Jornal Estado de Minas

Cartel

MP investiga teia de fraudes da Hipolabor

Denúncia de participação do laboratório Hipolabor em cartel para fraudar concorrências pode levar à prisão de outros envolvidos no esquema e incriminar mais empresas do ramo

Ernesto Braga

Denúncia de participação do laboratório Hipolabor em cartel para fraudar concorrências pode levar à prisão de outros envolvidos no esquema e incriminar mais empresas do ramo - Foto: Alex Lanza/Ministerio PÚblico/Divulgação

A investigação da denúncia de formação de cartel por indústrias farmacêuticas, comandado pelo presidente da Hipolabor, Ildeu de Oliveira Magalhães, e seu sócio, Renato Alves da Silva, ainda pode resultar na prisão de outros envolvidos no esquema, segundo o promotor Renato Froes, de Defesa da Ordem Econômica e Tributária do Ministério Público Estadual (MPE)Dois farmacêuticos que trabalham no grupo industrial foram encaminhados à Polícia Civil para averiguações“Investigamos mais seis ou sete empresas do ramo e a participação de sócios do Ildeu em cada umaSão laboratórios e distribuidores de medicamentos de Minas, São Paulo, Goiás e Nordeste do paísOs nomes das empresas são mantidos sob segredo de Justiça”, disse.

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Como a denúncia inclui empresas de fora de Minas, o Ministério da Justiça faz uma investigação paralela à do MPEA secretária de Direito Econômico do ministério, Ana Maria Melo Netto, esteve ontem em Belo Horizonte para acompanhar a Operação PanaceiaSegundo ela, as empresas que fazem parte do cartel criavam estratégias para combinar qual ofereceria o menor preço em licitações públicas, se tornando a vencedora dos pregõesCom a combinação, o valor dos medicamentos era superfaturado em 20%“A comunicação era por meio de e-mails, mensagens de texto e pessoas foram flagradas em ligações feitas no momento das licitações”, disse a secretária.

O promotor Christiano Leonardo Gonzaga Gomes, da comarca de Sabará, que recebeu as primeiras denúncias contra a Hipolabor, afirmou que pessoas que fazem parte do cartel têm grande influência dentro de prefeituras de Minas, São Paulo e Espírito Santo, o que facilita a ação do grupoDe acordo com Renato Froes, foram identificadas fraudes contra licitações abertas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas“Não identificamos envolvimento de servidores públicos no esquema”, disse

Ana Maria Netto ressalta que, se comprovada a fraude, as empresas que compõem o cartel podem ser multadas em 1% a 30% do seu faturamento“As pessoas envolvidas estão sujeitas a prisão de dois a cinco anos e multa de até 50% do valor aplicado às empresas.”