Grande parte desse calhamaço de leis certamente passa em branco na vida da população, outra parcela é conhecida mas ignorada e um pequeno número cumprido à riscaPisar em cocô de cachorro na rua desperta ódio em qualquer mortal, ainda mais ao saber que, além de ato de cidadania, recolher as fezes do animal é lei que não decolou na capital mineiraOs donos de cães em BH figuram também entre os que ignoram a norma que obriga o uso de focinheiras e coleiras pelos bichos de estimação, como é possível comprovar num passeio em pistas de cooper e parques da cidadeAs letras da lei também ainda não foram capazes de equilibrar o conflito entre barulho e sossego em BH.
Resta saber agora em qual time a proibição das sacolas plásticas vai entrar
Divergências
Se depender do aposentado Vander Cruz, de 65 anos, as sacolas plásticas não terão mais vezHá cerca de três meses ele adotou e aprovou o modelo ecológico, de pano“É melhor, porque evita que carreguemos muitas sacolas”, diz, durante compras no sacolão, no Bairro Nova Floresta, na Região Nordeste da capitalO gerente do estabelecimento, Eli Fernandes, também está preparado para as mudanças“A partir de segunda vamos ter bacias para pesar as frutas, como era feito antigamente”, contaO advogado Alcides Teixeira, de 66, vê problemas na nova norma
Para o presidente do Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos, que batalha pelo descarte responsável do produto, Miguel Bahiense, do ponto de vista ambiental a lei já nasce fadada ao fracasso“Estudo inglês mostra que, na produção de sacolas de plástico comum é produzido menos gás carbônico do que na de alternativasPesquisa Ibope mostra que 75% dos consumidores preferem a sacola convencional e 100% deles a usam para acondicionar o lixoA questão é garantir a qualidade das sacolas de plásticos e educar o consumidor a usar apenas o necessário”, afirma Bahiense“Acredito que uma lei sai do papel quando tem embasamento técnico para isso e, nesse caso, a lei de BH não faz o menor sentido.”
A partir desta segunda-feira, consumidores na capital mineira deverão buscar soluções alternativas para carregar comprasCarrinhos, sacolas de pano, TNT, sisal e caixas são algumas das opçõesEsquecidos podem recorrer às sacolas biodegradáveis, ao valor de R$ 0,19 cadaFeita à base de amido, ela se decompõe em 180 dias, enquanto o modelo convencional demora 400 anosA lei das sacolas plásticas foi sancionada em 2008 pelo prefeito Fernando Pimental e é originária de projeto do vereador Arnaldo Godoy (PT).
Respeitadas
Lei Antifumo (nº 12.903)
Proíbe fumo em ambientes fechados de uso coletivo, públicos e privados em Minas Gerais
Lei da Merenda Saudável (nº 15.072)
Proíbe o fornecimento e comercialização de produtos e preparações com alto teor de caloria, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal ou com poucos nutrientes
Lei do Faixa Azul (nº9.372)
Altera a folha do Estacionamento Rotativo e permite segundo uso por período de 30 minutos adicionais
Desrespeitadas
Lei das focinheiras e correntes (nº 8.198)
Obriga o uso de focinheiras e correntes pelos cães que circulam com os donos nas ruas e praças de Belo Horizonte
Lei da fila de banco (nº7.617)
Determina o prazo máximo de 15 minutos para o atendimento de clientes em filas de bancos situados na capital
Lei do Silêncio (nº 9.505)
Dispõe sobre o controle de ruídos em BH e proíbe, por exemplo, sons que causem perturbação ao sossego ou ao bem-estar públicos
Lei das fezes de cães*
Obriga condutores de animais, em BH, a recolher fezes depositadas em local públicoO recolhimento deve ser feito com saco de lixo e o material deve ser jogado na lixeira
Lei do Cardápio em Braile*
Obriga hotéis, restaurantes, lanchonetes, bares e similares a fornecer cardápio em Braile a cegos em BH
Lei do lixo e panfleto*
Proíbe jogar lixo e a distribuição de panfletos nas ruas e avenidas da capital
*Essas regras estão contidas no Código de Posturas (nº9.845)