Foram indiciados nesta terça-feira pela corregedoria da Polícia Militar 12 policiais militares envolvidos nas mortes de Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e de Jeferson Coelho da Silva, o Jefinho, de 17, no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Entre os três militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) que abordaram as vítimas dois foram indiciados por homicídio. São eles os soldados Jason Ferreira Paschoalino, que também responderá pelo crime de falsodade ideológica, e Jonas David Rosa. Ambos estão presos. Já o soldado Adelmo de Paula Zuccheratte foi indiciado pelo crime de prevaricação. O cabo Fábio de Oliveira, de 45 anos, também teria participado das execuções, já que estava na mesma viatura que os três soldados. Ele foi preso junto ao Jason e Jonas e foi encontrado morto na cela dias depois.
Os nove policiais da Rotam que chegaram no local do crime após o duplo homicídio também foram indiciados por prevaricação, sendo que dois deles também responderão por falsidade ideológica.
A PM garantiu que já estão sendo tomadas medidas para punir os 12 policiais. "Foi aberto um procedimento administrativo a fim de avaliar a possibilidade de permanência destes militares na corporação, garantindo a eles a ampla defesa. O procedimento pode resultar em uma sanção, que pode não ser necessariamente a expulsão", afirma o tenente-coronel Alberto Luiz Alves, assessor de imprensa da PM.
De acordo com a corporação, o Inquérito Policial Militar (IPM) que concluiu a responsabilidade criminal dos militares no caso será repassado nesta quarta-feira à Justiça Militar Estadual.
No último dia 23, durante a prisão dos militares, o corregedor da corporação, Coronel Hebert Souto e Silva, já havia alertado para a existência de provas testemunhais e materiais suficientes para contradizer as versões dos policiais. Segundo a versão apresentada por eles, durante um patrulhamento de rotina pelo Aglomerado da Serra, a viatura se deparou com um grupo armado. Durante troca de tiros dois homens foram mortos. Ainda de acordo com os militares, os homens usavam fardas da polícia.
No entanto, testemunhas ouvidas pelo Departamento de Investigações desmentiram a versão dos policiais. Um adolescente de 17 anos, amigo de Jeferson, e uma menina de 12 anos, que estiveram com o rapaz assassinado na Praça Cardoso, dentro do aglomerado, pouco antes da morte dele, disseram que ele não estava com nenhuma farda e nem com mochila onde as roupas poderiam ser guardadas. A mãe da menina, Cleuza Vieira dos Santos, se encontrou com Renilson num bar, também pouco antes das mortes, e, segundo ela, ele também não estava com fardas.