Jornal Estado de Minas

Poços de Caldas se antecipa e proíbe venda de serpentina metalizada

Landercy Hemerson Ernesto Braga
Em Poços de Caldas, cidade em que foi atendida a maioria das vítimas do desastre em Bandeira do Sul, já estão proibidos comércio, distribuição e uso de serpentinas metalizadas . O prefeito Paulo César Silva (PPS) assinou ontem à noite decreto municipal que pretende banir a serpentina metalizada das comemorações públicas da cidade, mesmo que em ambientes fechados. A partir de hoje, com a publicação do decreto, fiscais da prefeitura iniciam a apreensão dos materiais nas lojas. Durante as comemorações do carnaval, o alvo da fiscalização será os foliões.
“O pessoal do Departamento de Eletricidade analisou os artefatos e constatou, entre outros, que as serpentinas metalizadas podem causar curto-circuito em redes de baixa, média e alta tensão. O decreto então foi além e proíbe a distribuição, venda e uso de serpentinas metalizadas, canhões e minicanhões de serpentinas e objetos que funcionem por ar comprimido, espoleta ou pólvora em comemorações públicas, em ambientes externos e internos, independente da época do ano”, explicou Paulo César. O prefeito contou que já foi procurado por colegas das cidades vizinhas, interessados no teor do decreto, que será publicado hoje no Diário Oficial do Município.

Ontem, o Corpo de Bombeiros concluiu o relatório sobre a tragédia em Bandeira do Sul e o enviou à Polícia Civil. De acordo com o comandante da unidade de Poços de Caldas, capitão Edirlei Viana, os números oficiais são de 15 mortos e 55 feridos. “Chegamos a trabalhar com a informação de que 16 pessoas tinham morrido, mas o Instituto Médico-Legal de Poços de Caldas confirmou 15 óbitos”, disse.

Segundo o capitão, além de dados das vítimas, o relatório aponta o disparo de um lançador com serpentina metalizada como causa mais provável para o rompimento da fiação elétrica que eletrocutou as vítimas. “Pelo material que recolhemos e as informações unânimes de testemunhas, tudo começou com um disparo de ar comprimido, que jogou a fita metalizada nos fios, causando curto-circuito e rompimento dos cabos. Houve a energização do trio elétrico, e a corrente se espalhou pela multidão que acompanhava a festa no meio da praça. Os populares jogavam água nas pessoas e isso ajudou a agravar o choque”, explicou o oficial.

O capitão admitiu que a equipe comandada por ele desconhecia a existência desse tipo de serpentina metalizada. “Nunca tínhamos visto. Pelo que pudemos observar, trata-se de produto importado”, afirmou. Temendo que novas tragédias ocorram no Sul de Minas durante o carnaval, o comandante dos Bombeiros em Poços de Caldas, responsável por outras 10 cidades do Sul de Minas, disse que as autoridades estão se mobilizando para tentar retirar o artefato do mercado. “Virou um problema social e não podemos nos arriscar. Junto da Polícia Militar e das equipes de fiscalização das prefeituras, vamos trabalhar para que esse material não seja usado. Já observamos que ele não está sendo encontrado nas lojas, talvez por iniciativa própria dos comerciantes.”

O delegado Ademir Luiz Corrêa, das cidades de Bandeira do Sul e Campestre, que abriu inquérito para investigar a causa da tragédia, disse ontem que ainda não há data para que o suspeito de soltar o rojão seja ouvido. “Ele está relacionado em boletim de ocorrência e será interrogado”, afirmou Corrêa, que preferiu preservar o nome do acusado. A pessoa poderá responder por homicídio culposo – sem intenção de matar. De acordo com o delegado, o inquérito foi repassado ontem para a Delegacia Regional de Poços de Caldas.