Estudos que apontem a incidência de câncer entre moradores e a possível contaminação das águas de Caldas, no Sul de Minas, estão entre as medidas anunciadas nessa terça-feira, depois da promoção de audiência pública na Câmara de Vereadores do municípioUma unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), antiga Nuclebrás, está instalada na cidade, onde o armazenamento de produtos com material radioativo é problema antigo enfrentado pela populaçãoMesmo com os incontáveis pedidos de socorro, durante anos pouco foi feito para avaliar os riscos da comunidadeMas, desta vez, reportagens publicadas pelo Estado de Minas impulsionaram o poder público a se manifestar e a tomar providências emergenciais.
Da reunião participaram cerca de 500 moradores e representantes da Assembleia Legislativa, do Ministério Público Estadual, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e órgãos ligados ao meio ambienteForam mais de três horas de debate e, ao fim, foram apresentados requerimentos em busca de uma solução: a criação de um plano de contingência para eventuais acidentes; a definição de uma data para encontro entre uma comissão regional e o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) para definir uma pauta de cobranças ao governo federal; a elaboração de estudo sobre os casos locais de câncer e a análise das águas para determinar se há contaminação radioativa, a cargo da INB, com acompanhamento do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam)
Os requerimentos serão ainda votados pelos deputados “Queremos que Minas se posicione firmemente diante das ações da União”, afirma o promotor José Eduardo de Souza Lima, autor de ação civil pública contra as condições de armazenamento do lixo radioativoEle alega que a Comissão Nacional de Energia Nuclear já questionou a INB sobre o descumprimento das diretrizes operacionais estabelecidas, mas, mesmo assim, as irregularidades persistiram
Em resposta, representantes da INB prometem apresentar estudo da situação do armazenamento do material em Caldas e dizem ter contratado uma empresa de consultoria internacional para avaliar a situaçãoA previsão era que o documento fosse apresentado em setembro, mas o pedido é que seja antecipado“Queremos agilidade na solução do caso”, afirma o deputado estadual Dalmo Ribeiro (PSDB), autor do requerimento para audiência pública, exaltando a colaboração do EM na divulgação do problema.
A Nuclebrás se instalou no município de 13,6 mil habitantes em 1970, para trabalhos de extração e concentração de urânioAs atividades foram desativadas em 1995