Jornal Estado de Minas

Produção diária de resíduos sólidos supera 1,6 quilos por morador na Região Centro-Sul

Valquiria Lopes
Comer, beber e vestir
As necessidades básicas são as mesmas, mas os desejos que movem os hábitos alimentares e de consumo das famílias em Belo Horizonte são bem distintos e geram reflexos na quantidade de lixo gerado em cada larA média de resíduos produzidos na capital, por pessoa, gira em torno de 730 gramas diários, mas, conforme as vontades, a lata de lixo pode ser menor ou até mesmo assustadoraA comprovação está em experiência feita pelo Estado de Minas com duas famílias da capitalNo Bairro Alto Santa Lúcia, na Região Centro-Sul, o consumo de um dia de cinco pessoas pesou mais que a média belo-horizontina e atingiu 1.654g por moradorDo outro lado da cidade, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste, o marcador foi mais generoso, com 483g por cada um dos moradores da residência, no período de 24 horas.

Apesar de ter sido pega de surpresa com a medição, a empresária Luciana Lima, de 33 anos, assume: “Aqui em casa, a gente consome muita comida pronta e com muitas embalagens”A mãe dela, a aposentada Maria Helena Menezes Lima, de 61 anos, também admite: “Todo dia é um festival de fast food aqui em casaTem pão de queijo, refrigerante, pizza, lasanha e suco de caixinhaLamentavelmente, consumimos muitos produtos industrializados em casa”, contaSem prestar atenção no preço, na quantidade e no tipo de embalagem dos produtos, Maria Helena explica que uma das medidas para diminuir o lixo em casa é evitar o desperdício“Aqui não se faz economia com alimentação
Gosto de fartura, mas sem desperdícioQuando há sobras, reciclo e faço outro prato.”

A aposentada lembra ainda que as mudanças nos hábitos de consumo da família extrapolam o setor alimentício e interferem na compra de bens duráveis“Antigamente tínhamos apenas um carroHoje são quatro na garagemMeus filhos trocam sempre seus celulares e computadores por versões mais modernas”, diz, reiterando que se preocupa com tanto consumismo.

Para amenizar o problema do lixo em casa, a aposentada conta que há três anos aderiu à coleta seletiva, serviço prestado pela prefeitura no bairro“Coloco garrafas PET e vidro separadoPapel e comida vão juntos, mas também vou começar a separá-los.”

Já no Sagrada Família, bairro que ainda não tem a coleta seletiva, a aposentada Ângela Marques Lucas, de 65 anos, se antecipouCom uma produção de lixo bem abaixo da média, a dona de casa afirma que já separa as garrafas PET e as entrega a um catador de lixo que passa no bairro“Consumimos poucos produtos com latas e muitas embalagensAlém disso, uso talos e cascas de alimentos nas refeições”, diz
A falta do serviço de coleta seletiva no bairro é, segundo Ângela, uma situação que incomoda“É ruim saber que não há nenhum incentivo à separação do lixo aqui perto”, afirma.

Resíduos

A partir de 2 de agosto, passa a valer em todo o país a Lei nº 12.305, que criou a Política Nacional de Resíduos SólidosA nova regra estabelece a obrigatoriedade de criação de planos para tratamento adequado de resíduos, com implantação de aterros sanitários, coleta seletiva e de alternativas tecnológicas para geração de energia a partir do lixoO planejamento deve ser nacional, estadual, da região metropolitana, municipal, regional e intermunicipalOutra medida prevista na lei é a logística reversa, que determina que a indústria se envolva até o fim da cadeia produtiva, dando destinação adequada às embalagens e ao produto ao fim da vida útil da mercadoriaA regra começa com o setor de eletroeletrônicos.