Sinais de vida da pequena Laura Gibosky Rodrigues, de 4 anos, e de esperança para os pais dela, em vigília há 37 dias, desde que a menina foi vítima de um trágico acidente no Anel Rodoviário, que causou a morte de cinco pessoas e deixou 12 feridas. A garota começa a sair do estado de coma e, na quinta-feira, deixou a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Felício Rocho para ser tratada em um quarto. Segundo a equipe médica responsável pelo acompanhamento, Laura está fora de perigo e abriu os olhos nesta semana, pela primeira vez desde o desastre. Emocionados com a evolução da criança, os pais e os médicos são taxativos em afirmar que a recuperação dela é surpreendente.
No dia do acidente, Laura estava, em companhia das primas Ana Flávia, de 2, e Sarah, de 6, no Anel Rodoviário num carro dirigido por Petrarka Gibosky, mãe de Ana Flávia. O veículo foi atingido por uma carreta bitrem e Ana Flávia morreu na hora. Petrarka e Sarah tiveram ferimentos leves, e Laura, com lesões graves no cérebro, pulmão e fígado, foi retirada das ferragens diretamente para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). “Ela chegou em estado muito grave, em coma profundo e com risco de morte. Agora, começa a se recuperar. Crianças nos surpreendem muito e é emocionante ver sua melhora”, conta o coordenador da neurocirurgia do HPS e neurocirurgião do Hospital Felício Rocho, Rodrigo Moreira Faleiros, que acompanha Laura desde o acidente.
Segundo o médico, a evolução é lenta, mas perceptível dia a dia. Ela já respira sem ajuda de aparelhos e a área cerebral atingida está com menos inchaço. Laura ainda se alimenta por meio de sondas, mas começou, nesta semana, o tratamento com fonoaudiólogos para estimular a deglutição e, assim, poder voltar a ingerir alimentos. Uma equipe de fisioterapeutas cuida das partes motora e respiratória da criança. “Ela já consegue segurar uma bolinha nas mãos e, ontem (quinta-feira), ao pedirmos que ela movimentasse a perna, vimos que ela se esforçou e o seu pé chegou a tremer. Isso é maravilhoso”, afirma o pai.
De acordo com o neurologista Rodrigo Faleiro, ainda não é possível saber se Laura vai se recuperar sem sequelas ou se terá algum déficit de movimentos. “Hoje, ela não tem nenhum lado do corpo paralisado e começa uma fase importante de tratamento. É bom ressaltar que não há data-limite para a recuperação. Para mim, é gratificante acompanhar a evolução, pois vi a menina em risco iminente e agora há uma promessa real de melhora”, diz o médico.
Sem mágoas
Ao comentar a liberdade de Leonardo Hilário, o pai de Laura disse que em seu coração não há espaço para ódio, “apenas para a felicidade com a recuperação” da menina. “Como um cidadão, vejo com preocupação o risco de mais uma impunidade e não posso ser condescendente com delitos. Mas, pessoalmente, não tenho nenhum sentimento contra ele”, declara Ricardo Wagner.