A terapeuta ocupacional Raquel Martins, diretora do Centro Mineiro de Toxicologia, trabalha com dependência química há 27 anos e afirma que percebe a proliferação do número de dependentes em todas as classes sociais. “Antigamente, o crack era mais usado mais por moradores de rua e pessoas de classe baixa. Hoje não é mais assim”. Prova da disseminação da droga em todas as camadas sociais são os casos cada vez mais constantes na mídia envolvendo pessoas famosas. No mês passado, o ator nova-iorquino Charlie Sheen, de 44 anos, que protagonizou filmes como Wall Street e Top Gun, declarou em uma entrevista ao canal americano ABC que fumava crack. Um vídeo caseiro postado na internet flagrou a cantora britânica Amy Winehouse usando a droga. No ano passado, o advogado do goleiro Bruno Fernandes – acusado no caso de desaparecimento da modelo Eliza Samudio –, Ércio Quaresma, admitiu publicamente estar em tratamento contra o vício em crack, depois da divulgação de um vídeo em que ele aparece fumando a pedra.
Para especialistas, a prevenção continua sendo o melhor caminho. “Um diálogo aberto e consistente é o melhor remédio para esse mal. Os pais não devem apenas dizer que droga é ruim, mas sim explicar os motivos, dar exemplos e falar sobre os prejuízos à saúde”, recomenda a psicóloga Cristiana Abreu, da Associação Mineira de Pais e Amigos para Prevenção e Recuperação do Abuso de Drogas (Ampare). “Qual a credibilidade que um pai que abusa do álcool na frente do filho terá para dizer que ele não faça o mesmo?”, acrescenta a especialista, lembrando que o álcool costuma ser a porta de entrada para as drogas ilícitas.