A exemplo do que faz a cada ano, sempre alguns meses antes do carnaval, o estudante e carnavalesco da escola de samba Imperatriz de Venda Nova, Fabiano Augusto de Souza, de 28 anos, abandonou o emprego de promotor de vendas em janeiro para se dedicar totalmente ao desfile da agremiação.
“Por amor ao samba e à escola, largo tudo. Viro noites e dou até mesmo um tempo em relacionamentos pela folia. Gosto tanto do que faço que contagiei minha família. É samba tocando o dia todo e eles também me dão todo o suporte financeiro nesse período em que deixo o emprego. Minha casa já até virou um barracão da Imperatriz”, diz.
Não precisa andar muito pela residência dele para encontrar fantasias e adereços pela varanda e quartos. Com orgulho pelo que faz, o estudante mostra as peças que já produziu para este ano. A rotina de Fabiano é dura e seu descanso diário se resume a quatro horas por noite, na maioria das vezes. “É assim até o desfile. Deixo minha vida de lado, mas é emocionante quando a escola entra na avenida e tenho a sensação de dever cumprido. Ano passado mesmo montávamos a estrutura do carro de abre-alas e pensei que não ia dar certo. Porém, fui surpreendido quando ele foi eleito o melhor da passarela”.
De acordo com o carnavalesco, não é fácil colocar uma escola de samba na rua. Ele lembra que em 2010 a verba da administração municipal chegou quando faltavam apenas 20 dias para a festa. “Com garra tudo deu certo. Nesse ano, com o retorno do carnaval para o Centro de Belo Horizonte, certamente o evento ganhará mais visibilidade e o público será maior. A capital tem estrutura para fazer uma festa como o Rio de Janeiro, faltam apenas mais organização e verbas maiores. É preciso que as autoridades se conscientizem para o fato de que esse é um evento da cidade”, dispara.
Tempo corrido
O outro carnavalesco da Imperatriz, Hebert Evangelista Sobrinho, de 26, conta que ele e sua equipe dormem às 5h30 e, às 10h, o trabalho é retomado. “Só dá tempo para tomarmos um café. Deixamos muita coisa de lado para confeccionar as fantasias e preparar tudo”. Ele revela que as bases das fantasias já estão prontas e a próxima etapa é bordar.
Entre os materiais usados por Hebert estão materiais reciclados como vasos de plantas, canudinhos e CDs. “Temos alguns parceiros privados, um inclusive é anônimo e, dos Estados Unidos, nos mandou tecidos, rendas, máscaras e bolinhas. Ainda assim tivemos que abrir mão de muito do que queríamos fazer, por causa do dinheiro. O ideal era que a verba para as escolas saísse com mais antecedência”, reivindica Hebert.