Ao verem os militares, os suspeitos começaram a atirar. Um policial foi atingido, mas não ficou ferido, já que o disparo acertou o colete à prova de balas. Dentre os suspeitos, dois foram atingidos: Renilson Veriano da Silva, de 39 anos e o menor J.C.S. de 17 anos. Eles morreram ao chegar ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Apesar de estarem com o grupo de “falsos fardados”, os dois não estavam com roupas oficiais. Apenas carregavam fardas da PM. Segundo a polícia, Renilson era irmão e, o menor, filho do policial militar do 22º Batalhão Cabo Denilson Veriano da Silva. Os demais integrantes do grupo fugiram durante a troca de tiros.
Segundo o cabo Washington Gonçalves, do Batalhão da Rotam, há algumas semanas, a polícia recebeu denúncias de que militares estariam causando problemas no Aglomerado da Serra. Suspeita-se, agora, de que sejam os homens fardados. Durante a operação, a polícia apreendeu duas armas de fogo e munições de uso restrito e de uso permitido.
Identificados
A operação da madrugada, que terminou com a morte de duas pessoas, não prendeu os suspeitos de usar irregularmente as fardas. Segundo o tenente Clayton Santana, comandante da ação, esses homens estariam disfarçados de policias para tentar matar rivais e controlar o tráfico na região. A intenção era jogar a culpa das mortes na PM. Alguns dos envolvidos já foram identificados e a polícia promete fechar o cerco contra eles em operação de busca durante todo o sábado. Helicópteros e dezenas de militares ocupam o aglomerado no decorrer do dia.
Revolta
Por volta de 8h40, moradores do aglomerado atearam fogo num ônibus em protesto às mortes na madrugada. Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio foi rapidamente controlado, mas as chamas atingiram a rede elétrica na Praça Cardoso, perto do Hospital Evangélico. A Cemig precisou ser acionada. A PM voltou ao aglomerado para conter a confusão na comunidade.
Moradores reclamam de abuso de autoridade dos militares durante a incursão no aglomerado, que segundo a população, culminou na morte de dois “trabalhadores”. Os manifestantes alegam que os assassinados na troca de tiros não tinham passagens pela polícia. Segundo o tenente Clayton Santana, Renilson teria um registro relacionado ao Código de Trânsito Brasileiro, mas não especificou a ocorrência. Como a outra vítima é um menor, o tenente não conseguiu ter acesso à ficha do rapaz, não sendo possível determinar se ele tem passagens pela polícia.
Os moradores contestam, também, a versão da polícia sobre "falsos fardados". A população afirma que nunca ouviu falar desse suspeitos de usar roupas de policiais para agir criminosamente no aglomerado.