o mecanismo é climatizado e permite a regulação da temperatura. "O custo é cerca de 40% superior ao toldo convencional", calcula.