Jornal Estado de Minas

Comerciantes acatam ordem judicial e fecham bares da rua Guajajaras às 22h

Daniel Silveira Darlisson Dutra

Fiscais da prefeitura e PMs foram até os bares para fazer cumprir a liminar - Foto: Tulio Santos/Esp.EM/D.A Press

Os proprietários dos sete bares e restaurantes localizados na rua Guajajaras, no centro de Belo Horizonte, entre as ruas da Bahia e Espírito Santo, cumpriram a ordem da Justiça e fecharam as portas às 22h desta quinta-feiraA determinação, estabelecida por meio de liminar, foi do juiz Wauner Batista Ferreira Machado, que acatou as denúncias feitas pelo Ministério Público e definiu multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Pela liminar, os sete estabelecimentos não poderão funcionar mais após as 22h nas quintas e nas sextas-feiraOs comerciantes ficaram revoltados com a ordem judicial, alegando que estes são os dias de maior movimento e que, por isso, terão de demitir funcionários.

Para garantir o cumprimento da determinação da Justiça, agentes de fiscalização da prefeitura e policiais militares chegaram na rua Guajajaras por volta das 21h40 e apresentaram, em cada um dos estabelecimentos, a liminar.

Comerciante Cláudio dos Santos ficou revoltado com a decisão da Justiça - Foto: Tulio Santos/Esp.EM/D.A PressUm dos proprietários afirmou que reabriria as portas do seu bar às 0h01, alegando que, no seu entendimento, já seria outro dia e a ordem perderia o seu valorNo entanto, ele foi orientado pelo gerente de regulação urbana da Regional Centro-Sul, William Nogueira, que tal interpretação era equivocada e salientou o valor da multa pelo descumprimentoO comerciante revelou que nos dois dias não fatura R$ 10 mil e decidiu cumprir prontamente a ordemPoliciais militares permanecerão fazendo ronda na rua para garantir que os bares ficarão fechados.

Os moradores da região denunciaram ao Ministério Público o comportamento abusivo dos frequentadores destes bares, a maioria estudantesAs denúncias apontavam o frequente uso de drogas e até mesmo a prática de sexo nas calçadasAlém disso, uma das principais reclamações de quem mora naquelas imediações é a perturbação do sossego, já que o barulho e a algazarra incomodava mesmo quem mora em apartamentos em andares distantes do térreo.

A Promotoria de Justiça Especializada de Defesa de Habitação e Urbanismo, propôs uma Ação Civil Pública (ACP) e obteve da Justiça a liminar que restringe o horário de funcionamento de sete estabelecimentos localizados na Rua Guajajaras entre Rua da Bahia e Avenida Álvares CabralSão eles o Restaurante Fino Sabor (Western House), Comercial Mister Beer, Bar Avião em Queda, Restaurante Monteiros, Restaurante Torino, Jairmo Marino da Silva (Só no Suko) e Sinuca Bola.

Entre aplausos e protestos

Os bares fecharam as portas sob aplausos dos moradores de vários prédios residenciais, que há cerca de cinco anos vem convivendo com grupos de frequentadores de alguns dos bares, que fecham o quarteirão e provocam algazarras que se estendem até a madrugada, com som de carros em alto volume, cenas de sexo explícito, entre outrosEm contrapartida, os comerciantes protestaram muito.

O empresário José Eustáquio de Jesus, do bar e pizzaria Western House, lamentou"Fechar mais cedo em dois dos três dias de maior movimento é decretar a falência do nosso negócio, que está aqui há 30 anos
E tudo isso por causa de dois estabelecimentos menores, que não oferecem espaço aos seus clientes e vendem produtos que atraem um volume maior de pessoasEu e mais quatro comerciantes, que não contribuímos para a aglomeração de pessoas que vem causando os transtornos, vamos entrar com um pedido na Justiça para reverter a decisão".

Irmãs Lilian (E) e Raina (D) ficaram surpresas com os bares fechando mais cedo - Foto: Tulio Santos/Esp.EM/D.A PressO comerciante Claúdio dos Santos, não conseguia disfarçar sua revolta"Fecho à meia-noite e, agora tendo que encerrar às 22h, vou ter que abrir aos domingos para compensar os prejuízosNos impedem de trabalhar, com todo esse aparato, para deixar os bandidos livres na rua", desabafou, reclamando da presença de vários militares que acompanharam a ação dos fiscais da PBH.

As irmãs Raina, de 19, e Lilian, de 26, que estavam num dos bares, foram surpreendidas com a informação de que o local estava fechandoAs duas, embora reconhecendo o incomodo aos moradores da área, não gostaram da determinação, já que estavam num ambiente fechado com amigos, e não na rua"Incomoda, mas se algum morador dos prédios quiser, troco de endereço com ele", brincou Raina, que disse que vai chegar mais cedo no bar, para poder aproveitar até às 22h.

 

Com Landercy Hemerson