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Estado de Minas

Fuzis e pistolas usados pelo Rotam na incursão no Aglomerado da Serra passam por perícia


postado em 24/02/2011 07:07 / atualizado em 24/02/2011 07:14

Sete armas entregues pela Corregedoria da PM serão inspecionadas na apuração. Indícios no local do crime complicam situação de acusados(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Sete armas entregues pela Corregedoria da PM serão inspecionadas na apuração. Indícios no local do crime complicam situação de acusados (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Sete armas apreendidas com militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) em serviço na noite da execução do auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e do tio dele, o técnico de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39, no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, já estão em poder da Polícia Civil. No início da tarde de ontem, três fuzis calibre 556 e quatro pistolas ponto 40 foram entregues pela Corregedoria da Polícia Militar ao delegado responsável pelas investigações, Fernando Miranda, para perícia. O colete usado pelo PM que teria sido atingido por um tiro no episódio também foi recolhido e será analisado.

Na manhã de ontem, os promotores de Justiça que participam das investigações, Joaquim Miranda e Rodrigo Filgueiras, acompanharam a perícia feita no local do duplo homicídio. “Os peritos arrancaram partes do asfalto que tinham marcas de tiros para um exame minucioso”, disse Miranda. Há indícios de que os tiros, de grosso calibre, foram disparados de cima para baixo, quando as vítimas já estavam caídas, como confirmou à Polícia Civil uma testemunha ocular do crime. Mas só o laudo pericial, que ainda não ficou pronto, será conclusivo, como ressaltou o representante do Ministério Público.

No local do crime, as marcas no chão reforçam a versão de que não houve troca de tiros, ao contrário do que sustentaram militares do Rotam envolvidos nas mortes. Outros vestígios também podem ser vistos num muro 20 metros abaixo de onde estavam os rastros de sangue deixados pelos corpos. Uma testemunha disse ao
Estado de Minas que tio e sobrinho foram baleados ao subir o morro, voltando para casa, enquanto os policiais do Rotam faziam o trajeto inverso.

O promotor Joaquim Miranda disse ainda que os quatro PMs foram ouvidos logo depois do crime e insistiram na tese de que encontraram nos becos do Aglomerado da Serra várias pessoas com fardas militares e que houve troca de tiros. “Um fardamento preto e outro convencional”, disse Joaquim Miranda, lembrando que a polícia está levantando a vida pregressa das vítimas e que todos os depoimentos e informações indicam que elas eram pessoas de bem.

Questionado sobre o fato de um PM continuar trabalhando mesmo acusado de homicídios e outros crimes antes do episódio na Serra, Joaquim Miranda afirmou que policiais do Rotam, por serem de uma força especial de intervenção, acabam se envolvendo em episódios trágicos. Enquanto o processo está em andamento e não há uma manifestação judicial, segundo ele, prevalece o princípio da inocência. “Enquanto o militar não é condenado, e se não há nenhuma medida cautelar decretada, a lei autoriza que continue trabalhando”, disse o representante do Ministério Público.


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