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Cresce o número de mulheres que trabalham ao volanteCortes no orçamento ameaçam bandeiras feministas''A mulher é menos agressiva do que o homem tanto no trânsito urbano quanto no rodoviário. Mas nas estradas, a grande maioria dos condutores é homem e, por isso, eles também são a maior parte dos motoristas envolvidos em acidentes'', afirma o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Aristides Júnior. Segundo ele, por ser mais cautelosa, muitas vezes a mulher prefere não se arriscar no trânsito de rodovias, marcado por altas velocidades, manobras mais agressivas e acidentes graves.
Para o analista de relações comunitárias da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) Ronaro Ferreira, entre os fatores que fazem da mulher uma condutora mais cautelosa nas vias urbanas está o fato de o automóvel ser para ela um meio de transporte e não um símbolo de poder, de exibição, de status e de desejo. ''As mulheres têm menos infrações por excesso de velocidade, praticamente não participam de pegas, cavalo de pau, disputas de velocidade ou outros tipos de competição. Os homens, muitas vezes, usam o carro para se exibir'', afirma Ronaro Ferreira.
Seguro mais barato
O bom comportamento das mulheres nas vias urbanas e nas estradas rende a elas um alívio no bolso na hora de fazer o seguro dos veículos. Empresas do ramo concedem um desconto de aproximadamente 10% se quem estiver ao volante for do sexo feminino. ''Fazemos isso com base nas estatísticas de acidentes. Os dados mostram que elas são minoria entre os condutores responsáveis pelas tragédias de trânsito. São também mais cuidadosas com os veículos e mais atenciosas no trânsito'', explicou o vice-presidente do Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (Sindseg), Ângelo Vargas Garcia .
Outro ponto favorável às motoristas é a gravidade das ocorrências. ''Além de a quantidade ser menor, o custo do acidente também é mais barato, já que eles são mais leves'', disse. Também proprietário de uma seguradora, Garcia conta que na empresa dele 57% dos segurados são mulheres, que registram, segundo ele, maturidade maior e mais precoce no trânsito. ''Na minha companhia, os acidentes começam a diminuir entre as mulheres a partir dos 25 anos, enquanto entre os homens a redução só ocorre depois dos 30 anos'', contou Garcia.
Motociclistas
Mais procurada nos centros de formação de condutores, a categoria A teve crescimento de 142,3% entre o total de condutores habilitados em Belo Horizonte entre 2001 e 2009, saltando de 9,7 mil para 23,7 mil. A tendência de crescimento, que também se repete em Minas - o aumento foi de 293% no estado no mesmo período - é resultado do uso cada vez maior da moto para o transporte remunerado, segundo o chefe da Divisão de Habilitação e Controle do Condutor do Detran, delegado Anderson França.
Para as habilitadas nas categorias A, AB, C, AD, AE em Belo Horizonte, o aumento entre 2001 e 2009 foi de 347%. Se em 2001 eram 3,2 mil, em 2009 passaram para 14,4 mil nessas categorias. Entre elas está a motogirl Louise Marilac, de 39 anos. Habilitada na categoria AD, ela dirige e pilota cerca de 17 horas por dia, revezando entre o serviço de motoentrega durante o dia e o transporte de passageiros no táxi, à noite. ''Encontrei-me na profissão. Amo o que faço'', conta Marilac.
Embora representem um universo muito maior, o crescimento entre os homens nas mesmas condições foi de 105%. As habilitações do sexo masculino nas cinco categorias passaram de 80,3 mil para 165,7 mil no período.