Jornal Estado de Minas

Vigilância Sanitária suspende venda de medicamentos da Hipolabor

Segundo o Ministério Público, caso seja detectada alguma irregularidade, a empresa e o depósito poderão ser fechados definitivamente

Cristiane Silva Valquiria Lopes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai continuar as investigações a respeito das irregularidades na indústria farmacêutica Hipolabor, com sede em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte
A Anvisa vai suspender de forma cautelar o uso e a venda de todos os produtos da indústria por 90 diasQuem faz uso de algum medicamento da empresa deve procurar um médico para orientação sobre troca do remédioO depósito da empresa foi interditado na quinta-feira depois da inspeção feita Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Saúde e AnvisaFoi constatado que o depósito não tinha alvará de funcionamento e nem a licença especial concedida pela agência

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, a Anvisa informou que o depósito ficará fechado por três mesesDurante esse período, a Vigilância Sanitária irá avaliar todos os medicamentos armazenados no localO laboratório e o galpão da Hipolabor podem ser fechados definitivamenteNa terça-feira, durante a Operação Panacéia, encabeçada pelo Ministério Público de Minas Gerais, os sócios da empresa foram presos acusados de adulteração e falsificação de medicamentosSegundo o Ministério Público de Minas Gerais, eles também poderão responder por tráfico de drogas, já que comercializavam medicamentos de forma clandestinaCom essa nova autuação os empresários Ildeu Magalhães e Renato Alves da Silva vão permanecer presos mesmo com o vencimento da prisão temporária pela qual estão detidos desde terça-feira


A empresa também é alvo investigações sobre sonegação fiscal, transporte de mercadorias sem nota fiscal, compra de insumos no mercado interno e externo sem documentação fiscal e subfaturamento de preços para exportaçãoEm 10 anos, a Hipolabor teve 16 medicamentos suspensos AnvisaMesmo assim, apesar de investigado por duas mortes, o laboratório continuou operando com todas as autorizações estaduais e federaisA Hipolabor funcionava há 26 anos com todas as autorizações sanitárias e movimentava a média anual de R$ 300 milhões

Demora na interdição

O Ministério Público de Minas Gerais alegou que antes da Operação Panaceia foi solicitado à Anvisa e a Secretaria de Saúde o envio de técnicos para avaliar a irregularidades na HipolaborOs profissionais estiveram na empresa e constataram que o depósito não tinha autorização de funcionamento e nem permissão para armazenar medicamentosMesmo assim, a agência não interditou a empresa O MP acha que houve omissão na fiscalizaçãoA secretaria nega que tenha havido omissão e afirma que só foi acionada na quarta-feira a tarde.