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Estado de Minas LIXO NUCLEAR

Poder público faz cerco ao câncer e à radioatividade no Sul de Minas

Audiência pública propõe estudo sobre a incidência da doença e análise de contaminação da água em Caldas


postado em 13/04/2011 06:00 / atualizado em 13/04/2011 06:12

Funcionário da INB faz medição sobre índice radioativo nos galpões da antiga Nuclebrás, instalados em município do Sul de Minas Gerais(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 4/2/11)
Funcionário da INB faz medição sobre índice radioativo nos galpões da antiga Nuclebrás, instalados em município do Sul de Minas Gerais (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 4/2/11)


Estudos que apontem a incidência de câncer entre moradores e a possível contaminação das águas de Caldas, no Sul de Minas, estão entre as medidas anunciadas nessa terça-feira, depois da promoção de audiência pública na Câmara de Vereadores do município. Uma unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), antiga Nuclebrás, está instalada na cidade, onde o armazenamento de produtos com material radioativo é problema antigo enfrentado pela população. Mesmo com os incontáveis pedidos de socorro, durante anos pouco foi feito para avaliar os riscos da comunidade. Mas, desta vez, reportagens publicadas pelo Estado de Minas impulsionaram o poder público a se manifestar e a tomar providências emergenciais.

Da reunião participaram cerca de 500 moradores e representantes da Assembleia Legislativa, do Ministério Público Estadual, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e órgãos ligados ao meio ambiente. Foram mais de três horas de debate e, ao fim, foram apresentados requerimentos em busca de uma solução: a criação de um plano de contingência para eventuais acidentes; a definição de uma data para encontro entre uma comissão regional e o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) para definir uma pauta de cobranças ao governo federal; a elaboração de estudo sobre os casos locais de câncer e a análise das águas para determinar se há contaminação radioativa, a cargo da INB, com acompanhamento do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).

Os requerimentos serão ainda votados pelos deputados “Queremos que Minas se posicione firmemente diante das ações da União”, afirma o promotor José Eduardo de Souza Lima, autor de ação civil pública contra as condições de armazenamento do lixo radioativo. Ele alega que a Comissão Nacional de Energia Nuclear já questionou a INB sobre o descumprimento das diretrizes operacionais estabelecidas, mas, mesmo assim, as irregularidades persistiram.

Em resposta, representantes da INB prometem apresentar estudo da situação do armazenamento do material em Caldas e dizem ter contratado uma empresa de consultoria internacional para avaliar a situação. A previsão era que o documento fosse apresentado em setembro, mas o pedido é que seja antecipado. “Queremos agilidade na solução do caso”, afirma o deputado estadual Dalmo Ribeiro (PSDB), autor do requerimento para audiência pública, exaltando a colaboração do EM na divulgação do problema.

A Nuclebrás se instalou no município de 13,6 mil habitantes em 1970, para trabalhos de extração e concentração de urânio. As atividades foram desativadas em 1995. Por decisão judicial, a empresa terá que tratar todo o passivo ambiental da área, de 1,4 mil hectares. A atenção especial recai sobre a antiga cava da mina, transformada em lago de águas ácidas, e os galpões onde ficam cerca de 40 mil bombonas, tambores e outros recipientes com material radioativo – são aproximadamente 11 mil toneladas de Torta II ou fostato de terras raras com tório e urânio, provenientes, na década 1980, da Usina de Santo Amaro (Usam), em São Paulo. Um dos temores é o da contaminação de lençóis freáticos e das nascentes córregos e ribeirões que atravessam o terreno.


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