Um ano depois do cruel assassinato dos empresários Rayder Rodrigues e Fabiano Ferreira Moura, cujos corpos foram degolados num apartamento do Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e carbonizados em área às margens da BR-040, os protagonistas da história de terror e acusados da autoria do crime saem de cena, cedendo lugar a parentes, envolvidos indiretamente na sequência da trama
Segundo policiais, é provável que tenha sido registrado um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e, nesses casos, é normal ouvir as partes e liberá-las, sem desdobramentosMas, além de negar qualquer tipo de ameaça, Rosane garante que vai levar até o fim a acusaçãoEla afirma que viu Flávia por acaso uma única vez“Encontrei-a durante uma missa e foi uma coincidência incrível”, lembra Rosane, questionando qualquer possibilidade de ameaça e dizendo-se injustiçada com as acusações feitas por Flávia“Nunca fiz nada contra ninguémAs alegações dela se baseiam em coisas inimagináveis”, diz, surpresa, a irmã de Rayder
Na terça-feira, foi aniversário de uma das filhas do empresário e a família nem mesmo comemorouA data, antes especial para a família, se tornou simbólica para a tragédia
Sanidade mental
No mês passado, o Instituto Médico Legal anexou ao processo o exame de sanidade mental de Frederico FloresO documento era o passo que faltava para que ele seja ouvido pela Justiça, dando sequência aos trâmites jurídicos que antecedem ao julgamento pelo Tribunal do JúriOs médicos diagnosticaram Frederico como um agente semi-imputável, o que significa que o réu, acusado de ser o mentor da trama e dos assassinatos, não é inteiramente capaz de compreender o caráter ilícito e a gravidade dos crimesNo entanto, terá de enfrentar o tribunal de jurados e está sujeito a cumprimento de pena numa prisão
Um detalhe poderia obrigá-lo a fazer novo exame: ficou constatado que ele usou maconha no dia da avaliaçãoMas o promotor Francisco de Assis Santiago descarta a hipótese, na tentativa de dar mais rapidez ao processoO próximo passo para seguimento do caso na Justiça é a marcação do interrogatório de Frederico Flores, mas, segundo o Fórum Lafayette, não há previsão de data.
Entenda o caso
7 de abril de 2010
O garçom norte-americano Adrian Gabriel Grigorcea leva o genro Rayder Rodrigues até o apartamento de Frederico Costa Flores Carvalho, no Bairro Sion
8 de abril
No segundo dia, além de um dos policiais e de Frederico, um advogado e uma médica também estavam no apartamento e, à frente do computador, Rayder era obrigado a conseguir mais dinheiro com o sócio, Fabiano Ferreira Moura, por meio de um programa de mensagens e de um contato chamado Márcio Henrique Macedo de Paula
9 de abril
Rayder foi obrigado a sacar R$ 6 mil num banco e R$ 22 mil em outro, entregues a FredericoNo mesmo dia, seu sócio Fabiano foi levado ao apartamento e obrigado a levar a documentação de um automóvel, o que não foi feitoOs dois policiais então o teriam levado a um quarto, apagado a luz e o enforcadoRayder teria sido drogado e Frederico o teria esfaqueado váriasOs dois tiveram seus dedos e cabeças cortados e enrolados em lonas
10 de abril
Os corpos foram jogados numa estrada que liga a BR-040 à Fazenda Rio de Peixe, em Nova Lima, na Grande BHOs autores teriam lavado os carros e o apartamento, onde foi feito um churrascoÀ tarde, seguranças de uma mineradora encontraram os corpos carbonizados.
12 de abril
Pela manhã, ao chegar no apartamento de Frederico, Adrian foi obrigado sacar todo o dinheiro que tinha sido transferido para sua conta dias antes, o que totalizaria cerca de R$ 150 milMas, na agência, conseguiu retirar apenas R$ 6,5 mil e fez programação para sacar R$ 70 mil no dia seguinteAo sair, teria sido obrigado por Frederico a avisar onde estava de hora em hora
13 de abril
De madrugada, Márcio Henrique Macedo de Paula e Christian Ribeiro de Oliveira se encontraram com Adrian, que confessou participação nos crimes e decidiu fazer denúncia com medo de ser também mortoPela manhã, a PM montou um operação para prisão, em flagrante, de quatro suspeitos.
* Versão relatata por Adrian Gabriel Grigorcea, Márcio Henrique Macedo de Paula e Christian Ribeiro de Oliveira à PM na madrugada de 13 de abril