O promotor Francisco Santiago, informado sobre o resultado, não teve acesso ao documento, pois estava fora de Belo Horizonte"Na segunda, vou ler e decidir se o aceitarei ou se pedirei novo exame", explicouEle não crê em reviravoltas nos rumos do processo em função da análise pericial"A única coisa que poderá mudar é a redução da pena para o Frederico Flores", avalia.
O advogado do réu, Zanone Manuel de Oliveira, que também não havia lido o laudo, considera que a enfermidade deve ser levada em consideração no processo"Pelos depoimentos, por todo histórico do caso, o laudo mostrou a verdade dos fatos", declarouEle aguarda a intimação da Justiça para ter acesso ao trabalho dos peritos do IML.
De acordo com o criminalista e presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil- Seção Minas Gerais (OAB-MG), Adílson Rocha, laudos periciais de sanidade mental devem ser apreciados pelo Conselho de Sentença, formado pelos jurados, que poderão acatá-lo ou rejeitá-lo"O julgador é livre, ele não está preso ao laudo pericial", explica Rocha
Rocha observa que os distúrbios psicológicos diagnosticados em Flores não o livrarão das grades de uma penitenciária"Como semi-imputável, ele vai para a prisão e o juiz deve recomendar um tratamento psiquiátrico, a ser feito na unidade", afirmaSegundo a Lei de Execuções Penais, somente para aqueles diagnosticados como inimputáveis, como os portadores de graves problemas mentais, ou em casos muito singulares de semi-imputabilidade, é previsto o tratamento psiquiátrico em hospitais de custódia.
O médico perito José Mauro de Moraes esclarece que os exames de sanidade mental são feitos mediante solicitação do juizMoraes diz que o processo criminal é enviado ao profissional para que ele avalie as ações do réu e, baseado nessas informações, faça a avaliação psicológicaPodem ser requisitados exames clínicos e laboratoriais"O prazo para conclusão é de 45 dias, pois às vezes são necessárias várias avaliações", afirma o perito.
Adílson Rocha chama a atenção para um detalhe que derruba a suspeita que recaía sobre Flores."De acordo com o laudo, ele não é um psicopata, pois os psicopatas são imputáveis", constata o criminalistaComo o laudo não foi divulgado, o distúrbio exato que aflige Flores ainda não é conhecido.
Em abril de 2010, Frederico Flores, ajudado direta e indiretamente por sete pessoas, sequestrou, extorquiu e assassinou os empresários Fabiano Ferreira Moura, por estrangulamento, e Rayder Santos Rodrigues, com 20 facadas, num apartamento no Bairro Sion, Região Centro-SulOs corpos foram decapitados e tiveram as pontas dos dedos cortadas para dificultar a identificaçãoAlém de Flores, são réus no processo a médica Gabriela Costa, o advogado Luiz Astolfo, o pastor evangélico Sidney Benjamin, os policiais militares Renato Mozer e André Bartolomeu, o universitário Arlindo Lobo e o garçom americano Adrian Grigorcea