Jornal Estado de Minas

Somente três bombeiros davam suporte à festa em Banderia do Sul

Paula Sarapu
Apenas três bombeiros e uma ambulância integravam o esquema de prevenção e retaguarda do Carnaband 2011, na cidade de Bandeira do Sul, no Sul de Minas Gerais, que tem pouco mais de 5 mil habitantes e recebe moradores de cidades vizinhas para o pré-carnaval. A prefeitura, responsável pela organização do evento, não apresentou projeto de segurança para a festa e pediu informalmente apoio ao Corpo de Bombeiros para monitorar a festa. Segundo o tenente Douglas Martins Soares, do quartel de Poços de Caldas, responsável pela região, o auto de vistoria dos bombeiros que comprova que o local ou o evento atende às medidas de segurança exigidas pela corporação não foi emitido. O documento, no entanto, não seria requisito para a liberação da festa.
“Os organizadores têm até 10 dias úteis antes da festa para entregar o projeto. A aprovação dele é a garantia de segurança, porque significa que foram verificados fatores como o risco iminente e falta de equipamentos de segurança, como hidrantes e extintores de incêndio. Mas o fato de não ter essa autorização não implicaria na proibição do evento, porque o documento fundamental para isso é o alvará de funcionamento, emitido pela prefeitura que, no caso, era a organizadora da festa. Porém, sem ter o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, a responsabilidade é toda do organizador”, explicou o oficial. “Sabendo pela própria prefeitura que haveria aglomeração de pessoas, mandamos três bombeiros para lá”, acrescentou.

No caso da Polícia Militar, a Prefeitura de Bandeira do Sul solicitou reforço e uma equipe de 15 a 20 policiais acompanharam o pré-carnaval durante os três dias de festa. Segundo o delegado de Poços de Caldas, Ademir Luiz Correia, a falta do laudo dos bombeiros não tem relação com o acidente. “Presume-se que havia a autorização do Corpo de Bombeiros, porque havia alguns militares na Praça Nossa Senhora Aparecida. Provavelmente, o acidente teria acontecido mesmo com o laudo dos bombeiros, já que o curto-circuito foi provocado por alguém do povo que estava lá festejando e jogou serpentina metálica sobre a rede”, afirmou o delegado.

Correia informou ainda que o trio elétrico estava regular, devidamente licenciado dentro dos padrões, inclusive constando no documento a adaptação do caminhão para esse fim. Havia ainda laudo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) atestando a altura regular do veículo. Segundo a empresa proprietária, o veículo estava parado na Praça Nossa Senhora Aparecida para dar início à distribuição de brindes. Na hora do acidente, por volta das 18h30, um DJ animava a festa. A empresa diz ainda que ninguém caiu do alto do trio, diferentemente do que testemunhas relataram, e que o sky paper, como é conhecida a serpentina metálica, foi atirado sobre a rede elétrica de uma distância de 40 metros do veículo.

No velório de sete vitimas, em Bandeira do Sul, o governador Antonio Augusto Anastasia não descartou a possibilidade de o artefato ser proibido em Minas no carnaval. “Vai depender do resultadoda análise técnica que a perícia está fazendo”, disse. De Bandeira do Sul, Anastasia seguiu para Poços de Caldas para visitar os feridos internados na Santa Casa da cidade.

As vítimas

Karistone Felipe da Silva, 12 anos

Adrienne Caroline de Assis Zanetti, 13 anos

Weslley Paulo Ferreira, 16 anos

Josmarque Henrique de Melo, 18 anos

Paola Freddi Marcolino, 17 anos

Admir Ramos do Lago, 27 anos

Jaqueline Maria Lopes, 17 anos

Welliton Diego dos Reis, 20 anos

Marcos Faria Silva, 33 anos

Kalebre Edson de Andrade, 15 anos

Jéssica Helena da Silva, 17 anos

Flávio de Cássio Tibúrcio, 18 anos

Luan Thales de Bem, 20 anos

José Roseno, 24 anos

Fábio Henrique Domingues, 16 anos