O Ministério Público de Minas Gerais (MPE) deu início nessa quarta-feira aos depoimentos de pessoas ligadas ao empresário Ildeu de Oliveira Magalhães, presidente da indústria de medicamentos Hipolabor Farmacêutica. À tarde, três familiares dele estiveram na sede do MPE, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para prestar esclarecimentos sobre as suspeitas de práticas ilícitas da Hipolabor Farmacêutica e de mais duas empresas do grupo, Sanval e Rhamis. A mulher dele e os filhos são, conforme o MPE, sócios das distribuidoras de medicamentos. As oitivas seguem até segunda-feira. Nesta sexta-feira, às 14h, os três presos da operação Panaceia serão conduzidos ao MPE para também prestarem depoimento.
O teor das informações prestadas pelos familiares não foi informado pelos promotores responsáveis pela apuração. “Vamos analisar os depoimentos, cruzar informações com o material que colhemos durante a investigação para avaliarmos o que poderá ser acrescentado aos fatos”, afirmou a promotora titular da 1ª Promotoria de Justiça de Sabará, Ana Carolina Zambom Pinto. A sede da indústria farmacêutica está situada neste município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. “A investigação é um procedimento criminal conduzido pelo MPE. Se comprovadas as irregularidades, ela pode se tornar uma ação penal que será julgada pelo Judiciário de Sabará”, explicou a promotora.
De acordo com o promotor de Justiça Christiano Leonardo Gonzaga Gomes, também da Comarca de Sabará, outras quatro pessoas vêm sendo investigadas. Ele afirmou ainda que representantes de empresas suspeitas de fazer parte do cartel estão na mira do MP. “Por segredo de Justiça, não podemos revelar a cidade onde essas pessoas residem, mas, se comprovados os indícios de que estão ligadas ao esquema de Ildeu, elas também podem ser presas”, disse Christiano.
Sobre a prisão da farmacêutica Larissa Pereira, terceira a ser detida na operação Panaceia, o promotor informou que não havia mandado expedido contra ela, mas a detenção foi efetuada em flagrante, porque medicamentos sem nota fiscal foram encontrados na Hipolabor sob a responsabilidade dela. “De funcionária, ela passou a ser investigada como integrante do esquema. Estávamos focados apenas nos cabeças do esquema, mas chegamos também à farmacêutica”, afirmou.
Inspeção
Paralelo aos depoimentos, o MPE requisitou à Vigilância Sanitária Estadual (Visa) que uma inspeção fosse feita no depósito da Hipolabor Farmacêutica, na BR–262, no Bairro Aarão Reis, na Região Nordeste da capital. “Emiti hoje (ontem) à Secretaria de Estado da Saúde uma requisição de inspeção no depósito, porque descobrimos, junto à Anvisa, que o espaço funcionava de forma ilegal, sem alvará de localização de funcionamento”, afirmou o Coordenador do Centro de Apoio da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), Rogério Filippetto. Segundo ele, o documento solicitado à empresa não foi apresentado no dia em que os membros que integraram a força-tarefa da operação Panaceia estiveram no local. “Isso configura que o depósito é clandestino, que funciona for a da lei”, sustenta o promotor.