Jornal Estado de Minas

MEIO AMBIENTE

Consumidor se antecipa à lei e dispensa sacolas plásticas

A seis dias de entrar em vigor, legislação que retira de supermercados embalagens plásticas já é cumprida por donas de casa.

Valquiria Lopes
Uma nova realidade vem sendo observada nos supermercados de Belo Horizonte
Às vésperas de entrar em vigor, a proibição do uso de sacolas plásticas, que começa segunda-feira, está levando para os centros de compra velhos conhecidos: os carrinhos e as sacolas retornáveisDe novo em cena, eles prometem por fim ao uso de sacolas plásticas descartáveis feitas à base de petróleo, em cumprimento à Lei Municipal 9.259/08A nova legislação determina a substituição de sacolas e sacos convencionais por produtos ecológicos na cidade, iniciativa pioneira no paísCom isso, a expectativa é de que 450 mil sacolas deixem de ser consumidas diariamente em BHPor ano, a conta é assustadoraSão cerca de 167 milhões de sacolas plásticas

As sacolas produzidas com petróleo, que hoje custam cerca de R$ 0,03 para os supermercados são distribuídas gratuitamente para os clientesComo opção de embalagem, o cliente que não tiver a sacola retornável poderá adquirir o modelo compostável, feito a base de amido, como milho e mandioca, mas terá que pagar R$ 0,19Esse tipo de material tem decomposição em até 180 dias.

Mas para quem vai às compras, a substituição promete ser um grande desafio“Já compro sacolas retornáveis, mas tenho que me habituar a mantê-las no carro para não esquecer
Hoje adquiri seis”, afirmou a engenheira civil Cristiane Fernandes Teixeira, de 36 anos, durante compras segunda-feira no Verdemar, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul da capitalA rede de supermercados vende modelo criado por estilista por R$ 2,98A opção de TNT sai a R$ 1,98

A mudança, de acordo com o diretor comercial da rede, Alexandre Poni, está tendo boa aceitação“Pelo apelo ambiental que a proposta tem, a aceitação está sendo extraordináriaJá vendemos desde julhoNa primeira coleção, vendemos 110 mil unidadesLançamos a segunda neste mês e somente nos cinco primeiros dias vendemos cerca de 30 mil”, disseO empresário Marcelo Savassi, de 39, ainda não se adaptou à nova regra e na segunda-feira fez compras no Super Nosso, no Bairro São Bento, mas adianta: “Essa é uma ótima oportunidade para revermos a questão do consumo”

Hábito

A mudança de hábito, no entanto, vai exigir muito comprometimento da população, segundo o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saulo Ataíde
Ele afirma que no país apenas 14% da população está habituada a usar produtos retornáveisNa Bolívia, país vizinho, o hábito já é praticado por cerca de 86% da população, conforme AtaídeÀ SMMA ficará a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento da normaSerão 35 fiscais que vão fazer o trabalho em campo em 1,2 mil supermercadosOs estabelecimentos que não se adequarem serão notificados e multados em R$ 1 milSe houver reincidência, a multa passa para R$ 2 milCaso se repita, o estabelecimento será interditado e o comércio terá o Alvará de Localização e Funcionamento de Atividades cassado

 “As embalagens produzidas com petróleo liberam produtos tóxicos poluentes do solo e cursos d’água e têm tempo de decomposição que pode chegar a até 400 anos”, explica o vereador Arnaldo Godoy (PT), autor do projeto de leiSegundo ele, a ideia de criar a proposta partiu do alto grau de degradação da sacola plástica para o meio ambiente“Elas entopem bueiros, provocando enchentesAumentam a produção de lixo, agravando o problema do tratamento de resíduos na cidade e ainda provocam morte de animais por sufocamento, depois da ingestão”, afirmouSancionada pelo prefeito Fernando Pimentel em 2008, a lei estabeleceu prazo de três anos para o comércio se adaptar à mudança

Apesar da divulgação e da antecipação dos centros de compras em disponibilizar a sacola retornável para venda, a substituição do modelo convencional pelo biodegradável vai depender de uma grande mudança de hábito“As pessoas já estão adquirindo as retornáveis, mas como ainda podem usar as convencionais não se preocupam tantoAs pessoas vão ter que passar por uma mudança de cultura, de comportamento e de hábito muito grande”, explica o diretor comercial da rede de supermercados Verdemar, com cinco unidades na capital.