Estudante de medicina que esfaqueou colega pode ser expulso da UFMG

Thobias Almeida
As nove facadas desferidas pelo estudante de medicina Vítor Guilherme Carvalho Ribeiro, de 22 anos, contra a colega de sala Maria Luiza Costa Pinto, de 21, em 19 de março, estão sob avaliação da comissão de sindicância da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o que pode resultar no desligamento do estudante.
A Procuradoria da UFMG participa, prestando auxílio jurídico em um caso que a própria escola considera complexo. A decisão da comissão será avaliada pelo Conselho Universitário, o diretor e a congregação da faculdade de medicina. Desde a agressão, Ribeiro não frequenta as aulas e está em Abaeté, na Região Central do estado. A família pretende trancar a matrícula dele. O agressor foi indiciado por tentativa de homicídio contra Maria Luiza e lesão corporal contra o pai dela. Se condenado, a pena pode chegar a oito anos de prisão.

A UFMG recebeu documentos sobre o crime, dentre eles reportagens jornalísticas. A universidade considera o caso delicado por se tratar de um crime cometido fora do ambiente acadêmico e pela própria singularidade da ação.
Por enquanto, a instituição informa apenas que a sindicância, formada por três membros da comunidade universitária, e seu setor jurídico já avaliam possíveis medidas.

Na perspectiva de uma fonte ligada ao Conselho Universitário, que preferiu o sigilo, o regimento da UFMG expressa que é passível de punição o aluno que aja de maneira incompatível com a dignidade universitária. Outra norma do regimento proíbe agressões físicas por parte do corpo discente, mas não especifica se são aplicáveis somente em casos no ambiente da escola. “Há a possibilidade de interpretação. Por exemplo, incompatível com a dignidade universitária é conceito amplo,” indica a fonte.

De acordo com o advogado e tio do universitário, José Rattes de Carvalho, o jovem está em Abaeté e já teria iniciado tratamento com um psicanalista. “A iniciativa da família é trancar a matrícula para que ele possa ter acompanhamento psicológico”, explicou. Ao descrever as condições do aluno, Rattes afirmou que ele está abatido. Segundo a UFMG, o trancamento da matrícula pode ser feito em qualquer período.

A fonte do Conselho Universitário revela que há um movimento dos colegas de Vítor exigindo sua saída. “Estamos com problemas com relação a isso. A comunidade está pressionando pelo desligamento dele, as pessoas estão com rejeição e receio natural”, afirma. Outro ponto levantado pela fonte diz respeito ao curso do agressor, que também pode pesar na decisão. “Pesará também na decisão o fato de o aluno ser da medicina e sua atitude ter sido completamente avessa aos preceitos básicos da profissão”, constata.

Maria Luiza ficou internada por oito dias no Hospital João XXIII. Ela foi atacada na garagem da casa dela, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital. De acordo com a polícia, Maria Luiza chegava com o pai, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital, quando foi esfaqueada por Vítor no prédio onde vive.
O pai dela entrou em luta corporal com o agressor e também acabou ferido. O estudante fugiu. Durante depoimento à polícia, Vítor confessou que o motivo da tentativa de homicídio foi passional. Os dois nunca mantiveram um relacionamento, mas o acusado se sentia rejeitado. Em 17 de março, a Justiça negou um pedido de prisão temporária contra o universitário..