A mistura de depoimentos e pesquisas sobre o desabamento da Gameleira resultou num vasto documento da tragédia, em 396 páginas. O trabalho de quase sete anos do professor de Tecnologia da Construção Civil do Departamento Engenharia Civil do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Antonio Libério Borba está na tese Lembrar para ter o direito de esquecer: a reconstrução histórico-sociológica da tragédia da Gameleira em Belo Horizonte e seus reflexos na trajetória de vida dos atores sociais nela envolvidos.
Na época do acidente, Libério era servente de pedreiro. Anos depois, já professor, a impunidade em torno do episódio o motivou a pesquisar. O trabalho, segundo ele, dá voz a quem não tem voz – sobreviventes, órfãos e viúvas de vítimas do desabamento. Para cada hora de entrevista foram cerca de 40 horas de trabalho na abordagem científica dos depoimentos.
Ele afirma que lidou com a memória de trauma subterrâneo, um assunto delicado para a maioria dos entrevistados, que revelou se lembrar da tragédia ao ouvir barulho de ambulâncias, helicópteros ou ao passar pela Avenida Amazonas, onde ficaria o Parque de Exposições da Gameleira e hoje existe o Centro de Feiras e Exposições George Norman Kutova (Expominas). Uma demanda citada por familiares é a criação de um memorial em homenagem aos mortos.
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