Jornal Estado de Minas

Casos confirmados de dengue recuam 95% em BH

Flávia Ayer
Balanço da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte indica forte tendência de redução da dengue. Casos confirmados nas sete primeiras semanas deste ano diminuíram 95,7% em BH, em relação ao mesmo período de 2010, passando de 4.309 para 187 infectados. As notificações encolheram 71% e passaram de 5.918 para 1.762 casos. Apesar da boa notícia, a SMSA alerta que é cedo para cantar vitória, pois as chuvas, depois de longo período de calor, trazem novo risco de contaminação pelo mosquito Aedes aegypti.
Além das condições climáticas, a secretaria terá de lidar com novo problema para vencer a guerra contra a doença. Depois de protestos na quinta-feira, agentes da dengue que não receberam 14º salário ameaçam iniciar nesta sexta-feira paralisação, caso não tenham resposta da prefeitura.

O risco de greve ocorre às vésperas da data marcada pela SMSA para iniciar o Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), parâmetro usado para medir a infestação da doença na capital. A partir de segunda-feira, os agentes começam a vistoriar 35 mil imóveis nas nove regionais da cidade, para identificar locais com mais focos do mosquito. No último LIRAa, feito em janeiro, o índice médio de incidência dos criadouros em BH foi de 3,8%. Significa que, em cada 100 imóveis, quase quatro apresentaram focos da dengue, índice considerado de alerta pelo Ministério da Saúde.

O resultado do LIRAa contrasta com a redução nos casos de dengue em BH. De acordo com o balanço divulgado na quarta-feira pela secretaria de Saúde, os casos confirmados da doença até a terceira semana de fevereiro diminuíram 95,7% em relação ao ano passado, e as notificações, 71%. Apesar da redução, o secretário municipal adjunto de Saúde, Fabiano Pimenta, pondera que ainda há 914 casos que precisam ser analisados, o que pode elevar um pouco o número de confirmações.

“É cedo para falar de redução de casos, mas há uma tendência. Acredito que se deva à mobilização intensa da comunidade e a ampliação das alianças entre órgãos públicos. Mas há uma grande preocupação por causa das chuvas”, afirma Pimenta, que também vê na política de bonificação adotada pela prefeitura a agentes da dengue como importante aliado na guerra contra a doença. A estratégia consiste no pagamento de até R$ 700 aos agentes que cumprirem metas estabelecidas no combate à dengue, mas foi, quinta-feira, alvo de protestos por cerca de 350 agentes das regionais Norte e Venda Nova, que concentram o maior número de casos, e da Leste.

Bonificação

Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de BH (Sindbel), Célia Lelis, os servidores não receberam o 14º salário, apesar de alegarem ter alcançado as metas e, caso não tenham resposta da prefeitura, podem entrar em greve a partir desta sexta-feira. “Muitos também não receberam o valor integral. São regionais onde houve um índice elevado da dengue. Queremos que a secretaria mostre essas planilhas e se abra para o diálogo. Se a secretaria não se sentar para negociar, os funcionários vão paralisar as atividades a partir de sexta-feira”, afirma.

De acordo com a SMSA, dos 4.334 servidores que poderiam ter o benefício – agentes de saúde, de endemia e sanitários –, 84% receberam a bonificação, proporcional ao cumprimento das metas. Dos 653 trabalhadores que não receberam, 584 não atingiram suas metas e 69 tinham ocorrências disciplinares no período da avaliação. A secretaria esclarece que os servidores podem recorrer diretamente às gerências de cada uma das regionais.

Balanço

Até quarta-feira, a capital registrou 1.932 notificações de casos suspeitos da dengue este ano. Deste total, 189 casos foram confirmados, 829 foram descartados e 914 estão pendentes. A região com maior número de casos é a Norte, 34 confirmações. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, Minas Gerais apresentou até o momento 12.640 notificações da doença. Há duas mortes confirmadas, uma em Januária, no Norte de Minas, e outra em Recreio, na Zona da Mata.