A indústria de medicamentos Hipolabor Farmacêutica, com sede em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi interditada nessa quinta-feira. A suspensão do Alvará de Localização e Funcionamento foi pedida pelo Ministério Público de Minas Gerais três dias após o início da Operação Panaceia, que resultou na prisão do presidente do laboratório, Ildeu de Oliveira Magalhães, e do químico Renato Alves da Silva, acusados de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel para fraude de licitações e adulteração de medicamentos. A farmacêutica Larissa Pereira, ligada a uma das empresas do grupo, também foi detida na operação. Em sua edição de ontem, o Estado de Minas mostrou que, apesar de o escândalo envolvendo a empresa só ter estourado agora, nos últimos dez anos o laboratório teve 16 produtos suspensos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Saúde, além de ter um deles relacionado a pelo menos duas mortes.
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Encontradas irregularidades no depósito da Hipolabor durante vistoriasDepósito da Hipolabor é alvo de inspeção nesta quinta-feiraEm 10 anos, Hipolabor teve 16 medicamentos suspensos Familiares dos donos da Hipolabor estão sob pressãoGolpes da Hipolabor geraram fortuna "estratosférica", diz promotorHospital tenta provar culpa da Hipolabor em mortesDonos da Hipolabor são denunciados por anunciar venda de remédios proibido em siteApós oito dias na cadeia, donos da Hipolabor são soltos pela JustiçaDono e farmacêutico da Hipolabor ficam calados durante depoimento Dono e farmacêutico da Hipolabor chegam na sede da Procuradoria-Geral de JustiçaDono da Hipolabor vai prestar depoimento na terça-feiraDepoimentos do presidente e o quimico da Hipolabor são adiadosVigilância Sanitária suspende venda de medicamentos da HipolaborAlém de várias irregularidades relacionadas aos medicamentos, conforme informado pelo MP, os policiais confirmaram a inexistência de documentação que autorizasse o funcionamento e o depósito de medicamentos no local, fato já constatado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro dia da Operação Panaceia. A falta do documento pode estender o prazo de permanência na prisão dos sócios da empresa. Detidos temporariamente no Ceresp Gameleira – com prazo de cinco dias, que pode ser prorrogado por mais cinco – os dois podem responder por tráfico de drogas, segundo o MP, já que comercializavam medicamentos de forma clandestina.
A autuação por crime de tráfico de drogas, conforme o Coordenador do Centro de Apoio da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), promotor Rogério Filippetto, está prevista no artigo nº 33 da Lei Federal 11.343/2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. Entre outras irregularidades, o texto estabelece como crime, “vender, expor à venda, transportar, ter em depósito ou guardar drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. A pena para esse tipo de contravenção varia de cinco a 15 anos de detenção e pagamento de multa.
“O depósito é clandestino. A inexistência da documentação para funcionamento legal foi comprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na terça-feira, quando foi feita a inspeção no galpão”, afirmou Rogério Filippetto. Segundo ele, “a Vigilância Sanitária Estadual (Visa) sustentava regularidade para funcionamento da fábrica, mas não do depósito”.
Depoimentos
Nessa quinta-feira, a farmacêutica Larissa Pereira, da Sanval, empresa ligada ao grupo Hipolabor, foi ouvida na sede do Ministério Público. Ela foi presa em flagrante por tráfico de drogas, depois que a força-tarefa formada por promotores, policiais civis e militares e representantes da Anvisa, Receita Estadual e Ministério da Justiça encontraram sob sua responsabilidade inúmeros medicamentos sem nota fiscal. Outras farmacêuticas da indústria também prestaram depoimento ontem, na sede do MP. Para hoje, às 14h, está marcada a oitiva do empresário Ildeu Magalhães e do químico Renato Silva.
Entenda o caso
Novembro de 2009
O Ministério Público de Minas Gerais (MPE) dá início a investigação, depois de denúncias de adulteração em medicamentos da indústria Hipolabor Farmacêutica. Conforme revelou ontem o Estado de Minas, desde 2001 a empresa teve 16 medicamentos de sua linha de produção suspensos pela Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Saúde. Um deles teria provocado pelo menos duas mortes
12 de abril
Força-tarefa formada pelo Ministério Público de Minas Gerais, Receita Estadual, Ministério da Justiça, polícias Civil e Militar e Anvisa deflagra a Operação Panaceia. São presos o presidente do laboratório, Ildeu de Oliveira Magalhães, e o químico Renato Alves da Silva. Eles respondem por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel para fraudar licitações e adulteração de medicamentos. A farmacêutica Larissa Pereira também é presa em flagrante e responderá por tráfico de drogas, já que é apontada como responsável por vários medicamentos encontrados sem nota fiscal
13 de abril
A mulher e os dois filhos de Ildeu Magalhães prestam depoimento na sede do Ministério Público, no Bairro Santo Agostinho. O MP pede à Vigilância Sanitária Estadual para fazer inspeção no depósito do laboratório Hipolabor, no Bairro Eymard, na Região Nordeste de BH
14 de abril
A força-tarefa faz inspeção no depósito da empresa e constata várias irregularidades. Além de não apresentar Alvará de Localização e Funcionamento, vários medicamentos apresentam problemas. A farmacêutica Larissa Pereira é ouvida no Ministério Público. Além dela, pelo menos outros três funcionários prestam esclarecimentos aos promotores. A Hipolabor Farmacêutica é interditada a pedido do MP