O fechamento da ponte sobre o Rio das Velhas, na BR-381, em Sabará, provocou transtornos nas BR-040, até a altura do trevo para Ouro Preto, e na 356, que dá acesso a essa cidade e seria alternativa a quem viaja para o Vale do Aço, Leste mineiro e Espírito Santo. O prejuízo maior ficou com os caminhoneiros, proibidos de circular na 356 entre as 7h e as 15h dessa quinta-feira, por causa das solenidades do 21 de Abril. A falta de sinalização e avisos irritou ainda mais os motoristas de carga pesada.
Um comboio de cinco caminhões estava parado, às 6h, na margem da rodovia. Nenhum dos condutores, que àquela hora preparavam o café da manhã, sabia do veto. Por já estarem na BR, acreditavam que seguiriam viagem normalmente. Horas depois, os cinco, poucos quilômetros à frente, se organizavam para comprar mantimentos para o almoço. “Há 20 anos passo por essas estradas de Minas. A única coisa que melhorou desde então foram os caminhões”, ironizou o mais velho deles, José da Graça Alves, de 61 anos. O comboio tinha como destino Ipatinga, no Vale do Aço.
Com a ponte do Rio da Velhas fechada, veículos de carga que passariam pela BR-381 ficaram obrigados a rumar para a BR-040, sentido Rio de Janeiro, para então pegar a BR-356, em direção a Ouro Preto/Mariana, na Região Central, uma volta que acrescenta cerca de 80 quilômetros ao percurso original, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv).
Sem alerta
Em menos de uma hora de operação, duas dezenas de caminhões já estavam estacionados nas vias marginais do km 29. Às 11h, aproximadamente 70 deles aguardavam em postos de combustíveis e acostamentos ao longo da BR-356, no trecho até Ouro Preto, parados por um dos seis bloqueios armados pelos patrulheiros. Numa medição feita pela reportagem do Estado de Minas entre as 8h40 e as 9h10, em média, a cada dois minutos, um veículo de carga entrava na rodovia sem saber da suspensão do tráfego. À reportagem, caminhoneiros entrevistados disseram não ter conhecimento da proibição, apenas do desvio. A passagem era permitida somente em casos excepcionais, como um de transporte de oxigênio para hospitais, e a caminhões a serviço das minerados instaladas no percurso.
Além dos caminhões, o desvio por Ouro Preto foi a opção escolhida por muitos motoristas de carros que normalmente seguiriam pela BR-381. A sobrecarga foi sentida na BR-040, principalmente entre o Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, e o trevo que dá acesso à rota alternativa. Apesar de não apresentar paralisação, os carros andavam em velocidade reduzida. Para piorar a situação, batidas leves agravaram a lentidão, o que afetou quem tinha como destino cidades do litoral fluminense. Na BR-356, em Cachoeira do Campo, a 18 quilômetros de Outro Preto, automóveis formaram uma fila de 10 quilômetros devido aos quebra-molas e ao estreitamento de pista com as carretas estacionadas.
Segundo a PMRv, durante a manhã foi registrada apenas uma batida leve entre dois carros na BR-356. De acordo com o major Aguinaldo Barros, por se tratar de plano emergencial, não houve tempo hábil para instalar a sinalização informando os motoristas sobre a restrição ao tráfego de caminhões, que vigoraria só na quinta-feira.