O programa Fica Vivo, que atende jovens de 12 a 24 anos expostos à criminalidade e homicídios nas comunidades carentes onde vivem, vai ter mais dois núcleos no estado. O anúncio foi feito pelo novo secretário de Estado de Defesa Social (Sedes), Lafayette Andrada, que garantiu recursos. Reuniões ao longo do mês vão definir as cidades a serem contempladas. Juiz de Fora, na Zona da Mata, é forte candidata com base nos índices de criminalidade e também à proximidade com o Rio de Janeiro.
O Fica Vivo começou a ser desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e adotado pelo governo de Minas em 2005, primeiro no Aglomerado Morro das Pedras, na Região Oeste da capital. Hoje, já são 27 núcleos no estado – 11 na capital, 10 na região metropolitana e seis no interior. O custo anual de cada unidade é de R$ 1 milhão. Em 2010, foram atendidos 14,5 mil jovens, o que garantiu a redução de homicídios pela metade em algumas comunidades.
A base do Fica Vivo são as oficinas de esporte, cultura, inclusão produtiva e comunicação, em locais espalhados pela comunidade, como igrejas, escolas e praças, criando oportunidades de inserção social e ingresso no mercado de trabalho e redução de criminalidade. Wagner dos Santos Nascimento, de 24 anos, morador do Morro das Pedras, começou a participar do programa em 2008, fazendo o que mais gosta, que é jogar futebol. Hoje, ele transmite o que aprendeu a outros jovens em situação vulnerável e, principalmente, os incentiva a se manter longe das drogas.
“Graças a Deus, não cheguei a me envolver com o crime, mas perdi muitos amigos assassinados. Eles não tiveram a mesma oportunidade”, disse Wagner, orgulhoso da sua missão e apontando o filho de 2 anos, que já demonstra intimidade com a bola. “Ele está começando cedo, para ir para o caminho certo”, comentou o pai, que tem como aluno o irmão de 17 anos. “É uma preocupação a menos para a minha mãe e também motivo de satisfação”, ressalta.
Diferentemente da política adotada pela antiga Secretaria de Estado de Segurança Pública, o secretário de Defesa Social explica que o conceito de repressão à violência foi afastado. “Estamos trabalhando mais a prevenção. É muito mais suave para o sistema e a sociedade, além de mais econômico do que depois ter de consertar o estrago feito”, acrescentou.
O Fica Vivo, segundo Lafayette Andrada, consegue mobilizar toda a comunidade com um conjunto de ações. “Os jovens têm oficinas profissionalizantes, aulas de música e teatro. Aprendem a consertar celulares, computadores. Ou seja, participam de uma série de atividades que os afastam dos delitos”, disse, ressaltando a importância da parceria das polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros. “A comunidade passa a ver a polícia com outros olhos. A lógica das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro foi inspirada no nosso Fica Vivo”, disse o secretário, ressaltando que o programa também foi adotado pelo governo pernambucano.
O Ministério da Justiça, segundo o secretário, tem demonstrado interesse em fazer parcerias com o estado na implantação do Fica Vivo. O Triângulo Mineiro, ressaltou, tem um histórico de violência e requer atenção especial devido à influência da criminalidade de São Paulo, mas núcleos do Fica Vivo criados em Uberlândia e Uberaba têm apresentado resultados positivos.